Nem Todos Têm uma Religião

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Pensei muito em tudo que Lúcio me contou e perguntei:
-Amigo, você gostou do espiritismo mas tem gente que tem até medo disso tudo, os homossexuais têm alguma preferência por religião?
-Claro que não Clarissa, longe de mim se quis dizer isso, nós já sofremos tanta pressão e preconceito por causa da nossa opção, você acha que eu ia forçar a barra por causa de uma religião?
-Eu achei muito legal tudo que você disse do centro espírita, até gostaria de conhecer mas na minha opinião pessoal, nós vemos
todos os dias que as religiões só causam conflitos, brigas, discussões e muitas abominam o homossexualismo.
-Sim, com certeza isso acontece, eu fui lá porque minha mãe quase me obrigou e eu me entusiasmei porque me aceitaram como sou, pelo menos a orientadora, mas concordo com você que religião não tem nada a ver, acredito num Deus de justiça que nem sempre consegue alcançar a consciência dos humanos, acredito que nós nascemos neste planeta porque aqui temos alguma coisa que devemos aprender por nossa própria conta, nosso próprio caminho.
Acho na realidade amiga, que muitas vezes a religião impede que a gente faça progressos mais rápido, pois ficamos presos nos hábitos, rituais, costumes e manias destas religiões.
-Concordo Lúcio, porque com certeza você, a tua opção, nos mostra que nem todas as pessoas gostam das mesmas coisas, isso, para quem é inteligente já é um indício de que o que está errado é o que está na cabeça das pessoas, por isso é que aparecem os preconceitos, e acabam colocando Deus no meio disso tudo.
Mas agora me conta, como foi lá com o Mateus, o garoto da praça?
Notei que ele ficou muito vermelho, ainda não tinha muita intimidade comigo para falar dos relacionamentos em situações mais íntimas...
-Ahh, Clarissa, as coisas têm que começar devagar, bem que rolou alguma coisa...mas estávamos na rua, um lugar meio escuro, mas não muito, o horário não estava ajudando muito, ainda não havia escurecido de vez, fiquei com medo de alguém presenciar uma intimidade entre nós e acontecer o que tem acontecido constantemente com as pessoas como nós, tem havido muito espancamento e até morte por causa disso, as pessoas não podem nem pensar nisso e neste caso acaba que nós é que temos que ter muita paciência para ir desbravando esse caminho. Sabe, é como aconteceu com os negros, que já conquistaram o seu lugar ao sol, como aconteceu com as mulheres, que também tiveram que lutar muito para conquistar seu espaço, tanto que até na presidência do nosso país elas chegaram.
-Certo, mas sempre ficarão alguns perversos na multidão que tentarão ainda fazer guerra, incitar a maldade e impor as próprias idéias.
-Então, é por isso que nós não insistimos em nenhum tipo de intimidade, pensa num desastre...
Não contei pra você por mais que a gente converse, a cena que eu presenciei num restaurante há um tempo atrás.
-Conta logo, conta, por favor.
-Não tenha pressa porque não foi nada engraçado.
Eu estava num restaurante lá no centro da cidade com minha mãe, almoçando, nós aproveitamos para relaxar um pouco porque a gente foi fazer compras no supermercado, ficamos muito em pé e nos cansamos.
Estávamos conversando com o garçom quando entrou um casal com duas meninas, uma tinha uns oito anos mais ou menos e a outra tinha uns doze, parecia quase uma adolescente já, bem, eles entraram, sentaram - se e chamaram um garçom também.
Eu e minha mãe já estávamos almoçando, quando o marido da mulher, que chegaram com as meninas, começou a berrar que queria falar com o gerente. Nós e todo mundo que lá se encontravam, olhamos assustados...
E depois, e depois, conta, por que?

Ele é Menino ou Menina?Onde histórias criam vida. Descubra agora