O beijo de Melissa (2/2)

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- Valeu! Agora sim eu me sinto mais confiante. Conclui que a Marcela era a ovelha negra da família, a Melissa era tão comportada, e os pais dela pareciam muito sérios. Marcela fugia à regra, me contava confusões da escola e tinha opiniões mais radicais.

A família era de Porto Alegre. Tanto Marcela quanto Melissa eram muito bonitas, mas a Marcela chamava mais a atenção. Seus traços eram mais contrastantes, e os olhos dela pareciam pedras de safira. Acabamos falando de relacionamentos de novo, mas dessa vez ela fez algumas perguntas estranhas. Não dei importância por já ter percebido que a Marcela tinha um jeito bem mais descontraído de ser.

- E os garotos da sua escola? Ficam muito em cima de você? - perguntei.

- De mim e de todo o mundo. Vocês não prestam.

- Eu presto - me senti atingido.

- Você é uma rara exceção. - concordou Marcela, provocando ligeira surpresa.

- Ah! Então você concorda que sou um cara decente?

- Até que você me prove o contrário, sim. Ou você ach a que eu deixaria qualquer um usar meu travesseiro? - falou apontando para o travesseiro no qual eu apoiava as costas.

- Ninguém mandou trazer seu travesseiro para a sala, agora é meu.

- Até parece, me dá ele aqui que eu quero deitar.

- Não - desafiei.

- Me dá.

- Perdeu - continuei em tom de desafio.

Ela me encarou por um momento, estreitou os olhos e de supetão tentou tirar à força o travesseiro, quase pulando em cima de mim.

- Tá bom, tá bom. Eu te dou o travesseiro - não reagi e entreguei o travesseiro para ela. A última coisa que eu queria era que a Melissa entrasse e me visse abraçado com a irmã dela de pijamas. - Você ataca os meninos da sua escola também?

- Não.

- Eles que atacam você então?

- Ninguém ataca ninguém - respondeu, me fazendo rir.

- Fala sério. Os meninos devem cair matando em cima de você

- E por que você acha isso?

- Eu sei que você sabe a resposta, e tá falando isso só para me ouvir dizer, né?

- Se você for falar que é porque eu tenho olhos azuis, bunda e peito, e melhor não sair nada da sua boca mesmo.

Não consegui não rir, era a primeira menina que falou comigo como se ela fosse outro garoto. Ela dizia as coisas sem timidez e sem ser vulgar, era até engraçado. Depois do espaço para a risada, continuei.

- Eu não usaria essas palavras, mas é por aí.

- E que palavras você usaria?

- Eu falaria que é porque você é uma garota muito bonita.

- Só isso? Credo.

- O que foi?

- Você não é uma pessoa de muitas palavras. "Garota muito bonita?" Que coisa de gay - respondeu, me causando risos de novo.

- Decepcionada? Achou que eu te colocaria em um altar?

- Você que devia ficar decepcionado consigo mesmo, esse é o melhor que pode fazer? Você não é muito bom com as palavras não é? Melhor praticar um pouco mais se quiser conquistar a minha irmã.

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⏰ Última atualização: Nov 16, 2015 ⏰

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