Ele é Menino ou Menina?

Respeito é a Base do Amor

O dia amanheceu nublado, acordei com muita preguiça, sabia que tinha que trabalhar mas resolvi pensar um pouco na cama antes de levantar, morar só nem sempre é legal, mas tem suas vantagens.
Pra variar o primeiro pensamento foi para Lúcio, fiquei pensando se havia virado alguma coisa, estava até com as mãos coçando pra ligar para ele, mas resisti porque ainda era muito cedo.
Por conta disso, perdi o sono e comecei a pensar nos problemas que ele teria que enfrentar. Fiquei analisando em primeiro lugar o pai dele, tenho certeza que se souber vai sair por aí querendo matar meio mundo, como eu o conheço já faz algum tempo, fiquei achando que ele é desse jeito, assim de querer as coisas do jeito dele, porque não sabe como lidar com a vida e nem com as pessoas, é uma pessoa amarga, orgulhosa que acha que sabe tudo.
Acontece que quando estamos irados, não percebemos que na maior parte das vezes as pessoas são o que são por causa da ignorância, ignorância como muita gente acha, não é um xingamento mas significa que a pessoa não entende aquela situação porque não teve orientação ou lição nenhuma sobre o assunto, sendo assim ela fica revoltada e reage agressivamente.
O telefone tocou enquanto eu colocava os pingos nos iis, levantei correndo...
Alô, já sei que é você Lúcio, descobri porque teu pai é bravo.
-Que isso perua, ficou maluca?
Eu nem tô pensando no meu pai hoje, você tá cada vez mais vidente heim?
Vou abrir uma tenda pra você e ficar rico às tuas custas, kkkk.
-Por que vidente?
Oras, você sempre adivinha tudo antes d'eu falar, kkk.
-Seu chato, isso não é adivinhar, são coisas óbvias, é só você prestar atenção, que não precisa adivinhar né?
Então me conta, rolou?
-Nossa, eu não sou desses, quando era mais novinho fiz coisas que hoje me arrependo e me envergonho. Na ânsia de achar que tinha que me afirmar e pra mostrar pros menininhos que eu era mesmo gay, cheguei a dar até dinheiro pra alguns, ai como é bom ter você pra desabafar, morro de vergonha e nojo dessas coisas, pois quando minha mãe começou a achar que eu estava esquisito, começou a me levar no centro espírita e sabe que me ajudou muito.
-Não creio, você no centro espírita?
-Sim, menina, sabe que eu adoro, de vez em quando eu vou, minha mãe achava que tinha algum espírito me atormentando, é claro que ela não sabia o que estava acontecendo comigo, é que eu fiquei mesmo jururu por causa de tudo isso. Sabe Clarissa, embora pra mim tudo isso seja uma coisa normal, para as outras pessoas não é, elas não entendem que amar as pessoas do mesmo sexo não faz da gente outra pessoa, é aquele negócio de se sentir uma coisa e não de ser uma coisa, ah, não sei explicar.
-Eu entendo Lúcio, você quer dizer que quando a gente ama alguém, se a gente é ou ama homem ou mulher, nós continuamos sendo nós mesmos lá dentro da gente né?
-Sim, exatamente isso.
-Mas Lúcio, voce sabe o que pega?

As pessoas acham que o problema é transar com a pessoa do mesmo sexo, elas têm preconceito na verdade é com a opção sexual. Acho que é por causa da nossa cultura, os governantes que tivemos queriam que as pessoas fossem ignorantes e conseguiram, conseguiram pessoas homofóbicas e violentas demais por causa de não terem aprendido a abrir a mente, a pensar, isso é terrível, mesmo porque como as pessoas agem na intimidade é problema delas, pra ser depravado, violento, tarado, etc, não precisa ser gay, que absurdo tudo isso, me perdoe se falei besteira.
-Não minha vidente preferida, você falou exatamente tudo que eu sinto...
Depois de tanto apanhar, estou aprendendo que quem impõe o respeito na vida da gente, é a gente mesmo.