Capítulo Seis e Sete: "Coisas que esqueci ao nascer".

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- Lice? Oi, é a Cathie... To ligando pra avisar que o Thom teve que ir pra uma reunião com a gravadora e não vai conseguir chegar a tempo pra ver a apresentação da Penny... Sinto muito... Ok, filma tudo pra gente... Beijo - Alice quase pulou de alegria ou ouvir a mensagem de voz da amiga, mas logo sentiu o sentimento murchar, afinal, como explicaria para a filha a ausência deThom?
- Mamãe! Porque você tá chorando?
- Ai meu Deus! - Alice praticamente gritou e pegou a filha no colo - Você é coisa mais linda que eu já vi na vida!
- Eu não to entendo nada - Penny disse rindo ao ser agarrada por Alice.
- A doida da sua mamãe está chorando de felicidade, gatinha! - a garota pegou o celular e começou a tirar fotos de sua pequena bailarina - Você está muito linda!
- Já tá na hora de ir pra escola? - ao ser colocada no chão, Penn começou a fazer caretas para a câmera da mãe - o tio Thom vai com a gente?
- Hum... Gatinha, eu não sei se o tio Thom vai chegar a tempo... Ele está trabalhando... Mas prometeu assistir o vídeo com você e a vovó no fim de semana.
- Mas, mas... - o bico foi se formando - Ele prometeu ir... Ele...
- Meu amor, lembra que a mamãe disse sobre gente grande ter obrigações? O tio Thom tem que trabalhar...
- MAS ELE PROMETEU! - as primeiras lágrimas já caiam dos olhos azuis da pequena.
- A culpa não é dele por não poder ir, Penny... E se você continuar chorando, estará com o rostinho todo inchado na hora do ballet... Você quer que a vovó e o vovô do Brasil te vejam assim no video que a mamãe vai gravar pra eles?
- Nã-não... - falar sobre a família no Brasil geralmente resolvia o assunto: Penn tinha um amor incomparável pelos parentes que ela via apenas algumas vezes ao ano, porém falava constantemente por Skype.
- 0k, então chega de choro e vamos pra escola! Estou doida pra ver minha bailarina em ação! -Alice disse sorridente, mesmo que por dentro doesse ver sua menininha limpar as lagrimas e fungar, ainda triste por não ter Thom num dia tão especial.
- Oi Penelope, você está linda! A senhora Danes vai te levar até a sua turma... Senhorita Cooper, como vai? - a bonita professora de Penny a cumprimentou sorridente assim que a pequena seguiu a senhora Danes até um dos camarins improvisados na escola.
- Senhorita Waldorf, muito bem e você?
- Tudo ótimo! Ainda mais por saber que o pai da Penelope conseguiu uma brecha na agenda e poderá vir! - a jovem e bonita professora de Penn parecia de fato radiante com a notícia.
- P-pai dela? - a imagem de Nick se formou rapidamente em sua mente, fazendo seu coração disparar.
- É! A Penelope não para de falar sobre ele! As outras crianças elas adoraram a ideia do pai de uma amiguinha ter uma banda!
- Banda? - a voz de Alice saiu esganiçada, fazendo a professora franzir as sobrancelhas.
- Senhorita Cooper, está tudo bem?
- Desculpe, está tudo bem... Só foi uma semana cansativa - Alice forçou um sorriso e agradeceu mentalmente quando outros pais chegaram com suas miniaturas de bailarinas e a professora teve que recebê-los.
Alice foi até a sala onde viu Penelope entrar e parou na porta quando viu a filha interagir com as amiguinhas... Seu sorriso murchou instantaneamente ao ouvir o teor da conversa das crianças.
- É mentira! - uma garotinha ruiva, que Alice reconheceu como sendo Annabelle, acusou com sua vozinha aguda.
- Não é mentira! O meu papai vinha sim me ver dançar! Mas ele teve que trabalhar e... - Penny retrucou levantando as sobrancelhas.
- Você não tem papai, mentirosa! - quando Alice estava prestes á interferir, ouviu a filha responder de um jeito assustadoramente parecido com o seu jeito de falar:
- Eu não posso fazer nada se você não acredita em mim!
Ao ouvir a frase tão madura da sua filha de 4 anos, Alice percebeu que era hora de engolir o orgulho e fazer uma ligação.
- Alô?
- O-oi Thom.
- Oi Lice.
- Oi... É... Eu sei que você está trabalhando, mas...
- Eu não estou trabalhando!
- Você não esta na gravadora?
- O que? Não! Porque você me desconvida e agora diz que eu to trabalhando?
- Te des... Que barulho é esse? Onde você está?
- Aqui - essa palavra foi pronunciada atrás da garota, fazendo-a soltar um gritinho e assim chamando atenção da filha, que teve o rostinho iluminado ao ver Thom parado ao lado da mãe em frente á sala.
- Você veio! Você veio! - Penny foi correndo para os braços do garoto, sorrindo de um jeito que deixou Alice com ciúmes.
- Claro que eu vim! - Thom sorria abertamente ao abraçar a pequena - Até parece que eu perderia a chance de te ver parecendo uma princesa de verdade e dançando!
