Foi ideia da namorada do Rube fazer os picolés de cerveja, não minha.Vamos começar por aí.Foi um acaso ter sido eu quem saiu perdendo por causa disso.Sabe, sempre achei que mais cedo ou mais tarde eu ia crescer, mas isso ainda nãotinha acontecido. Simplesmente era assim.
Para ser sincero, eu me perguntava se algum dia chegaria a hora de Cameron Wolfe(esse sou eu) se dar bem. Imaginara um eu diferente. Era diferente porque, naquelesmomentos, eu achava que realmente me tornaria um vencedor.
A verdade, porém, era dolorosa.
Era uma verdade que me dizia, com uma brutalidade interna contundente, que eu eraeu e que vencer não vinha naturalmente para mim. Era algo pelo qual tinha que lutar,nos ecos e nas pegadas trilhadas da minha mente. De certo modo, eu tinha que garimpar esses momentos de satisfação.
Eu me masturbava.
Um pouquinho.
Certo.
Certo.
Muito.
(Já me disseram que não se deve admitir esse tipo de coisa muito cedo, porque aspessoas podem se ofender. Bem, tudo que posso dizer é: por que diabos não? Por quenão dizer a verdade? Caso contrário, isso tudo não tem sentido, tem?
Tem?)
Eu queria apenas ser tocado por uma garota, um dia. Queria que ela não me olhassecomo se eu fosse um perdedor imundo, rasgado, meio risonho e meio carrancudo quetentava impressioná-la.
Os dedos dela.
Na minha cabeça, eles eram sempre suaves, descendo pelo peito até minha barriga. Asunhas correriam por minhas pernas, bem de leve, enchendo minha pele de arrepios. Eusempre imaginava isso, mas me recusava a crer que fosse pura questão de tesão. E possodizer isso porque, nos meus devaneios, as mãos da garota paravam sempre no meucoração. Todas as vezes. Eu dizia a mim mesmo que era ali que queria que ela metocasse.
Havia sexo, é claro.
Nudez.
Sempre presente, entrando e saindo dos meus pensamentos.
Mas, quando acabava, era pela voz murmurante dela que eu ansiava, e por um serhumano enroscado em meus braços. Só que, para mim, não era apenas uma porção derealidade. Eu estava engolindo visões e me espojando em minha própria mente, com asensação de que poderia me afogar, satisfeito, dentro de uma mulher.
Nossa, como eu queria isso.
Queria me afogar dentro de uma mulher, no sentimento e no enlevo do amor quepoderia lhe dar. Queria que a intensidade da pulsação dela me esmagasse. Era isso queeu queria. Era isso que eu queria ser.
Mas.
Não era.
As únicas provinhas que eu conseguia eram uma olhadela aqui e outra ali, e minhasesperanças e visões dispersas.
Os picolés de cerveja.
É claro.
Eu sabia que estava esquecendo alguma coisa.
Tinha sido um dia quente para o inverno, embora o vento continuasse frio. O solestava quente e meio pulsante.
Estávamos sentados no quintal, ouvindo o programa das tardes de domingo sobrefutebol americano e, com toda a franqueza, eu olhava para as pernas, os quadris, o rostoe os seios da namorada mais recente do meu irmão.
O irmão em questão é o Rube (Ruben Wolfe) e, no inverno de que estou falando, eleparecia ter uma nova namorada a cada poucas semanas. Às vezes eu os ouvia, quandoestavam no nosso quarto - um chamado ou grito, um gemido ou até um sussurro deêxtase. Eu tinha gostado da última namorada dele desde o começo, lembro bem. O nomedela era bonito: Octavia. Era artista de rua, além de simpática, comparada a algumas dasvadiazinhas que o Rube havia levado para casa.
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A garota que eu quero
Teen FictionCameron Wolfe é o caçula de três irmãos e o mais quieto da família. Não é nada parecido com Steve, o irmão mais velho e astro do futebol, nem com Rube, o do meio, cheio de charme e coragem e que a casa semana está com uma garota nova. Cameron daria...