Conto 2.

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Eu já havia desistido de tentar ter mais um filho. Era a terceira vez que engravidei, porém perdi o bebê. Infelizmente nada que eu e Clarkson fizéssemos mudaria o meu problema, que certamente não era hereditário. Minha mãe teve quatro filhos, minha irmã três. Não era possível.
Mais uma vez no fim do dia, ia para meu quarto uma hora antes que Clarkson, para sentar naquela cama enorme e pensar sobre o que eu poderia ter feito errado, o que poderia ajudar. Mas no meu inconsciente, eu sabia que nada mudaria a situação. Maxon mesmo veio na terceira tentativa. Depois dele, decidi que não perderia as esperanças, mesmo que agora me encontrasse chorando sozinha no quarto, coisa que ninguém além de Clarkson tinha visto.
Tente apenas mais uma vez, eu pensava. Você consegue.
Não era fácil. Acredito que não tentava por mim, mas sim por Maxon, que pedia incessantemente um irmão mais novo. Eu via nele um ser humano carinhoso, de bom coração, e não tinha dúvidas do grande governante que seria no futuro, muito menos do maravilhoso irmão mais velho que se tornaria. Se eu pelo menos conseguisse manter outra gravidez até o fim.
Perdida em esses pensamentos, não me dei conta quando uma criaturinha de 8 anos com uma coroa na cabeça entrou, sentando-se ao meu lado.
–Mamãe?
Imediatamente enxuguei as lágrimas, dando meu melhor sorriso, um fraco e sem vida.
–Diga, meu amor.
–Queria saber por quê você estava chorando.
–Max, você sabe que a mamãe sofre muito stress todos os dias.
–Mãe...
–Sim?
–Eu não vou ter um irmãozinho, né?
Suspirei cansada, procurando as palavras minuciosamente.
–Não desta vez, meu amor.
Ele olhou para o chão, claramente decepcionado.
–É que... mãe, eu não entendo! O que aconteceu?
–Filho, são questões complicadíssimas, que você não entenderia agora. Poderia por favor deixar a mamãe sozinha uns instantes? Por favor.
Ele assentiu cabisbaixo, caminhando lentamente até a porta.
–Mãe?
Eu apenas olhei em seus olhos.
–Te amo.
Consegui sorrir verdadeiramente, e desta vez lágrimas de felicidade brotaram, para uma mãe não há coisa melhor para se escutar.
–Ah não mãe, não era para chorar!
Ri com seu comentário, enxugando as lágrimas o mais rápido que consegui, e sussurrei:
–Eu também te amo.
O dia seguinte, quase me esqueço -Deus me perdoe esquecer disso, Clarkson me mataria- que os parentes de primeiro grau de nossa família real viriam. Ele me acordou cuidadosamente, e quando abri os olhos, vi que já estava pronto, arrumado. E eu com meus olhos inchados, pensei.
–Am, acorde. A família vem hoje. E, por favor, dê um jeito em Maxon que o menino está ligado na tomada com essa história dos primos virem dormir aqui.
Sorri de lado e mexi a cabeça negativamente, os únicos amigos de Maxon eram seus primos que tinham sua idade. Era a família real Espanhola. Oriana, Joseph, Astrid e Lucca vinham uma vez ao mês para passar três noites aqui no palácio. Para nós claro, era sempre uma correria para deixar tudo nos conformes.
Arrumando-me rapidamente e vestindo um vestido típico dessa época quente em Illéa, desci as escadas de mãos dadas com Clarkson, Max logo à nossa frente, com um traje formal e uma coroa quase caindo da cabeça pela correria. Peguei sua mão para que parasse de correr, ou terminaria suado e os cabelos grudados na testa.
–Filho, não queremos o príncipe de Illéa suado para nossos visitantes, certo? -Clarkson disse meio baixo em um tom calmo, hoje ele realmente estava de bom humor.
–Não. -Ele apenas negou rapidamente, entendendo a mensagem do pai, nunca era divertido vê-lo nervoso.
Recebemos a família real Espanhola com um almoço excepcional assim como a decoração. Enquanto conversávamos na mesa, ficava de olho nas crianças que corriam pelo salão. Astrid e Oriana quase caíam por seus vestidos compridos.
–Então, Amberly, quando vem o próximo príncipe? Ou princesa? -perguntou a rainha.
Tocar na ferida, péssima ideia. Senti que Clarkson pegou minha mão por debaixo da mesa e apertou-a em sinal de carinho e segurança.
–Não tão breve, mi Reina.Tentei aliviar a tensão no ambiente, sem mencionar o incidente de uns dias atrás.
Porém o assunto ainda tinha me deixado triste. Já estava perdida no próximo tema que começara, sem falar absolutamente nada. Mas, ao olhar Maxon e seus primos todos abraçados e dando risada, percebi que poderíamos viver assim para sempre, e um sentimento de paz tomou conta de mim. Afinal, se não é para ser, não será.

Meu MaxonOnde histórias criam vida. Descubra agora