- Mas a mamãe disse que você tinha obrigações de gente grande!
- Claro que a sua mamãe disse isso... - o rapaz olhou feio para Alice, que ainda observava tudo boquiaberta.
- Eu tenho que ensaiar... - Penn desceu do colo de Thom e o olhou com aquela carinha de ansiedade - Promete que não vai embora?
- Claro que prometo, linda - assim que a pequena saiu correndo de volta para a sala,Thom virou para a mãe dela - Ok, hora de se explicar.
- Me explicar? Eu não tenho nada pra explicar -Alice saiu andando pelo corredor, tentando evitar contar á ele a verdade.
- Não se faz de louca, Cooper - ele puxou a garota pelo braço, obrigando Alice a encara-lo - Porque você disse pra Cathie que a apresentação tinha sido cancelada?
- E-eu não...
- Se não fosse pela minha mãe ligar para pedir que eu sentasse o mais perto do palco possível para conseguir o melhor vídeo possível... Eu nunca teria chego aqui a tempo!
- Thom, eu...
- Porque você está gaguejando? O que você está escondendo?
- Porque você acha que eu to escondendo alguma coisa?
- Você está com aquela cara suspeita... O que aconteceu?
- Nada! Você é paranoico!
- Alice, é sério. Se você não... - a frase de Thom foi interrompida por um grito infantil seguido por um choro.
- Penelope - os dois disseram juntos e saíram apressados até a sala onde encontraram a pequena e Annabelle chorando. Thom se apressou pegando Penny no colo e tirando-a da sala.
- Oi princesa, o que foi? - ele ficou de costas para as outras pessoas no final do corredor, não deixando que mais ninguém visse as lágrimas de Penny.
- Eu não quero d-dançar - a menininha disse aos soluços, abraçando Thom pelo pescoço com os dois bracinhos.
- Mas você tava tão animada... O que aconteceu? - o rapaz falava baixinho, observando seu reflexo no espelho á direita. Era incrível como a menina parecia sua... Vestindo a roupinha cor de rosa da apresentação de ballet, o cabelo preso por uma fita colorida...
- A Annabelle disse que eu a-atrapalho tudo, que eu só erro... Mas eu sei esse passo, e-eu ensaiei - Penny o olhou nos olhos, fazendo biquinho, para logo sussurrar - E ela ri de mim por não ter papai.
- Ah, meu amor - o garoto a abraçou, sentindo o coração apertado ao ouvir aquela confissão de uma criança - O Tio Thom vai resolver isso, combinado? Mas você precisa prometer parar de chorar e dançar do jeitinho que você me mostrou na casa da vovó, okay?
- Okay.
- Agora vamos secas essas lágrimas - ele limpou o rostinho da menina com os polegares e beijou sua bochecha - Agora me mostra quem é a Annabelle.
- É aquela ali, com cara de malvada - Thom teve que morder o lábio para não rir e assim parecer que era certo o que a garotinha havia dito.
- Olá, os senhores devem ser os pais da Annabelle, certo? - ele se aproximou do casal, ambos na casa dos 30 anos, e sorriu.
- Sim, essa é minha esposa Hilarie e sou Anton Charleston... Você é algum tio da Penelope?
- Tio? Porque o senhor acha que eu sou tio dela?
- Annabelle disse que Penelope não tem pai, então eu presumi...
- O senhor, como a sua filha, presumiu errado -Thom deu um sorriso largo e beijou a cabeça de Penn, que estava apoiada em seu ombro - Eu sou o pai da Penelope.
- Peço desculpas pelo equivoco, senhor...
- Rhor, Thom Rhor - ele estendeu a mão e cumprimentou o casal, ainda sorrindo - Olá Annabelle, minha filha disse que você a ajudou a aprender a dança que vão apresentar. Muito obrigada por isso.
- E-eu... De nada - a garotinha ficou da cor de seus cabelos, ainda boquiaberta diante do pai de Penn.
- Bom, foi um prazer conhecê-los... Acredito que nos veremos mais vezes - a vontade de rir só aumentava, ainda mais ao ver a cara de Alice observando a cena.
- Claro, claro - o senhor Chalerston sorriu e parecia de fato ter gostado do rapaz - Devemos também marcar um almoço entre nossas famílias.
A apresentação de ballet da turma da senhora Wadorf foi a mais aplaudida do dia. Ou pelo menos foi isso que Alice e Thom acharam. Ambos sorriam feito bobos enquanto tiravam fotos e filmavam a dança de Penny.
Quando acabou, todos os pais foram convidados á tirar fotos oficiais para o mural da escola.
- Vem, tira foto com a gente! - Penny puxavaThom com toda sua força pela mão, fazendo o rapaz sorrir sem jeito e ir para o lado da mãe da garotinha.
- Desculpe por isso - Lice sussurrou de bochechas coradas.
- Sem problema - Thom disse sem graça, logo pegando Penn no colo e parando por um momento, sem ter certeza de deveria colocar o braço em volta da cintura de Alice, como assistiu os outros pais fazendo com as mães no momento da fotografia.
