Conto 3.

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    Era um 22 de Setembro de total silêncio no palácio. O herdeiro do trono de Illéa, Maxon Calix Schreave, era um recém-nascido de apenas dois dias, que descansava aconchegadamente no meu colo. O calor de seu corpo, tão quentinho, me trazia uma paz inexplicável.
Assim que foi anunciada a chegada de Maxon ao mundo, Clarkson providenciou que todo o palácio ficasse sabendo quando o pequeno estivesse dormindo, assim todo ficariam em silêncio. E ai se não ficassem.
Não era que vivíamos em um caos lá dentro. Porém os instintos paternos afloraram naquele momento em que Clarkson viu Maxon pela primeira vez, ainda meio sujinho pós-parto. Eu havia insistido que não o deixassem entrar, e assim foi. O que não adiantou muito, pois assim que ele escutou o choro entrou no quarto aos dois segundos seguintes.
O parto ocorreu no nosso quarto; por pedido meu. Aos 6 meses já não podia arriscar a vida de Maxon andando por aí. Os dois meses e meio seguintes passei de cama o dia todo, recebendo o trabalho a fazer ali mesmo. Clarkson tentava acompanhar-me a maior parte do dia, porém às vezes chegava até a viajar para fora do país, para meu desespero.
Já estava quase dormindo. Maxon finalmente havia descansado, depois de incontáveis tentativas. Cantei, li histórias, fiz até massagem nele para relaxar. Talvez estivesse sofrendo uma crise de cólicas. Talvez, estivesse doente. Esse pensamento me aterrorizava, mesmo que eu soubesse que era normal. Mas era tão irreal ter meu filho ali em meus braços naquele momento, que qualquer possibilidade de enfermidade me deixava louca.
Era uma briga para ver quem carregava Maxon. Minha irmã ("É meu sobrinho!"), Clarkson ("É meu filho!"), e todo o resto da família que veio de longe só para visitar-lo.
Mas de fato não tinha como não querer pegar meu filho no colo. Ninguém resistia a seus olhos cor de mel, e seu cabelo loirinho, loirinho. Suas bochechas, então; eram totalmente apertáveis. Assim como tinha muitas feições de Clarkson, seu temperamento desde bebê era inteiramente meu. Eu me sentia a mulher mais feliz do mundo além de a mais realizada também; casada com o amor da minha vida e com um filho maravilhoso, depois de muitos esforços.
Aos 5 meses de Maxon, comecei a sair mais do quarto. Minha aparência não era das melhores, porém não tinha nada para se fazer a respeito. E nem deveria. Minhas noites sem dormir foram esforços totalmente dedicados a Max.
Um dia estava conversando com a prima de Clarkson no Salão das Mulheres, com ele na sua cadeirinha dormindo ao meu lado. Estava distraída na conversa, havia muito tempo que não conversava com pessoas assim, senão com meu marido e as criadas. Em um certo momento, virei-me para checar o sono de Maxon, mas não o encontrei sentado ali como estava antes. Desesperada, me virei brutamente procurando por Maxon, não o encontrei em volta de onde estava. A prima de Clarkson começou a rir baixinho, e mirei-a incrédula.
–Maxon sumiu!
–Não, não sumiu. -Disse entre risos e mais risos.- Preste atenção, Amberly. Escute.
Ao seguir seu conselho e deixar que o ambiente se silenciara, uma risada infantil soava do outro lado da porta do Salão das Mulheres, e instantaneamente corri até lá, segurando a barra do vestido comprido nas mãos para não tropeçar. Não abri a porta, mas pude ver no outro lado Clarkson com Maxon nas mãos, segurando-o enquanto fazias caretas e barulhos bobos, e ele ria sem parar.Um alívio tomou conta de mim, e também me senti tonta por pensar que alguém faria mal a Max dentro do palácio.
Decidi deixá-los naquele momento íntimo e maravilhoso. Clarkson dizia que não serviria para ser pai, porém ali estava mostrando exatamente o contrário.

Meu MaxonOnde histórias criam vida. Descubra agora