Capítulo 1 - Triste notícia!

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(Obra registrada)



— Sofia, o câncer da sua vó evoluiu, e não tem mais nada que se possa fazer, assim disseram os médicos.

— NÃO PODE SER, mãe!!! SEMPRE tem alguma coisa que se pode fazer! Mais uma cirurgia, talvez...?

— Infelizmente não, filha! Diz minha mãe, muito triste.

— Vou agora pra casa da vovó!

— Você não pode filha, está com muitos trabalhos na escola, é seu ultimo ano, você vai repetir...

— Não me importo! Agora vou me dedicar a minha vó, quer você queira ou não, não me importa.

— Sofia, você ainda é menor, tem toda sua turma do colégio, seu vestido de formatura já está praticamente pronto ("feito por minha amada vó"), além da sua viagem com seus colegas, que você tanto pediu ao seu pai, filha!

— Não quero saber, senão me deixar ir, vou fugir de todo jeito!

— Vou tentar conversar na sua escola, então, meu bem.

Enquanto minha mãe pega nosso Pajero, o jipe que meu pai tanto gosta, e sai em direção à escola, vou à minha gaveta e pego minha caixinha de madeira com rosas lilás, dada por minha vó.

Abro e retiro toda a minha mesada economizada nos últimos meses – um mil, cento e sessenta e sete reais. Estava guardando há algum tempo para trocar de celular, quero o iPhone 6.

Coloco na minha mochila Puma duas calças jeans e umas cinco camisetas apertadas. Soco umas meias, calcinhas e visto, embaixo da calça jeans que estou, uma legging, e em cima, um shortinhos.

Dois sutiãs, quatro camisetas, sendo duas de alcinha e duas grandonas que ficam caídas no ombro. Coloco uma jaqueta jeans preta e uma blusa GAP de moletom vermelha.

Além de levar numa sacolinha de mão uma rasteirinha, sapatilha e meu ursinho marrom com um pote de mel... ganhado de uma amizade colorida de um vizinho.

Sinto um calor enorme, e engordei uns dez quilos com toda essa roupa!

Saio andando apressada para o ponto de ônibus e pego-o em seguida. Logo desço e estou com sorte, já entro no segundo ônibus que me leva para outra cidade, para casa da minha vozinha querida.

Vou subindo a avenida, com a cabeça baixa, muito triste.

E chego à sua rua Ohio, 210.

Na esquina tem uma padaria que muitas vezes eu e minha vó vínhamos aqui buscar uma coca e um rocambole para comer em sua casa, juntamente com sua torta de frango com bacon e queijo que ela faz especialmente para mim. Sou sua neta preferida.

Vou andando apressada e chego a sua casa... antiga, porém para mim é um palacete. Somente lembranças boas.

Abro seu portão velho com cadeado, porém com um truque que quem conhece a casa sabe abri-lo sem chave.

Subo rápido as escadas que estão no cimento e corro numa calçada com pisos vermelhos.

Abro a porta da cozinha e lá está ela toda sorridente, comendo seu enorme prato de salada. Pulo no seu pescoço e dou um beijo na sua bochecha macia.

— Sofia, sua mãe sabe que você veio aqui?! Pergunta feliz e sorrindo por ter me visto.

— Claro vó, ela disse que tudo bem. Até trouxe várias roupas para ficar aqui.

— Mas e suas aulas? Pergunta preocupada.

— Sem problemas vó, já tirei ótimas notas e faltei pouco. Então posso ficar aqui por quanto tempo quiser sem nenhum problema.

— Ai, que bom, Fia! Você vale mais que ouro e sorri, apertando minhas bochechas.

Não suporto quando ela me chama de Fia, mas o que posso fazer? De vez em quando ela chama, e ainda está doente.

— Não estou me sentindo muito bem, você se importa se eu for dormir um pouco?

— Claro que não, vó! Vai lá que vou ajeitando a louça.

Assim que termino, vou olhar minha vó e ela esta lá, dormindo.

Entristeço-me bastante, entro num quartinho fundo que tem na casa que era do meu saudoso avô, está com poucas ferramentas nas velhas prateleiras de madeira feita por ele e outras prateleiras agora está só com produtos de limpeza da minha vó.

Abro um amaciante e sinto um cheiro suave que estão nos lençóis que minha vó usa me cobrindo.

Continuo mexendo e encontro escondido um frasco de perfume. Ao abrir lembro-me que em ocasiões especiais meu vô usava. Passo um pouco no meu punho e pescoço.

E vou para o rude jardim que está no fundo do quintal, cercado por cercas de madeira. Entro abrindo o portão de madeira, e vou caminhando empurrando e pisando nas gramas de quase um metro, sento no chão de terra em cima de alguns matos e choro sem parar, desesperada lembrando-me das nossas histórias.

Um desespero, uma impotência grande invade minha alma.

Fico um tempo lá chorando, quando sinto no meu braço, uma leve lambida não dou importância, deve ser algum inseto e continuo chorando alto desesperada.

Mas sinto algo pesado, encostando no meu braço como se fosse uma borracha. Quando olho para o meu braço direito, deparo-me com uma enorme cabeça de COBRA!!!

O Homem CobraOnde histórias criam vida. Descubra agora