- Abraça a mamãe assim ó! - disse Penelope, com seu incrivel dom de constranger os dois adultos ainda mais, se contorceu no colo deThom até alcançar seu braço e coloca-lo em volta de Alice.
- Vamos lá, familia! Sorrindo pra senhor Wintropp - a organizadora do evento gritou, apontando para o fotógrafo - Digam "cheese"... 1,2,3 e...
- Queijo! - as meninas disseram juntas em português no momento do flash, deixando tanto o fotografo quanto a organizadora confusos, enquanto Thom ria ao virar para Alice.
- Não vale! Vocês falam 2 línguas e eu não! - os dois riam se olhando, sem perceber que o senhor Wintropp tirava outra foto do momento, com Penny fazendo uma careta vesga.
- Essa foto merece uma moldura - a organizadora disse sorrindo - Parabéns pela linda família!
- Onde está seu carro? - Thom perguntou assim que saíram da escola, no começo da noite.
- Está na oficina, nós viemos de táxi - Alice mantinha sua concentração em Penny rodopiando na calçada á sua frente, adorando ver o vestido girar.
- Vamos, eu levo vocês pra casa.
- Não precisa, nós... - Alice foi deixada falando sozinha quando Thom pegou Penn pela mão e começou a correr, rindo, em direção ao seu carro - Ei, voltem aqui!
- Corre, Penn, corre! - Thom gritava, fazendo a criança gargalhar.
- Ah eu vou pegar você, sua traidora! - Alice também já ria enquanto tentava não cair de seus saltos - Largando a mamãe sozinha pra fugir com o tio Thom!
- Vamos, vamos! A mamãe tá chegando!
Algumas pessoas na rua não podiam evitar sorrir para a cena: um rapaz de jeans e camisa preta correndo de mãos dadas com uma menininha de tutu cor de rosa, sendo perseguidos por uma moça de vestido azul marinho e sapatos vermelhos. Os três gargalhando.
- Não! Nós vamos pegar a mamãe! - Thom, de repente, parou de correr e virou: assustandoAlice, que não conseguiu parar a tempo e acabou esbarrando no rapaz, logo sendo envolvida por seus braços - Vem, Penn! Faz cócegas nela, eu a seguro pra você! Vem!
- Isso não vale! Aaaah socorro! - Alice fingia tentar escapar de Thom enquanto a pequena erguia as mãozinhas e ria.
- Cosquinhas na mamãe! Ela vai fugir, ela vai fugir - Penn gritava ás gargalhadas - Abraça ela direto, papai.
Capítulo Sete: "Pegue a capa, use a capa, voe".
- Dá pra acreditar que minha mãe vai casar? - )se maquiava no banco do passageiro do carro de Alice.
- Bem ela que sempre disse que nunca encontraria alguém pra substituir seu pai... Ai to tão feliz - Lice sorria para o nada, contagiada pela alegria da Sra. Rhor.
- Eu também! Mas acho que ninguém está mais radiante que o Mark... Ele ainda não acredita que ela disse sim!
- Coisa mais fofa esses dois velhinhos - Alice disse rindo do apelido que os jovens haviam dado ao casal.
- Falando em coisa mais fofa... - Carrie olhou maliciosamente para a amiga - ...que história é essa do meu irmão se apresentar como pai da Penny?
- Ai menina, nem me lembra disso! Eu quase tive um ataque cardíaco quando ouvi o maluco do seu irmão falar aquilo! Eu to com medo das proporções disso, sabe?
- Alguém da escola sacou que ele era o Thom do McFly?
- Não sei, pelo menos ninguém demonstrou reconhecê-lo, mas concorda que é sorte demais? To com muito medo disso cair na mídia...
- Mas ele deve saber o que faz, Lice!
- Meu medo não é com a imagem do seu irmão,Carrie, ele de fato sabe as consequências do que fez... - ao parar num semáforo, Alice encarou a amiga e mordeu o lábio - Eu fico apavorada só de pensar que alguém pode fotografar a Penn... E se o Nicholas vê? Ela é a cópia dele, não como negar que são pai e filha.
- Mas Lice, você já pensou em contar pra ele? -Carrie falava calmamente, abordando o assunto com delicadeza - Acho que ele tem o direito de saber que é pai.... Não acha?
- Eu acho... Mas cara, eu sempre tive essa sensação horrível sobre o assunto! Eu sinto que o Nicholas vai tomar minha filha, sabe? Eu sei que ele não faria isso, mas a sensação sempre vem quando penso sobre isso... Tipo um sexto sentido, uma premonição... E tem o seu irmão...
- O que tem ele?
- Eu sempre desisti da ideia de contar ao Nicholas, pensando na reação do Thom... Ainda mais agora que ele tem essa relação tão próxima com a Penn... Eu não acho que ele receberia muito bem a noticia.
- Eu acho que você o subestima - Carrie cortou o raciocínio da amiga, sem conseguir se conter - Eu acho que você já tomou decisões demais por ele... E cara, eu prometi a mim mesma não interferir nesse dramalhão mexicano de vocês, mas uma coisa eu preciso perguntar e quero que você responda a verdade, do fundo do coração
- Você ainda o ama? - Carrie fitou o perfil da amiga, enquanto essa fazia uma careta ao processar a perguntar e ao mesmo tempo avistar Cathie parada em entre ao ateliê onde buscariam seus vestidos para o casamento.
