Ao brincar com sua janta, Mina buscou alguma coragem para falar com seus pais sobre os seus planos futuros. Sabia que ambos eram contra ela trabalhar e estudar, mas precisava ao menos tentar. Olhou de canto para eles e em seguida voltou sua atenção para a comida. Não iria conseguir. Podia até mesmo imaginar as respostas que os dois dariam.
— O que foi?
Mina rapidamente levantou sua cabeça para olhar sua mãe.
— Nada. — respondeu tentando manter a calma.
— Como nada? Fiz sua comida favorita, mas você ao menos provou. — argumentou olhando para o prato da filha.
Mina envolveu o garfo na macarronada e colocou na boca. Fez um movimento positivo com seu braço direito, deixando a mostra sua atadura.
— O que aconteceu com sua mão? — foi à vez de seu pai interrogá-la.
Mina mastigou mais algumas vezes antes de engolir e poder responder.
— Machuquei na escola, mas não é nada sério. Em poucos dias irei tirá-la. — com a voz um pouco baixa, olhou para a comida novamente e prosseguiu de uma forma inesperada, que surpreendeu a todos, inclusive ela mesma. — Quero um emprego.
— O que disse? — sua mãe perguntou mesmo entendendo a fala da filha.
Sua garganta ficou seca, sua voz não queria sair de forma alguma, era como se tivesse um nó impedindo a passagem. Abriu a boca algumas vezes, mas não conseguiu repetir as palavras. Cravou suas unhas na coxa e repetiu para si mesma "Você consegue, você consegue", mas não funcionou. Estava prestes a desistir, mas a expressão vitoriosa de Nathaniel apareceu em seus pensamentos, foi o bastante para ganhar forças. Olhou diretamente para a mãe e falou com firmeza.
— Quero um emprego.
— Um emprego? — sua mãe riu para conter a raiva. — Mal consegue fazer algo corretamente, não chega no horário e muito menos tira boas notas na escola. Ainda quer um emprego?
Mina se encolheu, voltou sua atenção novamente para a comida na tentativa de esconder a tristeza devido ao sarcasmo utilizado por ela. Pensou que ela havia esquecido o atraso, mas estava enganada, e o pior, sabia que aquele era apenas o começo.
— Escute, filha. Deve focar nos seus estudos agora. Não há espaço para distrações, o que inclui o seu novo amigo e o trabalho. Não duvidaria se essa sugestão fosse ideia dele. — seu pai falou calmo e autoridade.
Mina não precisou perguntar como ele sabia de Nathaniel, era claro que sua mãe havia mencionado antes do jantar enquanto estava de castigo em seu quarto.
— Duvido. Não há nenhuma necessidade do garoto arranjar um emprego ou até mesmo sugerir sobre. — Mina a olhou estranhando a mudança no tom de voz de sua mãe, estava mais suave e com ar de admiração. — E outra, seria bom para Mina melhorar nos estudos em vez de pensar em trabalho. Desconfio que ele possa ajudar nesse requisito. — Lucia, nesta hora, piscou para a filha que preferia fugir da mesa a ver este ato.
— O que está insinuando? Acha que nossa filha é qualquer uma? — Philippe falou tentando manter a voz calma, mas não funcionou.
— Se nossa filha fosse qualquer uma, com toda a certeza, Nathaniel não teria aparecido na nossa porta. — Lucia bebericou o suco de laranja confiante. Observou o marido pensar sobre suas palavras. — Agora mesmo, deve está ocupado jantando com os empresários de seu pai.
— Empresários? — Philippe perguntou admirado enquanto ajeitava-se na cadeira.
— Exatamente. — ela concordou fingindo ser algo irrelevante e comeu um pouco do macarrão.
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Apenas uma dívida
Roman d'amourA aparência é uma mera capa que cobre o nosso interior e Mina está ciente deste fato. Ela sempre viveu afastada de pessoas com falsas modéstias e pouco confiáveis. Nathaniel, aos seus olhos, se enquadrava nestes requisitos. Porém, para o seu desgos...