Nós nos Conhecendo

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Eu não via hora de tomar meu café e sair correndo para buscar meu amigo que mora perto da minha casa, ele é meu vizinho.
Precisávamos conversar muito, comecei a me apegar nele, desde que minha mãezinha foi - se deste mundo e espero que para um bom lugar porque ela merece, e meu pai já havia falecido quando eu tinha quinze anos, me sinto um pouco só, embora até esteja acostumada.
Sempre fui uma jovem um pouco acanhada, mas a partir do dia que Lúcio veio morar aqui perto, eu comecei a ficar mais extrovertida por causa do jeito amalucado dele se expressar, passei a ser mais sorridente, mais feliz.
Existem pessoas que têm o dom de tirar da gente aquilo que nós temos de pior, a pessoa chega, começa a reclamar, falar dos outros coisas chatas a respeito deles e acaba contaminando a gente, você sem querer põe pra fora coisas ruins que nem sabia que existem em você, tem gente que consegue isso pelas vibrações de sombras que cria.
Lúcio não, ele é leve, tem um astral iluminado, faz ao contrário do que eu disse, desperta nas pessoas o melhor delas, em vez de reclamar, ele elogia a vida, a natureza, sempre procura buscar o que todos têm de melhor, fazendo com que você se torne melhor.
Ele mora com os pais e trabalha em uma indústria perto de onde eu trabalho, que é numa loja de roupas.
Meus pais deixaram a casa pra mim por eu ser filha única, a vantagem é que a casa já está mobiliada, tem tudo que eu preciso pra viver em paz, mas sozinha é complicado...
Os pais de Lúcio são pessoas calmas, boas, a mãe é muito doce, fala baixinho, é uma mulher bonita, ele tem uma irmã da minha idade que está estudando fora, agora o pai...
O pai de Lúcio é um homem bom mas muito carrancudo, sério, tipo machão, quer as coisas do jeito dele, trabalha fazendo instalações para empresas, queria que o filho trabalhasse com ele, isso me deixa um tanto apreensiva, pois se as minhas leves suspeitas se confirmarem, o pai mata ele, ah, com certeza mata mesmo.
Cheguei na casa dele, chamei e a mãe Joyce mandou que eu entrasse, como eu já estava acostumada, cumprimentei à mãe e fui entrando pela casa afora e achei Lúcio arrumando o topete, vaidosamente penteando - se e num perfume delicioso.
-Oi, você não está atrasado?
-Até que não, acho que é você que está adiantada, o que houve?
Caiu da cama?
-Não, eu preciso falar com você, um assunto sério.
-Então pode começar, é conselho sentimental?
-Claro que não é, você deve imaginar, não?
-Olha amiga, vamos andando e você vai me falando...
Deu pra perceber que ele sabia e estava evitando a conversa, já dá pra imaginar né?

Ele é Menino ou Menina?Onde histórias criam vida. Descubra agora