- Ah, eu amo sim - confessou num suspirou, começando a manobrar o carro na vaga atrás do carro de Cathie - E esse amor me faz ter vontade de me estapear cada minuto que fico perto dele... Tenho vontade de esganar seu irmão por simplesmente não me deixar em paz... Mas principalmente, eu tenho vontade de esfolar a cara da Catherine com uma faca de pão.
- De pão? - Carrie gargalhou com a confissão da amiga.
- De pão! Centímetro por centímetro! - Alice também ria, vendo Cathie se aproximar quando ela terminou de encaixar seu carro na vaga - E ai, cara?
- Suave? - Cathie entrou na onda, rindo ao abraçar as amigas quando elas saíram
- Minhas amigas do gueto, senhoras e senhores - Carrie fez graça e logo elas entraram na loja para retirar seus vestidos.
- Ai porque eu concordei com esse casamento? - a sra. Rhor perguntava a si mesma, desesperada.
- Calma, mãe! - Carrie a pegou pelos ombros e a sentou numa das cadeiras da cozinha - A gente vai dar um jeito em tudo!
- Isso só pode ser um sinal, só pode ser! - Joan apoiou as mãos na cabeça e
- Que mané sinal, tia! - Alice lhe ofereceu um copo d'água no momento em que Thom chegou acompanhado dos amigos e suas respectivas namoradas.
- Pronto, chegamos! Qual é a emergência?
- A organizadora do casamento da tia Joan pediu demissão na semana passada, ela foi trabalhar pro concorrente e passou todas as coisas da tia e do Mark para outro casal! -Carrie informou rapidamente, de olho na reação da mãe - Já conseguimos alinhar com a empresa tudo para o casamento no sábado, mas eles não conseguem fazer o jantar de ensaio amanhã.
- Caralho - Thom soltou ao sentar ao lado da mãe.
- Olha a boca, garoto - a senhora o repreendeu.
- Então galera - Alice tomou a frente da situação - Precisamos de ajuda pra organizar tudo!
- Tudo o que? É só achar outro buffet! - Danny disse como se fosse óbvio.
- Er, não é tão simples assim - Alice pegou a lista que haviam preparado momentos antes - Precisamos dividir tarefas, eu vou falando os itens e vocês escolhem o que fazer, okay? - vendo os acenos de cabeça, ela prosseguiu -
- Danny - todos disseram ao mesmo tempo.
- Carrie separou as músicas marcantes da vida deles nesse pendrive - Alice o entregou ao amigo e continuou - Flores?
- Eu! - Olivia se manifestou.
- As fotos dos arranjos que a tia Joan tinha escolhido estão nessa pasta, aquela floricultura na Belgrave pode ajudar - Lice sorriu para a amiga - Sobremesas e o jantar?
- Eu cuido disso - Carrie levantou a mão.
- Jantar? - Giovanna e Tom formaram uma dupla, já que esse era o item principal
- Uma prima do Mark pode ajudar, eu cuido disso - a sra. Rhor disse meio sem
- Decoração? - Alice mal terminou de ler e já completou - Eu fico com isso eacabamos a lista.
- E eu? - Thom perguntou em seguida.
- Você pode ajudar o Danny com a musica - Olivia sugeriu.
- Não tem muito com o que ajudar, na verdade - o rapaz comentou sem jeito.
- A Lice é que está com o item mais trabalhoso e sozinha - Joan comentou como quem não quer nada - Filho, você pode ajuda-la.
- E quem vai cuidar da Penelope? - ele revidou.
- Gabriel vai ficar com ela até a hora do jantar amanhã - Alice informou.
- Você quer a minha ajuda? - o garoto a olhou como se não tivesse mais ninguém
- Claro, porque não? - Lice forçou um sorriso e todos foram cuidar de suas
- Eu conheço uma loja especializada - Alice comentou ao entrar no carro de Thom, que sorriu ao ouvir a informação - Mas ela fica em Peterborough.
- Nossa! Mas porque tão longe assim? - ele fez careta e logo começou a dirigir.
- Eu fui até lá no mês passado fazer uma entrega especial do ateliê pra uma multimilionária e vi essa loja... Você conhece outra?
- Não, e as que pesquisamos na internet não tem uma cara muito confiável - Thom falava prestando atenção no trânsito ao sair do calmo bairro onde sua mãe morava e entrar na rodovia - Devemos chegar lá em menos de duas horas... Você pode adiantar e ir ligando, o que acha? - Boa ideia! - Alice pegou o número da loja na internet e ligou, passando as coordenadas para a atendente, logo enviou um e-mail com as fotos da decoração previamente escolhida por Joan. Quase vinte minutos depois ela finalmente desligou - O nome dela é Sienna e disse que tem coisas bem parecidas com as que queremos. Disse também que vai separar tudo e podemos decidir quando chegar
- Eu ouvi algo sobre ela não ter equipe pra montar tudo, é isso mesmo?
