Capítulo 3 - Respostas

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Seu beijo era intoxicante, uma conexão inexplicável unia meu corpo ao dele. Passei os braços por seus ombros nus. Era tão inusitado, como se minha alma tivesse achado o pedaço que faltava. Tentei não me afetar, mas tê-lo em cima de mim, com seu corpo contra o meu, tornou-se algo impossível de ignorar. Suas mãos foram na direção das alças do meu vestido, mas eu as segurei e ele se afastou o suficiente para que me sentasse.

— Não sei o seu nome.

E esse era o menor dos problemas em que eu estava metida.

— Me chame de Henrique.

Henrique... Um nome forte para um homem de presença.

— Você sabe muito sobre mim. — A noção de que aquilo era errado em muitos níveis pesou em minha consciência. — E eu não sei nada sobre você.

— É melhor assim, Izzy. Você conhece meu rosto, isso já é saber demais, não quero colocar sua segurança em risco — Henrique falou com seriedade, mantendo, em seguida, a boca em uma linha fina e a testa franzida em preocupação.

Vários sinais de alerta voltaram a piscar em minha mente. Ele aparentava ter as mesmas peculiaridades que eu e o nível de conhecimento muito maior que o meu. Precisava recordar que ele trabalhava no Reich e era capanga do Heinz. Inimigo. Eles eram meus inimigos, o que me deixava em desvantagem, algo estranho para mim, que costumava ser mais forte do que uma pessoa normal e nunca adoecia. Afastei meu corpo do dele, sem a mínima vontade de testar quão indestrutível eu era.

— Por quê? — ansiosa, o questionei.

— Eu não deveria me importar. — Henrique colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e acariciou a minha bochecha. — Se tivesse seguido o protocolo, você estaria acorrentada no calabouço, mas não pude. Precisava te manter por perto.

Honestamente? Ainda estava processando a parte em que ele tinha um calabouço. Tentei me afastar mais, desvencilhar de seu abraço. Não importava a atração que existia entre nós, não quando ele afirmava que possuía um calabouço e que eu deveria estar nele! O desespero real começou a me dominar.

— Um dia vou sair daqui?

Em vez de responder, ele levantou e apertou um ponto específico na parede, fazendo com que um painel se abrisse. De lá, Henrique retirou água e frutas. Era uma geladeira embutida. Quando a porta deslizou de volta para o lugar, não ficava perceptível sua localização.

— Você deve estar com sede e fome.

Fingiu que uma conversa sobre calabouços não tinha acontecido um segundo antes, então levantei-me com raiva. Sede e fome? Eu estava, mas não eram minha prioridade.

— Dane-se a água. — Bati na jarra que ele segurava, espatifando-a contra o chão. — Quero segurança e exijo minha liberdade de volta!

Se eu estava furiosa, o que ele tinha em seu olhar era muito pior. Em um segundo, fui prensada contra a parede e Henrique me segurou pelo pescoço. O corpo forte agora me prendia de uma forma diferente, sem um vestígio de sensualidade. Meus pés não chegavam a tocar o chão. O rosto dele transtornado em uma ira pura.

— Não me teste, Isadora. Por muito menos... — Respirou fundo e me desceu, voltei a apoiar meu próprio peso. — Não quero te machucar, mas nunca estará totalmente segura comigo. Se é segurança que procura, jamais deveria ter entrado no clube Reich.

Coloquei minha mão em seu peito, para mantê-lo afastado, e as batidas aceleradas do coração de Henrique chamaram minha atenção. Lembrei-me de uma memória perdida da minha infância.

"Feche os olhos, Izzy, concentre-se! Está ouvindo?"

Uma mulher pressionou minha mão acima de seus seios e eu sorri para ela:

Reich - AMOSTRA DA 2ª EDIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora