Danger

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                  1 Capítulo

Devido ao acúmulo do ar frio, minha pele era coberta por uma camada gélida totalmente insolente que tentava se esquentar em um monte de pedaços de panos macios e grossos, minha respiração era esbranquiçada por causa do frio, e meus dedos pareciam dormentes e avermelhados.
A chuva grossa da noite passada havia deixado as ruas alagadas e escorregadias, as pessoas caminhavam com cuidado e de forma apressada pra lá e pra cá, me fazendo sentir alguns empurrões que me faziam querer tropeçar.
Por um instante parei e encarei aquela poça de água que se encontrava em um buraco no canto de uma calçada, meu reflexo estava um tanto embaraçado mas pude olhar a figura desarrumada com os cabelos soltos e mau penteados, só que minha mente estava tão distante que isso não me importava.
Uma semana se passou e ainda estava na cidade de Tóquio no Japão, com a intenção de esquecer meus problemas em Seul mas isso era algo difícil de se tornar possível, pois, por mais distante que fosse nada mudaria o fato de ser meus problemas.
A cidade estava se formando em noite, entretanto isso não faria com que desse meia volta e fosse pra casa, gostaria que meus pensamentos fluíssem mais um pouco, hoje era meu último dia no Japão e amanhã tudo logo voltaria ao normal.
Meus pés depois de uma breve pausa voltaram a se movimentar, mas de uma maneira tão devagar que por um momento achei que ainda estivesse parada ali. Meus olhos claros já cansados de fitarem o chão se direcionaram a uma rua mal iluminada e deserta, sem pensar em um só momento começei a caminhar sobre aquele lugar totalmente vazio, talvez se minha mente não estivesse tão pensativa e em um mundo distante eu nunca que pisaria meus pés ali.
Eu era uma garota sem destino algum, só queria vagar por este lugar acompanhado de meus pensamentos e nada mais importava, mas no momento em que ouvir algumas árvores, que tinham por ali balançarem em um ritmo tenso e acelerado me dei conta do que havia feito. Uma imensa lua já havia se formado no céu escuro, e rápidos passos apressados se encontravam atrás mim, acelerei os meus e sair correndo sobre aquela rua escorregadia, a chuva grossa e assustadora de ontem começou a cair e eu teimava em olhar para trás.
Em um susto que fez com que meu coração chegasse a mil, dei um grito abafado que pareceu queimar minha garganta, três homens se encontravam na minha frente e dois atrás de mim, tentei seguir adiante mas um homem de pele negra, lábios grossos, músculos fortes e pernas finas se pôs sobre meu caminho impedindo minha passagem.
----- O q-q-q.... - Minhas palavras não conseguiam sair, e aquela chuva parecia congelar meu corpo.
----- Não deveria ter seguido outro caminho Xuxu? - Sua voz grossa veio em um tom sarcástico. - Aqui sempre é muito perigoso, é a nossa área. - Ele estava sorrindo e de uma forma torta achando graça de como eu estava nervosa e trêmula. - Mas não se preocupe, tomaremos conta de você Xuxu. - Eu poderia ter sorrido daquele ridículo apelido sem lógica, mas minhas lágrimas imploravam para sair, e amaldiçoei rapidamente minha estúpida distração por ter acabado ali.
Dei um passo para o lado tentando abrir caminho mas um ruivo que continha um rosto largo e bronzeado também me impediu.
----- Pare! - reclamei, mas minha voz saiu em um sussurro forçado.
Tentei caminhar mais uma vez, mas aqueles homens começaram a passar a mão sobre meu rosto, meus cabelos e meu corpo acompanhado de palavras maliciosas.
----- Me deixe em Paz! - desta vez conseguir ouvir minha voz que saiu explicitamente amedrontada.
Já cedendo as lágrimas que  imploravam por inundar meu rosto, uma forte luz brilhante pareceu cegar meus olhos naquele instante, por um breve momento idiota da minha parte achei que fosse algum anjo enviado do céu para me salvar. Uma moto se aproximava muito rápido de onde estávamos fazendo com que os homens que me cercavam se afastassem, ela vinha em minha direção e um forte medo começou a me dominar, ele parou ao meu lado dando uma rasteira que assustou todos ali.
