Capítulo 3 - Vocês não estão vendo?!

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(Obra registrada)

Por incrível que pareça acho que consegui ir mais rápido do que estava esperando. E saio fechando rapidamente o portão. E agora, o que eu faço? Não posso deixar esta cobra aqui... e se ela entrar na casa?!

Por outro lado, não posso assustar minha vó.

Vejo que minha vó está dormindo e ligo para os bombeiros.

193 Chamando...

— Oi, por favor, vocês podem vir aqui na rua Ohio, 210?

— Por qual motivo, senhorita? Escuto uma voz do outro lado da linha.

— Tem uma cobra enorme aqui no quintal da minha vó, uma senhora idosa e doente. Vocês precisam me ajudar!

— Mas não tem nenhum vizinho, ninguém que possa tirar pra você?

— Não, não tem, é óbvio! Senão, não estaria ligando!

— Senhorita, como é esta cobra?

— O que isto importa?! É uma cobra!

— Sim, senhorita, mas como ela é, qual o tamanho?

— Não consegui ver com clareza, mas sua cabeça deve ter uns trinta centímetros.

— Kkkkkkkk,

— Você está rindo?! ISTO É RIDÍCULO! Vocês precisam vir ajudar ao invés de rir! É o dever de vocês!

— Senhorita, pelo que está contando, ela é uma anaconda?! E anacondas não existem aqui, principalmente na rua Ohio, 210. Uma cidade urbanizada.

— Olha, por favor, fique na linha, vou ir até o portão espiar novamente. Pode ser que me enganei por medo e contei medidas erradas. Vou tentar ser mais específica. Mas o ponto é: vocês precisam cumprir seu trabalho e vir aqui tirar imediatamente!

Dou uma espiada.

— Vixe, moço! Estou vendo ela de costas andando no jardim! É sério! Ela tem mais de dois metros!

— Senhorita, esta linha é usada por pessoas em emergência. Trotes impedem que ajudemos outras vítimas que realmente necessitam.

— Não estou brincando, venha agora!

— Senhorita, é certeza esta informação?

— É, sim, me ajude, por favor!

— Antes de irmos então, confirme seu nome e endereço. Seu telefone já foi identificado aqui.

— Sofia e na Rua Ohio, 210. Venha rápido, por favor!

Fico escondida, observando a enorme cobra se arrastar pelo quintal. Passou bem próxima a mim, parece que ela percebe onde estou. Será que elas sentem cheiros? E não é que espionando, ela é muito linda? Toda colorida como um arco-íris.

Escuto a campanhia tocando desço correndo para não acordar minha vó.

— Podem entrar!

Falo entusiasmada para dois bombeiros.

— Desde quando tem visto esta cobra aqui senhorita?

— Desde ontem, senhor. Pensei que ela iria embora, mas não foi. Por isso chamei vocês, vai que tem um ninho e elas começam a invadir a casa. Sei lá!

— Nos mostre senhorita!

Aponto para o jardim: — É lá que ela está! Vão com cuidado, não abre o portão.

Eles olham pelas frestas do velho portão de madeira.

— Senhorita, pode nos ajudar? Não estamos vendo nada!

— Não é possível, ela estava andando aí, até vocês tocarem a campanhia e eu descer.

— Não vemos nada!

— Calma, vou mostrar para vocês!

Quando vou espiar também não vejo nada...

— Ela deve estar escondida, só pode!

— Senhorita, fica aí no portão, vamos entrar e dar uma olhada.

— Claro, muito obrigada!

Eles entram no jardim, começam a mexer nos matos, chutam com os pés, olham nas árvores procurando a cobra e nada.

— Nada de cobra, senhorita! E pelo tamanho que a senhorita mencionou, já deveríamos ter visto!

— Vocês precisam acreditar em mim, prometo, dou minha palavra! Ela deve ter escondido em algum lugar!

—Senhorita, não existe cobra alguma aqui.

— Existe sim. Falo desesperada. Acreditem, por favor! Olhem novamente.

— Já olhamos em tudo, não tem mais o que ver. Vamos indo.

— O que esta acontecendo, Sofia? Diz minha vó.

— Nada não, vó! Achei ter visto um gatinho em cima da árvore sem conseguir descer. Mas pelo visto me enganei.

— É sim, senhorita, com certeza se enganou, diz um dos bombeiros.

E continua: — Vó, sua neta parece estar sob bastante pressão, procure um tratamento mental urgente.

— Claro que não vó, estou bem! Vou acompanhá-los até lá embaixo.

— Vocês deviam ter acreditado, eu vi a cobra! Falo estressada.

Um dos bombeiros, tira um cartão do bolso e me diz:

— Quando quiser ligue para mim, posso te mostrar várias coisas... e pisca para mim.

Jogo o cartão no chão, pisando e digo:

— SEU SAFADO, RIDÍCULO!

Fecho o portão e subo.

— Por que você achou que devia chamar os bombeiros, Sofia?

— Fiquei com dó, do gatinho vó. Vou ir lá ao jardim ler novamente, já que o gatinho já se salvou.

— Cuidado, Fia. Diz minha vó.

Devo estar louca mesmo, como vi aquela cobra! Que mico! Penso.

Ai, e "fia"?! Ninguém merece...



O Homem CobraOnde histórias criam vida. Descubra agora