- Infelizmente sim, mas se ela tiver tudo, acho que conseguimos arrumar nós
- Eu fico sem dormir, sem comer, mas a minha mãe terá tudo do jeito que sonhou
- Thom disse de um jeito protetor, fazendoAlice dar um sorriso bobo.
- E você virou especialista em decoração em que momento desses quatro anos que não te vejo? - a garota se puniu mentalmente ao terminar a frase, esperando uma resposta atravessada.
- Bom, na verdade você também não vai dormir nem comer até terminarmos - ele a surpreendeu com a resposta risonha.
- Ah espertinho! Só não nego porque sua mãe é importante demais pra mim.
- Sem falar que a Penelope teria um treco se alguém a impedisse de usar o bendito vestido de girar.
- Ela te contou sobre isso?
- Ela não para de falar sobre isso, cara!
- Essa menina é uma matraca!
- Feito a mãe! - ele logo retrucou rindo - Até hoje eu não sei como aguentei essa falação toda durante tanto tempo.
- Ai! Essa doeu! - Alice falou forçando uma risada.
- Eu não quis dizer como uma critica - Thom a olhou quando parou num semáforo - Eu adorava te ouvir falar e falar sobre um seriado novo ou sobre alguma matéria ou documentário da National Geographic.
- Você acredita que a Penn ama assistir comigo? As vezes eu até esqueço que ela nem tem cinco anos ainda.
- Você realmente acha que seria diferente,Alice? Ela é você em miniatura... Menos fisicamente, ela é mais bonita!
- Ai, essa doeu mais ainda! - Alice riu de verdade dessa vez - As pessoas dizem que ela tem meu nariz e meu sorriso, okay?
- O nariz eu concordo, mas o sorriso? Me lembra um pouco o da Carrie quando era pequena - Thom parecia não prestar atenção no que falava, voltando a dirigir - Viagem minha, né? Afinal, ela é a cópia do Hoult.
- Não vamos entrar nesse assunto, Thom, a gente sabe que não termina bem.
- Ah qual é, Lice! Nós dois sabemos que em algum momento teremos que conversar sobre o que aconteceu desde o momento em que você me deixou com cara de otário no aeroporto e quando nos vimos na casa da minha mãe há alguns meses - ele continuava dirigindo, aproveitando o fato de não ter que olha-la nos olhos para manter o assunto - Nós temos duas horas de viagem pela frente, só nós dois nesse carro... Quer momento melhor?
- Eu não sei se to preparada pra isso... Me desculpa.
- Eu não quero desculpas, nem esse seu medo infantil - Thom respirou fundo antes de continuar - Foi mal, foi mal. Você tem certeza que não quer falar?
- Eu quero... Mas não sei se vamos terminar bem- Alice mexia nervosamente na barra de sua saia rodada azul turquesa, as vezes olhando o perfil do rapaz que amava concentrado na estrada.
- Estamos quase cinco anos mais velhos desde a nossa última briga, acho que isso significa um pouco de maturidade, certo? A gente pode pelo menos tentar ter uma conversa civilizada... As pessoas que nos cercam merecem isso... A Penelope
- E tem isso - Alice interrompeu - Essa sua ligação inexplicável com ela... Ela nem sabia quem você era, até bum! Começou a falar sobre o tio Thom e nunca mais parou! Você tem ido tanto assim na casa da sua mãe?
- Não ia, até que um dia passei lá pra pegar umas coisas e a Penelope estava brincando no jardim, vestida de princesa e usando galochas amarelas... Quando percebi, estava caçando caramujos e usando a tiara dela! - Thom terminou a frase com uma gargalhada meio timida, fazendo Alice rir também.
- Ela tem esse poder de nos deixar nas situações mais sinistras sem nem saber
- Isso sem falar que quando cheguei no meu apartamento percebi que tinha prometido voltar na dia seguinte para assistir Anastasia com ela! - Thom não conseguia parar de rir ao lembrar da cena.
- Agora eu entendo o motivo da sua mãe querer tanto buscar a Penny na escola todos os dias... Era por sua causa!
- No começo eu até tentei evitar ter qualquer contato com ela... Com qualquer coisa ligada á vocês, na verdade - ele coçou a cabeça e fingiu prestar atenção no retrovisor - Mas tem como evitar gostar daquela coisinha?
- Não tem! Eu mesma não queria que ela ficasse muito perto de você... Se soubesse que você estava na casa da sua mãe todos esses dias, não teria deixado
- Porque? Eu não querer ficar perto dela é uma coisa, mas você? Não entendi.
- Eu não queria te forçar a aceitar nossa presença, sabe? Já basta a Penny chamar sua mãe de avó, sua irmã de tia e ser afilhada do seu melhor amigo e da sua namorada... Você já está aguentando o suficiente. - E sem falar que ela é filha da minha ex-namorada... Que engravidou enquanto ainda tava comigo! - ele disse irônicamente, como se não falasse dele próprio - Você pretende contar pra ela algum dia? Sobre como ela foi concebida?
- Não sei... Quando ela for bem mais velha, quem sabe - Alice já tinha ensaiado mentalmente essa conversa durante anos, para justamente manter a compostura.
- E sobre o pai dela? Eles se vêem com frequencia? - Lice viu de soslaio Thom trincar o maxilar ao fazer a pergunta.
- Ele não sabe sobre ela... Acho que se algum dia ela quiser conhecê-lo, talvez... Isso vai depender dela...
- Você tem noção de que isso é errado, não é? Ela tem direito á um pai, ele tem direito de saber que é pai!
- Eu tenho medo...
- Dele tira-la de você?
- É
- Ele não faria isso, pelo o que me lembro do jeito dele... Mas se ele tentasse, a Catherine o destruiria no tribunal!
- Ela pegaria a causa?
- E porque não? Você acha que ela quer ver a afilhada dela longe da mãe?
- É só que... Minha relação com a Cathie está estranha, não sei mais o que pensar
- Ela é sua melhor amiga, isso não vai mudar... Não se afaste, por favor... Essasituação está sendo bem dificil pra ela...
- Pra ela? - Lice não aguentou e perguntou de um jeito irônico.
- É, pra ela! - Thom rebateu sério - Acha que é fácil estar no lugar dela? No meio dessa merda toda?
- Ela é única pessoa nessa merda toda que se envolveu porque quis! Não é possivel que ela tenha pensado que tudo seria um mar de rosas, mesmo sabendo do nosso histórico atordoado e confuso!
- Ela não pôde evitar!
- Ah, por favor, Rhor... Não a trate como criança, ela sabia no que estava se metendo
- Agora ela tem culpa por ter se apaixonado?
- Ah, agora vocês estão apaixonados?
- Te incomoda?
- Nem um pouco, só acho um absurdo. - Por qual motivo? Eu tenho seu nome na testa? Eu deveria permenecer intocado até você resolver voltar e decidir se me queria?
- Não, não deveria... Você deveria ter seguido em frente com qualquer uma, menos a minha melhor amiga! - Alice agradeceu mentalmente quando pararam num engarrafamento, assim ela podia encara-lo e demonstrar sua frustação - Um pouco suspeito, concorda?
- O que? Eu precisava da sua prévia aprovação pra transar com alguem? - ele arqueou a sobrancelha, sentindo o sangue correr mais rápido, sentindo a adrenalina que só brigas com a Alice trazia.
- Um minuto atrás você estava apaixonado por ela, agora ela é só uma transa... Está se confundindo, Rhor?
- Nem um pouco, Cooper... O que eu faço ou deixo de fazer entre quatro paredes, seja com a Cathie ou outra mulher, não te diz respeito.
- Não mesmo! Você só deveria parar de se esforçar tanto para que seja - a respiração deLice começava a descompassar.
- Você acha que eu faço pra te provocar? Dá um tempo, Cooper! Seu ego tá mais inflado do que antes! Você não faz mais diferença na minha vida!
- Só o meu ego, né? E você realmente acha que eu me importo com qualquer coisa que te envolva?
- Não minta, você sabe que te afeta... Do mesmo jeito que me afeta - ele ainda falava como se contasse a historia de outra pessoa, seguindo a lentidão do trânsito, olhando para a garota ao seu lado de tempos em tempos.
- É claro que afeta! Não dá pra fingir que nada aconteceu, por mais que eu tente - Alice confessou mais calma - Eu realmente fui ingênua o suficiente pra achar que as coisas seriam mais fáceis, que nós já teriamos superado, deixado o passado pra trás... Mas não dá, né?
- Nós somos Thom e Alice, nada que nos envolve é fácil, nunca foi e nunca será - ele finalmente começava a demonstrar alguma emoção nas palavras - A gente só precisa falar tudo o que tá entalado de uma vez e ver se conseguimos ter uma relação saudável, pela Penelope.
- Você realmente quer fazer parte da vida dela? Você entende que isso me inclui? Ela significa tanto assim pra você?
- Ela já faz parte da minha vida! Tudo o que você fez pra me afastar dela não adiantou... Apesar do que falamos pra chatinha da Annabelle, eu não sou o pai dela, eu sei disso... Mas isso não muda o que eu sinto pela sua filha...
- É justamente esse tipo de comentário que me incomoda! Você tem que lembrar o tempo todo que ela é filha de outro... Você fala que eu não faço diferença na sua vida, mas sem que tem a oportunidade, você me alfineta!
- Fica quieto, me deixa terminar! Essa é a minha condição pra você fazer parte da vida da Penny: você está proibido de falar sobre o pai dela! De lembrar que eu te impedi de ser esse pai... De ficar jogando na minha cara todos os meus erros, sem parar! Eu sei o que eu fiz, Thom.. Eu não esqueci nem por um segundo desses cinco anos as coisas que eu te disse, e todas as conseqüências das minhas escolhas! Você precisa parar de falar como se eu tivesse feito tudo isso de propósito, simplesmente pra te magoar! Não foi! Eu já te disse que não foi! Todo mundo me julga, aponta o dedo, me acusa de ter pensado só em mim! Falando que você era maduro o suficiente pra manter sua promessa de ser o pai da minha filha, mesmo que ela de fato fosse de outro! Mas e os meus sonhos? E os meus medos? O que todo mundo viu foi o Thom sendo abandonado pela piranha da Alice... Mas alguém comenta sobre a gestação difícil que eu tive? Sobre eu não conseguir olhar o meu bebê sem chorar? Quando eu vi que ela tinha os olhos do Nicholas? Não! Ninguém se importa... Afinal, só é coitado quem é deixado pra trás... Quem decide ir embora é sempre o filha da puta sem coração! Você realmente acha que eu queria te deixar? Que eu gostei de te ver sofrer? Você era a pessoa que eu mais amava no mundo e eu colocaria a sua felicidade acima da minha num piscar de olhos... Mas isso mudou quando a felicidade e vida de alguém mais importante ficaram em jogo... - a voz de Alice tremia durante o desabafo. Enquanto Thom a olhava perplexo, boquiaberto, incapaz de pará-la, apenas ouvindo tudo o que ela tanto relutou em dizer - Eu não me arrependo das escolhas que fiz, afinal, sem elas eu não teria cursado a universidade que sempre quis, não teria conseguido esse trabalho na Vivier, não teria conhecido o meu melhor amigo, não teria me encontrado, sabe? Eu não saberia quem é aAlice Cooper de verdade. Eu não teria me tornado a mulher que sou, para então conseguir ser a mãe que sou... E principalmente, não teria essa Penelope... Ela seria Penelope Rhor, e tenho certeza que ela seria incrível... Mas não seria a minha Penn, desse jeitinho que ela é! Ela é minha e só minha. Ela é tudo pra mim e eu sou pra ela. Então essa é a condição. Ninguém nunca vai interferir em como eu crio e educo a minha filha, muito menos sobre as decisões que eu tomei pensando somente nela.
- Eu... Eu nunca tinha me colocado no seu lugar - Thom comentou após alguns momentos de silencia, dirigindo devagar - Fui egoísta a ponto de só pensar no meu sofrimento. É... Eu nem posso imaginar o quão difícil deve ter sido... Criar a Penelope sozinha... E você ainda estudava e trabalhava... Alice, eu...
- Eu não disse tudo isso pra te fazer se sentir culpado! Você não fez nada de errado, não naquela época!
- Isso quer dizer que agora eu fiz?
- Fez e você sabe - Lice respirava fundo ao prender o cabelo num rabo de cavalo alto, simplesmente para ter com o que ocupar as mãos - Se ela não levou o código de amiga á sério, você deveria ter tido um pouco mais de respeito... Depois de tudo o que vivemos...
- Mas você não tava aqui, Alice!
- Consegue me imaginar namorando o Gabriel? - a garota revidou arqueando asobrancelha e viu a expressão de horror passar pelo rosto do garoto - Não, certo? É a mesma coisa ver a Cathie com você...
- Nós parecemos tão errados assim ao seu ver? - Thom franziu o cenho e balançou a cabeça como se para afastar a imagem do melhor amigo com Alice.
- São... E a sensação de que é de propósito, pra me punir... - ela não concluiu, engolindo em seco.
- Não é e eu já te disse isso... Só não entra na minha cabeça porque te incomoda
- Você acha que eu ainda gosto de você, é?
- Eu não disse isso! Mas convenhamos: porque voltar pra Londres? Pra um apartamento tão perto da casa da minha mãe? Porque convidar o meu melhor amigo pra ser padrinho da sua filha? Porque colocar Anne no nome da Penelope? Você me confunde, me dá sinais contraditórios o tempo todo!
- Você foi ao Texas no ano passado? - Alice perguntou de repente, interrompendo o racionicio do rapaz.
- O que? - a voz dele saiu baixa.
- Você me ouviu. Texas, ano passado. Você foi? Porque?
- Carrie te contou?
- Não, ) me contou.
- Desembucha, Rhor.
- Quem é aquele cara? - ao ver a expressão dela ele completou - O cara do Jeep
- O Joseph? - ela perguntou incrédula - Você realmente foi até lá! Meu Deus!
- Eu peguei seu endereço nas coisas da minha irmã e fui até a sua casa... Mas perdi a coragem quando vi esse Joseph chegar com Penelope... Ela estava de com o uniforme da escola e falava sem parar...
- Você não saiu do carro?
- Não... Fiquei por uns vinte minutos vendo os dois brincarem na calçada da sua casa, então decidi ir embora.
- Você foi até Austin pra desistir assim do nada e ir embora?
- Não foi do nada - Thom coçou a nuca - Cathie havia me dito que esse cara, o tal Joseph que era modelo... Que ele era seu namorado. E só percebi a merda que tava fazendo quando o vi com a Penelope... Você tinha seguido sua vida, então eu deveria fazer o mesmo... E foi isso que eu fiz assim que voltei pra Londres. - Cathie te disse isso? - Alice sentiu as mãos tremerem de raiva - Okay, isso passou dos limites.
- Do que você tá falando?
- Cathie sempre soube que o Joseph é bisexual e que durante o ano passado todo ele estava saindo com um cara!
- Mas... Ela pode ter se referido á alguma outra época... Você já teve algo com ele, certo? Afinal, ele parecia tão próximo da Penelope.
- Eu nunca tive e nem terei nada com ele! Ele é meu melhor amigo, o anjo da guarda na vida da Penny - a voz de Alice foi ganhando volume e intensidade - Eu não acredito! Assim que o casamento da sua mãe passer, nós vamos conversar. Eu, você e a Catherine. Chega! Cansei dessa putaria de mentirinhas e informações desencontradas! Se vocês estão tão apaixonados como dizem, ela precisa parar de inventar histórias!
- Você precisa ouvir o lado dela antes de qualquer coisa - Thom não podia negar que finalmente entrar na auto Estrada sem trânsito o aliviava, assim não precisaria olhar Alice por vários minutos.
- Eu vou ouvir, mas vou falar também! Acabou a palhaçada! Cansei de ser taxada de vilã o tempo todo!
- Porque você se importa tanto com tudo isso?
- Pelo mesmo motivo que você foi ao Texas -Alice rebate rapidamente, irritada.
- Que seria o mesmo motivo do nome do meio da Penelope? De voltar pra Londres? De morar tão perto? - ele devolveu do mesmo jeito, acelerando mais o carro.
- Ainda gostar de você? É esse o motive que você tem em mente? - antes mesmo que ele pudesse responder, já completou - Eu sempre terei sentimentos por você, Rhor. Não tem como evitar. Você foi meu primeiro amor, o mais intenso, o mais doloroso... Consequentemente o mais marcante. Mas eu não tenho mais 17 anos, eu sou mãe agora... Os meus sentimentos por qualquer homem, por qualquer pessoa se tornaram praticamente insignificantes perto do que sinto pela Penny. Então não, não foi por você que eu voltei, não foi por você que eu escolhi um apartamento tão perto, não foi por você que chamei Gabriel para ser padrinho... Foi pela minha filha.
- E o nome? - Thom perguntou sem pensar, apenas para não deixar transparecer o quanto aquelas palavras haviam machucado.
- Ao ver que ela era de fato filha do Nicholas, eu sei lá, quis que ela tivesse um pouquinho de você... Me desculpe por isso - Lice mordeu o lábio, olhando para a paisagem que passava rapidamente pela janela.
- Eu... Não precisa se desculpar - num ato de coragem, Thom esticou a mão esquerda e tocou a perna de Alice, fazendo um leve carinho - Se era pra alguém ter o nome que eu gosto, fico feliz que seja a Princesa Penelope. O restante do caminho foi percorrido em silêncio da parte do casal, somente a melodia que saia do radio preenchia o carro.
- Viu só, seu chorão? Deu tudo certo! - Alice provocava Thom na calçada da loja, enquanto dois rapazes colocavam todas as coisas escolhidas no carro.
- Fica quietinha e pega minha carteira ai na porta - o garoto a cutucou nas costelas e esperou que ela pegasse o objeto, ele então pegou seu cartão de crédito e voltou para a loja, não sem antes pedir - Guarda a carteira ai de novo, por favor. E ao faze-lo, Alice teve um vislumbre de uma foto, olhando por cima do ombro para se certificar que Thom ainda estava longe e distraido, mexeu na carteira até achar duas fotos que lhe tiraram a respiração.
- Quem ainda guarda fotos impressas? - a garota sussurrou meio rindo para si mesma, sentindo os olhos encherem de lágrimas - De onde ele tirou essas fotos?
- Ei, no que você tá mexendo ai? - tamanho foi o susto, que Alice soltou um gritinho e tentou jogar a carteira de volta na porta do carro - Minha carteira? - Eu estava colocando no lugar! - as bochechas ficaram rubras instantaneamente, ela tentou disfarçar os olhos marejados com as pontas dos dedos, sem sucesso.
- Não tava não... Alice o que... Ah - foi a vez das bochechas de Thom corarem - As
- As fotos... - ela concordou sem jeito - Quem te deu?
- Carrie - o garoto respondeu rápido, entregando a mentira.
- Sua irmã não tem essas fotos! Na verdade, ninguém tem - quando Thom virou o rosto,Alice tocou em seu braço e o sacudiu de leve - Eu não vou ficar brava... Me
- Sua mãe - ele respondeu num sussurro, as bochechas ficando mais vermelhas
- Minha mãe? Como vocês... a voz da garota morreu quando várias conversas estranhas com sua mãe vieram em sua cabeça - Vocês têm se falado durante todos esses anos! -Alice praticamente gritou, apertando mais ainda o braço do garoto
-Porque? Eu não... Porque?
- Você realmente precisa perguntar, Alice? -Thom sorriu derrotado ao se aproximar mais da garota, tocando seu rosto com as pontas dos dedos, fazendo Alice sentir vontade de fechar os olhos. Ele a encarou de perto, enquanto colocava o cabelo da garota atrás da orelha e sussurrar - Eu amava tanto duas pessoas que estavam longe, que chegava a doer... Só alguem na mesma situação pra entender.

A Garota da Porta Vermelha 2Onde histórias criam vida. Descubra agora