Capítulo 1

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Faz uma semana que chegamos ao Rio e até agora não tem nada de interessante acontecendo. Amanhã começam as aulas e não estou nem um pouco entusiasmada com isso. A casa é enorme e com uma pequena vista pro mar, a empresa do meu pai nos garante uma boa vida. No momento estou na varanda da sala de estar, observando a vista e pensando em como vai ser amanhã. Ouço passos atrás de mim e me viro a tempo de ver Fernanda vindo na minha direção.

- Pensando em quê? - ela pergunta. Fernanda tem uns 26 ou 27 anos, meu pai contratou ela para tomar conta da casa e de mim, já que sou a caçula. Ela é bem bonita e gentil. Gosto dela, me faz companhia.

- Só em como vai ser amanhã... na escola - dou de ombros fingindo tranquilidade.

- Entendi - ela senta no banco ao meu lado. - E você não está nem um pouco nervosa?

- Nervosa? Nem um pouco - minto. Ouço ela rir baixinho. - O que foi?

- Nada - responde e se levanta. - Vamos, seu café da manhã está na mesa.

- Onde estão meus irmãos? - pergunto me sentando.

- Foram com seu pai na empresa - diz.

Tomo meu café da manhã e vou para meu quarto com a intenção de passar o resto do dia lendo um dos meus livros. Era o que eu pretendia fazer, mas de repente Fernanda entra no meu quarto e diz:

- Vamos sair Helena.

- Sair? Pra onde? - pergunto sem tirar os olhos da minha extensa prateleira de livros.

- Primeiro: vamos comprar seus materiais para a escola, já que alguém esqueceu de fazer isso - bufa irritada. Não conheço ela a muito tempo, mas quando ela faz isso só pode ser por causa do meu pai. - E depois vamos passear no Shopping, fazer unhas, cabelo, andar na praia, tomar sorvete, pular ondinhas, enfim, um dia só de garotas. O que acha?

- Eu não sei... - disse incerta. A verdade é que nem com a Julia eu tinha feito tudo isso, o pai dela é muito controlador.

- Ah vamos! Vai ser divertido - me encorajou.

- Tá bom - respondi. Ela sorriu e eu também. Vai ser divertido...

Fernanda saiu do quarto e eu tomei um banho rápido, vesti uma saia jeans um pouco acima do meu joelho, uma blusa azul clara e uma rasteirinha. Deixei meu cabelo ruivo natural solto e um pouco ondulado como sempre. Um pouco de gloss rosa, rímel pra destacar meus olhos azuis e pronto.

- Uau! - Fernanda disse assim que me viu. - Alguém vai arrasar corações.

Eu sorri e senti meu rosto queimar. Odeio corar!

- Espera um pouco, vou buscar minha bolsa - ela disse e eu peguei meu celular. Abri minhas mensagens


Mensagem ON

Júlia - Oii amiga! Como vai tudo aí? Gostou do meu presente? Já usou? Me conta tudo!

Helena - Oii! Não está acontecendo nada de interessante se é o que você quer saber. Mas hoje vou pro Shopping com a Fernanda, ela trabalha aqui em casa e é muito legal. Uma pergunta: por que você demorou tanto pra me mandar uma mensagem? E por que me deu um diário?

Julia - Que máximo! Queria ir com você. Meu pai me deixou de castigo. SEM CELULAR! Acredita nisso? Só porque ele me pegou com o Jonathan! E respondendo sua outra pergunta: eu te dei o diário porque eu quero que você escreva tudo de mais importante já que você não fala muito (sem ofensas rsrs) É como se você estivesse guardando suas lembranças. Só isso. 

Helena - Como assim seu pai te pegou com o Jonathan? Pensei que você já tinha contado. Diário = terapia?

Júlia - Terapia não! Recordação. Leninha, estamos falando do meu pai. Ele nunca ia deixar se eu contasse. Beijos tenho que sair. Aproveita!

Helena - Beijos!

Mensagem Off

- Vamos? - Fernanda pergunta.

- Claro! - respondo.

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Estou. Morta. Não sei como meus pés ainda conseguem me manter em pé.

-Papelaria

-Livraria

-Shopping

-Manicure

-Salão de Beleza (hidratação)

-Restaurante

-Sorveteria

-Cinema

-Praia

Necessito urgentemente da minha cama. Assim que chegamos em casa todos já estavam jantando graças á nossa cozinheira Maria. Fui direto para o meu quarto e depois de um belo banho, coloquei meu pijama e deitei. Estava quase fechando os olhos quando um rosto veio á minha mente. Aquele rosto, daquela pessoa. Não sei por que, mas não saia da minha mente. Senti minhas mãos formigarem e sabia o que deveria fazer. Me levantei e peguei o diário na minha gaveta. Abri com a pequena chave e na primeira página em branco comecei a escrever.

Olá, querido diário,

Não sei por onde começar, afinal não é todo o dia que eu escrevo em um diário. Sempre achei um pouco infantil, mas como a Julia mesmo disse, eu não preciso mostrar para ninguém. Hoje aconteceu algo... Não sei como explicar. Foi na livraria. Eu estava na sessão dos romances quando alguém esbarrou em mim, derrubando os livros que estavam em minha mão. Quando me abaixei para pegar vi que a tal pessoa também estava me ajudando. Levantei meu olhar e vi um menino... Não pude prestar atenção direito, só seus olhos que me observavam atentamente. Ele parecia ter minha idade. Apenas se levantou, me entregou os livros, murmurou um pedido de desculpas e saiu andando com um meio sorriso na boca PERFEITA... Ei! Eu escrevi isso? Acho que o sono faz coisas estranhas com as pessoas... Mas é só que... Ele é muito lindo! O que eu estou pensando? Como se eu fosse ver ele novamente....

Terminei, e fechei o diário. Me senti mais leve. Sorri mentalmente e deitei na cama. Dessa vez fechei os olhos sem dificuldade e mergulhei em sonhos com aqueles olhos e boca.

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Oii gente! Estão gostando da história? Deixe sua opinião nos comentários. Beijos!

Ma





Olá, querido diárioOnde histórias criam vida. Descubra agora