Capítulo 19

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Peço que leiam o recado no final do cap. Espero que gostem , ; )

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Olá, querido diário

As coisas estão... Acho que não tem uma palavra que defina. Já faz um mês que ela se mudou pra cá, e as coisas só pioraram desde então. Ela e Juliano vivem em brigas constantes. Meu pai quase não sai do escritório, ele e Fernanda não namoram mais. Rogério não fica muito tempo em casa. E eu? Bom... Arthur tenta me animar. Foi como se no momento em que ela chegasse, tudo virasse de cabeça pra baixo. Tudo o que tínhamos construído foi por água a baixo. Meu pai e meus irmãos mal falam entre si e comigo. Tenho Fernanda que mesmo que tente esconder, sente saudades do meu pai. Resumindo: dos melhores, passaram para os piores dias da minha vida. Não imaginei que se ela voltasse seria assim. Mas eu realmente queria que ela voltasse?

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O dia amanheceu ensolarado e quente. Troquei de roupa, e tomei café com os outros sem dizer uma palavra. Meus irmãos já estavam indo para a empresa do meu pai.

- Se quiser eu te levo para o colégio. - levantei a cabeça quando ouvi ela falar. Minha mãe me ofereceu um sorriso gentil e eu assenti, aceitando.

O caminho foi feito em silêncio. Quando chegamos, eu já ia abrir a porta do carro mas ela me surpreendeu com um abraço.

- Eu te amo muito! - sussurrou pra mim.

Fiquei sem reação. Será que era verdade? Resolvi que já era hora de aceitar que ela estava de volta. Por que não dar um voto de confiança?

Sabe quando você sente que tirou um peso das costas? É assim que eu me senti quando encontrei Arthur e contei tudo.

- Tem certeza?

- Tenho. Se ela está aqui deve ser por alguma razão - respondi. - Se ela diz que é por minha causa e dos meus irmãos, por que não acreditar?

- Não confio nela. - ele disse. Afastei seu cabelo.

- Eu sei, mas tenho que tentar.

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Fernanda estava de folga, meu pai foi para um jantar de negócios e meus irmãos estavam em uma festa com as namoradas, o que deixava eu e minha mãe sozinhas em casa, apenas com Maria que já tinha ido dormir depois de servir nosso jantar.

Eu ia fazer o mesmo, estava no corredor para o meu quarto quando parei na frente do quarto de hóspedes onde minha mãe estava. A porta estava entreaberta e não pude resistir ouvir a conversa que ela estava tendo pelo celular.

- Não consegui falar com você antes - ela disse - É já estou aqui. O que? - ela deu risada - Mas é claro que não. Só tenho que ficar aqui por mais algum tempo. Para conseguir o dinheiro, ou acha que eu vim aqui para rever o Paulo? Não me importo com eles, estão muito bem aqui. - ela estava falando de mim e dos meus irmãos? - Assim que conseguir o dinheiro que eu quero, eu volto pra Londres. Já sumi uma vez, não vai fazer diferença se eu fizer de novo. - fiquei em choque com o que ela disse. Como assim? Vi pela fresta que ela tinha desligado o telefone e sorria. Sorria? Senti meu sangue subir e a raiva ficar a cima da tristeza naquele momento. Escancarei a porta e entrei no quarto.

- Hele...

- Acha que é assim? - falei antes dela, com a voz alterada - Acha que é só aparecer aqui e pegar o dinheiro que quiser, depois sumir sem deixar pistas? Sem se importar com ninguém? Se ainda não percebeu, a senhora tem filhos! Sabe o que é isso? Não, não sabe, porque não estava aqui quando nenhum de nós precisou. Não estava aqui quando eu precisei que você. Sabe quantas vezes eu chorei pensando naquele dia? Sabe quanto eu me odiei por sentir sua falta? Sabe o quanto eu estou me achando estúpida agora? Não sei como pude acreditar que você realmente conseguia amar alguém. A única coisa que eu queria era ter a mãe que foi embora naquele dia e que nunca brincava comigo por causa das suas malditas unhas! Mas mesmo assim eu queria essa mãe. Por que mesmo assim eu te amava, mas agora eu sei que o Juliano é que tem razão de nem querer olhar na sua cara. Você. Não. Vale. A. Pena!

