Capítulo 1

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Eu nunca quis sumir, nunca chorei de raiva, nunca me senti rejeitada, nunca me senti excluída, eu tive uma vida do que muitas pessoas podem chamar de perfeita. Tirando o fato de não ter o meu pai por perto, mas acho que isso parou de fazer falta quando percebi que a minha mãe era suficiente. Tenho um namorado maravilhoso e amigas que são simplesmente, incríveis. Seria realmente uma pena se... tudo isso acabasse em um piscar de olhos. Se tudo passasse na minha frente como um grande erro me dizendo o quanto fui burra todo esse tempo. Como foi tudo um teatro. E como eu estrelei como a personagem principal sem nem mesmo ter consciência disso.

-Alo? –disse atendendo o telefone ainda com os olhos fechados.

-Eu consegui quatro convites pra festa da Flávia! ME AME!- Carol disse com a voz um pouco rouca, como se tivesse acordado a pouco tempo também.

- O QUE?- eu disse me sentando imediatamente e abrindo os olhos, encarando a luz que vinha da janela, que eu provavelmente tinha eu esquecido de fechar na noite anterior.

-O Bruno, irmão da Flávia estuda na nossa sala acredita?- disse ela me contando empolgada.

-É Carol... Desde a sexta serie. –eu disse como se fosse algo óbvio

-Tá, isso não vem ao caso, mas eu descobri isso ontem e fiz uma troca com ele.

-Que troca?- perguntei já sabendo que tipo de resposta me aguardava.

-Vou ter que falar pra uns amigos dele que eu transei com ele, mas foda-se! Nós vamos na festa da Flávia!- ela respondeu naturalmente, como se não tivesse nada de errado em dizer pra pessoas que você transou com o maior idiota da escola.

-Carol, você é louca?- eu disse segurando o riso.

-Olha, todos já me acham uma vadia de qualquer jeito. Isso não vai mudar nada! E sabe quem vai na festa? ADIVINHA QUEM VAI NA FESTA!- ela disse aumentando o tom de voz cada vez mais, me fazendo desencostar o telefone da orelha devido aos gritos dela.

-O Paulo?-disse saindo do meu quarto, descendo as escadas para ir até a cozinha.

-O PAULO!- ela berrou novamente me fazendo arrepender de ter encostado o telefone novamente na orelha.

-Eeee! –disse num tom debochado como se eu já não soubesse a resposta.

-Você se arruma aqui ou eu me arrumo ai? – ela disse ignorando meu ar de deboche (que ela odiava).

-Melhor você só vim me buscar. Porque não sei se a minha mãe vai deixar ainda. Ela tá um saco esses dias.- disse mordendo uma maca logo em seguida.

-Deve ser por que ela acha que a filha dela já transou e não contou pra ela. E NEM PRA MIM!- ela disse voltando a aquele assunto que eu odiava.

-Eu já te falei que eu não fiz nada com ele! Para de pegar no meu pé por isso! Você sabe que eu te contaria!- eu disse revirando os olhos mesmo que ela não pudesse ver.

-NÃO FAZ ESSA CARA, que eu sei que você está fazendo. Mas pensa comigo, você namora com ele há 3 anos! Luna, isso não pode ser normal! 3 anos! Que homem aguenta isso? Deve ser uma tortura pra ele tadinho!- ela disse como se eu estivesse totalmente errada em simplesmente não estar pronta pra isso.

-Vamos discutir sobre isso de novo?- eu disse com um ar de indiferença

-Ok, ok... Ah! A festa é ás 22:00. Então esteja pronta ás 22:30. Me espere na porta. –ela disse mudando de assunto para que aquilo não gerasse mais uma briga dela me dizendo que eu iria perder o Rafael assim, porque nenhum homem é obrigado a aguentar isso. Sempre defendendo ele por forcar a barra de mais comigo as vezes. Ok, eu entendo o lado dele. Mas esperava que ele entendesse o meu também e estava certa de que era um super clichê pensar dessa maneira mas se eu realmente fosse importante pra ele, esperar até eu me sentir preparada não doeria tanto.

O começo do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora