2

307 7 2
                                    



Meu irmão mais velho, Steven Wolfe, é o que se chamaria de um cara durão. 

É bem sucedido. É inteligente. É determinado.


O negócio é que nada jamais detém o Steve. Isso não está apenas dentro dele. Está

sobre ele, em volta dele. É algo que a gente pode farejar, sentir. A voz dele é forte e

calculada, e tudo nele diz: "Você não vai me atrapalhar." Quando conversa com as

pessoas, ele é bastante amável, mas, no minuto em que tentam levar vantagem sobre ele,

pode esquecer. Se alguém lhe passar a perna, você pode apostar a sua casa que meu irmão

vai aprontar em dobro com o sujeito. Steve nunca esquece.

Já eu, por outro lado.

Não me pareço muito com Steve nesse ponto.

Eu meio que perambulo muito por aí.

É o que faço.

Pessoalmente, acho que isso vem do fato de eu não ter muitos amigos, ou, na verdade,

amigo nenhum, pensando bem.

Houve uma época em que eu realmente ansiava por fazer parte de um grupo de

amigos. Queria uma turma de caras pelos quais me sentisse disposto a derramar meu

sangue. Nunca aconteceu. Quando eu era mais novo, tive um amigo chamado Greg, que

era legal. Na verdade, fizemos uma porção de coisas juntos. Depois nos afastamos. Isso

vive acontecendo com as pessoas, acho. Não é nada especial. De certo modo, faço parte

do grupo dos Wolfe, e isso basta. Sei, sem a menor dúvida, que derramaria sangue por

qualquer um da minha família.

Em qualquer lugar.

A qualquer hora.

Meu melhor amigo é Rube.

Já Steve, por outro lado, tem muitos amigos, mas não derramaria sangue por nenhum

deles, porque não confia que fariam o mesmo por ele. Nesse sentido, ele é tão sozinho

quanto eu.

Ele é sozinho.

Eu sou sozinho.

Só que, por acaso, há pessoas em volta dele, só isso. (Pessoas no sentido de amigos, é

claro.)

Mas, enfim, a razão por que estou lhe dizendo tudo isso é que, às vezes, quando saio

perambulando à noite, vou até o apartamento do Steve, que fica a cerca de um quilômetro

lá de casa. Em geral, é quando não aguento ficar em frente à casa daquela garota, quando

a dor disso dói demais.

O Steve mora em um lugar legal, no segundo andar, e tem uma garota que também

mora lá. Muitas vezes, no entanto, ela não está em casa, porque faz várias viagens de

negócios e coisas assim por conta da empresa em que trabalha. Sempre achei que ela era

bem legal, acho, já que me aguentava quando eu visitava Steve e ela estava em casa. Seu

A garota que eu queroOnde histórias criam vida. Descubra agora