----- Sobe Rápido. - Meus pés pareciam estar paralisados, eu não sabia de quem se tratava mais algo dentro de mim pedia para confiar.
Por um impulso corri em sua direção apoiei minha mão em seu ombro e subi, e em uma incrível velocidade partimos dali, meu coração não parecia mas estar em seu devido lugar pois a velocidade era tanta que esqueci de me segurar no sujeito que estava pilotando aquilo, por um descuido meu corpo pareceu quase ser jogado no chão, imediatamente enlaço os meus braços na cintura daquele sujeito de que não faço a mínima idéia de quem seja.
                          [...]
Ficar ali sentada com os meus braços envolta dele me fez sentir segura e confortável como não sentia já a muito tempo,a chuva continuava caindo mais já era leve e quase como um chuvisco, algumas lágrimas ainda caíam sobre meu rosto molhado.
Eu estava tão confortável estando ali com um estranho que nem me dei conta que a moto já havia parado, meus pensamentos voltaram ao mundo normal e me deparei com minha cabeça deitada em suas costas enquanto sentia minhas lágrimas caindo.
Não queria descer, poderia eu ficar ali pra sempre? Era como se  estivesse olhando em volta todos os meus problemas, sentir um aperto no coração ao lembrar de todas aquelas lembranças terríveis, será que não bastava tanto sofrimento? Naquele momento eu decidir que ficaria ali mas um pouco.
----- Desce da moto - Aquele homem parecia impaciente comigo ali, ainda agarrada a ele.
----- Tá surda garota eu mandei você descer - Sua palavras grosseiras me fizeram despertar e com a maior dificuldade conseguir descer da moto.
A chuva já havia cessado e o cara da moto também desceu e se pôs a minha frente, tirando aquele capacete preto pude visualizar aquele rosto extremamente perfeito, seus cabelos não estavam molhados e era de um tom acobreado, ele possuía uma altura privilegiada, e olhos escuros extremamente sedutores e viciantes, eu estava embevecida por tamanha beleza mas aquele rosto irritado fez com que o medo voltasse a me invadir, meu corpo pareceu me obrigar a correr o mais rápido possível dali, mas pela primeira vez em tantos anos eu decidir enfrentar aquele medo, um medo terrível que parecia querer me devorar e me controlar de uma forma difícil de se compreender.
----- Q-quem é v-você ? - Aqueles olhos que me encaravam despertaram uma certa curiosidade da minha parte.
----- Você deveria ser mais educada. - uma voz rouca e totalmente fascinante.
----- O que? - perguntei arquiando uma de minhas sobrancelhas.
----- Quando alguém salva a sua vida você deveria dizer ao menos um obrigada. - Eu poderia até agradecer mais minhas palavras não vieram. - O que? Vai continuar sendo mal educada?-Ele era um ser com uma voz perfeita mas completamente arrogante.
----- Obrigada, mesmo. S-se você nao tivesse aparecido a-aqueles caras, e-eles teriam... - Eu estava aflita, nervosa, fora de meus limites, assustada com o que poderia ter acontecido comigo se ele não estivesse aqui, o nervosismo era tão grande que minhas palavras vinham incompletas e em forma de guaguejos.
Eu odiava isso, me tornava mais frágil e patética, aquele bico que se formava em meus lábios sempre me acusava que eu estava prestes a chorar.
As lágrimas saiam intensamente, eu estava sendo super idiota pelo fato de estar chorando na frente de um completo estranho, mas isso não me importava,agora eu só queria colocar tudo pra fora, e eu esperava algum conforto de sua parte mas nada veio ele só me encarava em um completo silêncio.
Houve um suspiro de sua parte.
----- Você é muito irritante, não precisa mais me agradecer. - Ele virou as costas pra mim e voltou sua atenção para moto, se sentando logo em seguida. - Só toma cuidado da próxima vez.-Eu iria falar algo mas o mesmo colocou o capacete e acelerou, e foi aos poucos sumindo de minha vista, deixando-me sozinha naquele lugar.


















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