E dizendo isso saí dali sem prestar atenção na sua reação. Ouvi seus passos atrás de mim, mas tranquei a porta do meu quarto assim que entrei. Só aí me permiti chorar. Fui até o meu celular.

Mensagem ON

Helena - Arthur? Vc está aí?

Depois de 2 minutos ele respondeu

Arthur - Aconteceu alguma coisa?

Helena - Sim, eu briguei com minha mãe.

Arthur - Mas pq?

Helena - Ela vai embora Arthur. Ela vai me deixar. Eu fui uma burra. Uma estupida por acreditar que ela ia ficar.

Arthur - Escuta, vc n é burra e nem etupida. Vc só é meiga demais, por isso as pessoas te machucam.

Helena - Então eu devo começar a ser uma pessoa fria e calculista como ela?

Arthur - N. Vc é perfeita do jeito que é.

Helena - Ninguém é perfeito

Arthur - Pra mim vc é. E eu nunca te machucaria.

Helena - Nunca?

Arthur - Sim, é uma promessa.

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Clara

A vida é cruel. Muito cruel! Nunca confiei em ninguém. Mas todos que entravam na minha vida confiavam em mim. Eu, é claro tirei proveito disso. Fazer a carinha de boa moça era o suficiente para que todos acreditassem que eu não poderia ferir nem uma mosca. Debochava deles em silêncio. Quando me casei com Paulo, estava com minha vida ganha. Ele era rico e apaixonado por mim. Isso importava. Tive 3 filhos com ele, eles iriam garantir meu futuro. Mas nunca consegui me apegar demais a alguma coisa ou a alguém, por que era tirado das minhas mãos sem possbilidade de ser conseguido de volta. Por isso, meus filhos eram apenas uma garantia de conforto. Amor? Eu não sabia o que essa palavra significava. Mas tudo a minha volta começou a me sufocar. Não suportava aquele sentimento que crescia em mim. Era um sentimento desconhecido e eu não sabia como lidar com ele. Quando decidi ir embora, foi uma decisão que tomei por impulso e ninguém jamais irá saber o quanto eu fiquei infeliz por deixa-los. Por semanas, não consegui dormir direito. Assim que meus olhos se fechavam, eu ouvia a voz da minha pequena menina ruiva chamando por mim, chamando "Mamãe". Eu era linda, forte, decidida, fria por que a vida me obrigou a ser assim, e quando descobri a minha fraqueza fiquei assustada demais para perceber que era algo bom. Minha faqueza eram aquelas tres crianças que eu havia deixado pra trás apenas por não saber se seria capaz de fazer com que elas ficassem felizes ao meu lado. Felicidade... Outra palavra que agora, eu não sabia o significado.

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Dinheiro. Isso era um pretexto. Uma desculpa que eu dava a mim mesma por que ficava com medo de admitir que só queria retornar por causa da saudade que sentia e me consumia por dentro. Como eles estariam? Me perguntava quando me aproximava cada vez mais do meu destino. Controlei minhas lágrimas assim que vi minha pequena Helena na minha frente. Ela havia crescido e estava tão linda... Assim como Rogério e Juliano. Meus filhos! Minhas fraquezas. Meus... amores...

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Atendi meu celular, era Kevin, um amigo que conheci em Londres e diga-se de passagem nunca concordou com minhas atitudes, mas ele era a pessoa em quem eu conseguia confiar. Quando desliguei e me dei conta que Helena tinha escutado tudo, minha única reação foi escutar o que ela dizia, e cada palavra dela foi como um tapa na minha cara. Senti vergonha da pessoa que havia me tornado. Abandonei meus filhos que me amavam e que agora só sentia ódio de mim. Essa constatação fez com que eu derrubasse lágrimas. Deixei ele para trás com medo de que eles fossem infelizes ao meu lado, mas eles sofreram sem mim.

O que foi que eu fiz?

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Oii Gente! Estão gostando do livro? Acham que alguém também vai gostar? Então indiquem sem medo rsrs Bom, já estamos na reta final do primeiro livro (teremos um segundo com a continuação) e muitas surpresas ainda estão por vir. Tentem não odiar o Arthur. Ops! Falei demais? Acho que sim. Beijos!

Ma

Olá, querido diárioOnde histórias criam vida. Descubra agora