Capítulo 2

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Daniel colocava no travesseiro a última fronha, Victor acendia a lareira e Bia, é claro, começava uma guerra de travesseiros, enfurecendo seu primo mais velho. Luca olhava pela janela a neve que caia lá fora:

- Mari, quanto tempo nossos pais vão ficar fora?

- Duas semanas - respondeu ela, carregando a bandeja com o jantar e se ajeitando em um dos colchões. - A não ser que o tempo piore por lá...

- Ou a gente se mate por aqui... - resmungou Victor, pegando uma caneca.

- Por falar em mortes - começou Bia - vocês não acham que esse tempo combina com histórias de terror!?

- Ah, véi, tenha dó! - exclamou Victor. - Eu não quero ouvir aquela história do caseiro e da biblioteca de novo, nem começa!

- Que história? - perguntou Luca.

- Uma história idiota pra assustar crianças - respondeu Daniel dando de ombros e pegando um marshmallow. - A Mariel contou essa história um milhão de vezes pra gente... E ainda falou que era verdade, pff...

- Mas era verdade! Vocês que não acreditam... - reclamou ela, já preocupada se a energia iria cair ou não e se era melhor eles procurarem algumas velas pela casa.

- Bom, se vocês forem parar pra pensar, todas as vezes que ela contou essa história alguma coisa estranha aconteceu, né - comentou Bia.

- Se você entende que lâmpadas falharem e a porta se abrir são anomalias, então sim. - falou Victor.

- Eu não me importo, quero ouvir essa história! Não é justo todos vocês terem ouvido menos eu! - exclamou Luca.

Enquanto os meninos protestavam e Bia iniciava uma nova guerra de travesseiros, Mariel se levantou:

- Ok, gente, já chega! Olha, vamos fazer o seguinte: (Bia, abaixe o travesseiro) eu conto a história - ela levantou uma mão para segurar os protestos de Victor e Daniel que já abriam suas bocas cheias de marshmallow - aí a gente vê se alguma coisa estranha acontece de novo. Se não acontecer nada, então era tudo uma coincidência, e aí eu juro que essa é a última vez que eu conto essa história.

Todos ficaram em silêncio.

Daniel o quebrou:

- E se acontecer alguma coisa?

- Bom... Vocês são os homens aqui, vocês que se virem... - ela deu de ombros.

Como não houve mais nenhuma reclamação, Mariel se sentou, pegou sua caneca de chocolate, encheu a mão de marshmallows e iniciou a história maldita:

"Quando a vóvs e o vôvs compraram essa casa, com ela veio um caseiro, que trabalhou aqui a vida inteira. Você não o conheceu, Luca, porque ele trabalhou aqui só no começo da mudança e já faz tempo que ele foi embora.

Mas eu me lembro que no primeiro dia da mudança, eu, a Vivi, a Ju, a Lê e o Fábio saímos pela casa, correndo pra ver todos os cômodos e estressando bastante nossos pais. Enquanto os outros estavam nos andares de cima da casa, eu resolvi descer as escadas que dão pra garagem e, depois do gramado, de frente pro pé de acerola, eu encontrei uma porta.

Ela estava fechada, mas a chave estava lá. Eu não aguentei, girei a chave e abri.

A porta se abriu com um daqueles rangidos de filme de terror que me fez arrepiar inteira.

A Casa MalditaOnde histórias criam vida. Descubra agora