Correndo pelas ruas com toda a velocidade, Mina tentava chegar à escola antes que fechassem o portão. Ela não era a única, quanto mais se aproximava, mais alunos se juntavam a corrida contra o tempo. Mina se desesperou ao avistar o porteiro da escola preparando-se para trancar o portão. Devido ao desespero, ela disparou, ignorando o cansaço que sentia. Conseguiu passar entre o pequeno espaço que restava para o fechamento completo, recebendo um arranhão de leve no braço.
Mesmo exausta, continuou sem diminuir a velocidade, precisava chegar à sala antes do professor, ou estaria em apuros. Passou pelo pátio, seguiu pelo corredor principal e depois o secundário. Antes que pudesse subir as escadas, trombou com alguém que a fez cair no chão.
Ouviu um estralo fraco de algo se quebrando, mas ignorou. Ajeitou a mochila rapidamente e olhou para cima na tentativa de ver quem era. Arrependeu no mesmo instante. Nathaniel, aquele que ela buscava evitar completamente de todas as maneiras possíveis, estava parado a sua frente com um rosto assustador. Parecia estar reunindo todas as forças que possuía para conter a raiva que pulsava em todo o seu corpo.
Mina se arrastou para trás por instinto, mas parou ao sentir algo furando sua mão direita. Ela tirou-a de cima do objeto e segurou-a com a outra, o sangue impedia de saber qual a profundidade do ferimento. Olhou para trás para ver o que a feriu. Um frio intenso percorreu todo seu corpo. Os óculos de Nathaniel estavam completamente quebrados e culpa era sua.
- Me-Me desculpe - pediu assustada. Levantou rapidamente, toda atrapalhada. - Eu não tive a intenção, sinto muito - seu olhar alternava entre ele e os óculos. - E-Eu vou pagar por isso.
Nathaniel, ainda com o rosto assustador, não quis saber de conversar. Segurou o pulso de Mina e saiu puxando-a na direção oposta de sua sala.
- O-O que vai fazer comigo? - perguntou aterrorizada. - E-Eu disse que vou pagar. Por favor, me solta. - tentou puxar o pulso, temendo o que ele poderia fazer, mas Nathaniel ignorou seus apelos e não se importou com os puxões. - Foi um acidente!
Ela estava com tanto medo, que não reparou no caminho que estavam fazendo.
"Será que irei para a diretoria? Qual será a minha punição. Quebrei os óculos de uma das pessoas mais importante do colégio, não vou sair ilesa. Será que meu atraso também vai contar?"
Os seus pensamentos continuaram torturando-a durante todo o caminho. Apenas pararam quando Nathaniel a puxou para uma sala e começou a falar com a enfermeira.
- Com licença. Poderia examiná-la, por favor? Ela caiu agora pouco e feriu a mão. - sua voz era passiva, mas com um tom de seriedade.
- Claro, Nathaniel. Sempre se preocupando com os outros, não é mesmo? - a enfermeira comentou com a voz fina e alegre. - Pode retornar a sua aula sem problemas. Cuidarei dela daqui em diante. - passou sua mão pelo ombro de Mina e conduzindo-a para sentar na cama.
Nathaniel, ignorando a sugestão da enfermeira, continuou segurando o pulso da garota e soltou somente quando a mesma se sentou. Ato que ela nem percebeu, ainda se sentia confusa por não ser nada do que pensou. Lembrou-se de agradecê-lo, mas ao se virar, ele já havia saído da sala.
- Ele é muito gentil, não é mesmo? - perguntou enquanto limpava o ferimento. - A administração da escola conta muito com a ajuda dele por ser muito responsável e ter um ótimo carisma.
Mina fechou a cara ao ouvir os comentários. A ferida ardia, mas ignorou. Onde quer que fosse sempre ouvia elogios e mais elogios a respeito do representante. Sobre o quanto ele era inteligente, responsável, carismático e todas as personalidades boas que poderia encontrar em uma pessoa.
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Apenas uma dívida
RomanceA aparência é uma mera capa que cobre o nosso interior e Mina está ciente deste fato. Ela sempre viveu afastada de pessoas com falsas modéstias e pouco confiáveis. Nathaniel, aos seus olhos, se enquadrava nestes requisitos. Porém, para o seu desgos...