Capítulo 5

111 17 14
                                    

Entramos no carro e ele tentou me deixar o máximo confortável possível, o que era praticamente impossível perto dele.

Me arrependi no momento em que pisei no restaurante de ter ido. O lugar era lindo, mas eu não estava lá com quem eu gostaria de estar. Na verdade eu não queria estar lá com ninguém, eu preferia ter ficado no hotel com o Caio, por mais que a presença dele ainda me incomodasse.

-Foi incrível, obrigada. Mas acho que tenho que ir...- disse quando não aguentava mais ele contando sobre a sua vida perfeita, porque tenho certeza que só falamos dele o tempo inteiro.

-Ah... Mas já? Nem falamos de você! – ele disse o que me fez pensar um "por que será?"

-Poisé! Quem sabe uma próxima vez. – disse com um sorrisinho simpático.

-Então eu te levo.- ele disse sorrindo.

Ele foi um cavalheiro do inicio ao fim, contou sobre várias coisas dele, o quanto era incrível morar em São Paulo, ter dois cachorros e ser um deus grego nas horas vagas, mas ele me passava a impressão que tudo que ele tentasse fazer ele seria incrível, e isso me irritava, porque eu não era boa em nada. Ele é o cara perfeito, em horas conversando com ele, ele se mostrou perfeitamente perfeito e eu senti como se nada que eu dissesse seria suficientemente legal, então preferi não dizer nada e apenas escutá-lo enquanto observava cada traço de seu rosto. 

Ele parou em frente ao hotel que eu estava e me fitou com os olhos, como se quisesse decorar cada um de meus traços. -Foi ótimo te conhecer Luna.- ele disse com um sorriso de tirar o folego.

-Digo o mesmo.- respondi, me aproximando dele para dar um abraço.

-Mas já? Não posso te levar ao seu quarto?

-Acho melhor não...- respondi

-Vou me sentir mal se te deixar assim.- ele disse me convencendo.

-Ah... Você sabe me convencer, odeio isso.- disse cedendo.

Andamos calados até a porta do quarto, o que foram bons 5 minutos para pensar o quanto eu não estava sendo eu ali. Fui completamente patética e igual a qualquer uma, aquilo me irritava. Eu odiava ser mais uma ou qualquer uma, mas eu preferia dizer qualquer coisa do que falar o que eu realmente penso e acabar assustando ele, e eu posso confessar que ele me intimidava muito.

-Bom, é aqui. Obrigada por tudo!- disse quando chegamos em frente a porta do "meu" quarto.

-Ah lindinha... Imagina!- ele respondeu me prensando na parede.

-O que você está fazendo? –disse sem entender

-Acho que a gente deveria entrar pra ver o que rola.- ele respondeu com um sorriso malicioso, que me deixava um pouco apreensiva. 

-Hoje não, obrigada.- fui fria

Então, ele chegou seu corpo mais próximo ao meu, me cercando com seus antebraços apoiados na parede, um de cada lado da minha cabeça.

-Eu vou entrar, tchau.- disse confiante, mas com um medo que eu não poderia descrever. Passei por baixo de seu braço me virei para abrir a porta do quarto e entrar o mais rápido possível. Fiz o isso, o problema é que ele foi tão rápido quanto eu, entrando no quarto fechando a porta logo em seguida.

-Para, sai daqui.- disse com o medo na voz. 

Ele me jogou na cama e antes que eu pudesse sair ele me prendeu com as pernas ficando em cima de mim.

-Agora eu vou te beijar, então não faça nenhuma gracinha, porque eu te garanto que vai ser muito pior. – ele disse apertando meus pulsos, me fazendo ficar imóvel, logo em seguida aproximou seus lábios dos meus.

Eu odiava não saber o que fazer, eu odiava não ter o que fazer, e eu odiava mais ainda ter medo de fazer qualquer coisa.  Ele era o dobro do meu tamanho e estava vendo que ele era capaz de muita coisa, fiz o que ele mandou pois não conseguia em pensar em nada tão rápido.

Ele me beijava e esfregava seu corpo sob o meu o que me dava mais nojo dele. 

Com os olhos abertos, vi a porta do banheiro se abrir e o Caio sair dela, confesso que nunca quis tanto ver alguém em toda a minha vida.

Ele viu o meu olhar desesperado, então continuei beijando aquele nojento para que desse tempo dele fazer alguma coisa, eu implorava com um olhar para que ele fizesse. Então ele fez. Mas ele não precisava de tempo para nada, assim que seu olhar se cruzou com o meu ele não teve duvida alguma de nada que estava acontecendo ali.

Ele puxou o Rafael pela camisa e o jogou no chão, e jamais achei que ele tinha tamanha força, pois Rafael era maior e mais velho que ele, mas eu confesso que nunca vi alguém apanhar tanto, com o Caio sob ele o soqueando vi o Rafael em um impulso ficar sob ele o que fez o meu coração gelar após o primeiro soco que ele levou. Até esse momento eu estava completamente paralisada, mas eu não ia ficar assistindo aquilo e gritar "VAI CAIO!"

Sai da cama sem nem saber o que eu estava fazendo peguei o interfone e disquei o numero da recepção, que estava logo ao lado do interfone. Eu segurava o telefone na minha orelha com tamanha forca.

-Em que posso ajudar?- ouvi uma voz

-Mande seguranças no meu quarto agora! Agora!- disse numa grande velocidade, que eu não sabia que era capaz de falar. –Quarto 793.- falei antes que ela perguntasse.

-Sim, senhora.- ela respondeu logo desligando.

Olhei para os dois no chão se batendo igualmente, via gotas de sangue de Rafael caírem sob Caio que tentava o tirar de cima dele, vendo o punho de Rafael batendo novamente no rosto do Caio fez com meu coração parasse por alguns segundos, num impulso, peguei um vaso que eu nem havia percebido sua existência naquele local, até agora. 

Não foram iguais aqueles filmes que vaso quebra, na verdade o vaso nem quebrou, só fez com que o Rafael focasse a atenção em mim, podia ver ódio em seus olhos.

Vi grandes homens passarem pela porta e tirarem o Rafael do quarto, vi o Caio se levantar e sentar na cama ainda de toalha, e passar a mão sob o seu rosto sujo de sangue mas uma quantidade bem menor que a que tinha no rosto de Rafael que já havia sido retirado do quarto.

E eu estava imóvel. Não conseguia pensar em nada, lágrimas desciam sem que eu as sentisse escorrendo pelo meu rosto. Via tudo aquilo e estava ali em pé ainda sentindo o vaso saindo da minha mão e acertando em cheio as costas de Rafael.

-Luna?- vi o Caio chegando perto de mim com um pequeno corte na boca . –Luna?- ele disse novamente me fazendo sair daquele transe.

-Oi?- respondi num tom fraco, e não tentei segurar minhas lágrimas por mais que eu odiasse chorar na frente das pessoas, mesmo se eu quisesse parar não conseguiria.

Senti seus braços musculosos me entrelaçarem e então eu me senti segura, e aquilo era tudo o que eu precisava. Apoiei o peso do meu corpo sob o dele e fomos nos sentando levemente no chão daquele quarto, que agora já não tinha mais ninguém. Ele me abraçava como se fosse ficar ali para sempre se fosse o único jeito de eu me sentir melhor, fechei meus olhos e pela primeira vez há um longo tempo, senti que estava realmente, tudo bem.




O começo do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora