Capítulo 17: Confissões

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Amor.

Não houve correria, não houve gritaria. Bella sentou-se perto, seus olhos grudados em minha pele iridescente. Eu estava tão aterrorizado com sua reação comigo, como eu realmente era - sem a máscara. E isso deixava minha carne inumana. Ainda assim, ela apenas sentou me admirando, silenciosa, como um pássaro descansando nas primeiras horas da manhã, antes que o dourado do nascer do sol houvesse se revelado.

O limpo e quente ar deslizava à nossa volta enquanto eu deitava na grama. Tudo estava calmo, a paz era intoxicante. Eu estava apaixonado. Fechei meus olhos e cantei em júbilo.

"Por que seus lábios estão tremendo assim?" Ela sussurrou timidamente.

"Estou cantando para mim mesmo, deve ser muito baixo para seus ouvidos, " eu respondi com o mesmo sussurro.

De vez em quando o ar úmido rodopiava, movendo seu cabelo, mandando seu cheiro em minha direção. Mas na aberta clareira, o cheiro era vago, como um perfume que havia sido passado dias atrás, e eu estava sentindo os últimos restos do aroma. Ele se misturava agradavelmente com as flores próximas e a grama selvagem.

Então eu ouvi seus movimentos, lentos e hesitantes. Um de seus delicados dedos chegaram e deslizaram nas costas de minha mão. Abri meus olhos e observei, me maravilhando com sua falta de medo. Eu sorri.

"Eu não assusto você?" perguntei brincalhão, embora a curiosidade queimava em minha mente.

"Não mais do que de costume, " foi sua resposta sincera. Abri ainda mais meu sorriso.

Ela se aproximou mais um pouco e traçou meu antebraço com todos os cinco dedos. Eles tremeram levemente mas então seu toque se tornou mais confiante. Suavemente, ela levou seus dedos para meu bíceps. Eu nunca havia sido tocado tão gentilmente assim antes, com tanta doçura. Fechei meus olhos em prazer.

"Você se importa?" ela perguntou.

"Não, " eu disse sem abrir meus olhos. "Você não pode imaginar como isso se sente. " Eu suspirei, contente.

Seu toque dançou sobre os músculos de meu braço e mergulhou no vinco do meu cotovelo. Abri meus olhos. Eu a vi se esticando para virar a minha mão. Sem pensar, virei minha palma para cima. Seus dedos congelaram em meu braço, paralizados. Então eu percebi, o movimento havia sido muito rápido para ela.

"Desculpe, " eu murmurei enquanto fechava meus olhos novamente. "É muito fácil ser eu mesmo com você. " Fácil demais, o que era grande parte do problema. Foi muito fácil simplesmente chegar e tomâ-la, a chamar de minha.

Ela levantou minha mão, a virando de um lado para outro. Eu podia sentir seu calor enquanto ela segurava minha mão próxima de seu rosto. O que ela via quando inspecionava minha pele alienígena? Quais eram os pensamentos correndo por sua mente? Eu tinha que saber.

"Diga o que você está pensando, " eu sussurrei, abrindo meus olhos. Eu a observei intensamente. "Ainda é tão estranho para mim, não saber. "

"Sabe de uma coisa, o resto de nós nos sentimos assim o tempo todo, " ela comentou.

"É uma vida difícil. " A fragilidade da humanidade pode ser um fardo tal como a imortalidade. "Mas você não me contou. "

"Eu que queria poder saber o que você está pensando... " ela hesitou.

"E?"

"Eu queria poder acreditar que você é real. E estava desejando que eu não estivesse com medo. "

"Não quero que você sinta medo, " murmurei suavemente. Eu desejava que pudesse confortá-la, dizer à ela que não havia nada do que ter medo, mas eu não podia.

Eternamente DouradoOnde histórias criam vida. Descubra agora