v i n t e e s e t e

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Não eram os olhos verdes que eu tanto esperava que estavam me encarando. Eram outros. Também verdes, porém sem vida e totalmente desconcertantes. Demorei um pouco para os reconhecer, mas assim que o fiz, só pensei no quão idiota eu fui.

"Dan?"

"Você se lembra de mim! Posso dizer que Harry não teve esse mesmo privilégio." ele riu, com uma empolgação forçada.

Suas mãos estavam nos bolsos do seu grande casaco, os cabelos loiros voando enquanto ele caminhava em minha direção. Recuei com alguns passos para trás.

"Cuidado por onde anda, linda."

Eu não havia tirado o meu olhar de seu rosto. Estava tentando manter todo o controle da situação, algo que eu não fiz da última vez que eu o encontrei. Por apenas um segundo, olhei para baixo, conferindo se algo estava errado, mas era em cima que as coisas não iam bem.
Senti mãos fortes em minha cintura, me mantendo no lugar. Ele me encostou na curta parede da ponte. Engoli em seco ao encarar o rio logo abaixo de nós.

"O que você está fazendo aqui?" perguntei, juntando um fôlego que eu não sabia que tinha. Seu rosto estava perto demais do meu.

"Vim encontrar você. Não é um pouco óbvio?"

"Mas eu não vim aqui para te ver." rebati, empurrando seu peito com minhas mãos. Ele logo agarrou as duas, mantendo-as no lugar.

"Você realmente acha que foi o Harry que te mandou aquela mensagem? Você é mais inteligente que isso, Lucy."

Suspirei em derrota. Realmente, era fácil demais para ser ele. Simples demais.

"O que você quer?"

"O que você acha que eu quero?"

"Não seja ridículo." respondi, bem mais rude do que eu pretendia, mas isso foi bom. Em parte.

Pressionei mais uma vez minha mãos em seu peito, dessa vez ele se distanciou. Ganhei um olhar severo em troca. Senti meu celular vibrando em meu bolso, peguei-o e o nome de Harry brilhou na tela. Ele estava me ligando. Meu dedo pairou sobre a tela alguns instantes, não percebi quando Dan retomou sua posição inicial e pegou o celular da minha mão.

"Ela está ocupada, parceiro, não ligue de novo." ele disse, atendendo o telefone.

Olhei incrédula para ele, enquanto desligava a chamada e me devolvia o celular, aos risos.

"Que merda você está fazendo?" eu gritei na sua cara.

Não acredito que foi por ele que pulei minha janela.

"Não grite, docinho." ele respondeu, voltando a me pressionar contra a parede.

"Não me chame disso!"

Sua altura elevada me deixava inferior. Fiquei na ponta dos pés para tentar o alcançar. De nada adiantou. Dan ergueu o pescoço e soltou uma gargalhada, fazendo seu peito vibrar. Quase que involuntariamente, lhe dei um tapa. Só percebi a besteira que havia feito quando sua expressão passou de divertida para assustadora. Me encostei mais no concreto baixo, tentando me afastar dele. Então eu descobri que tudo que está ruim pode sempre piorar. Meu corpo cedeu e encontrou uma queda curta até o rio abaixo de mim.

Prendi o fôlego ao sentir minhas costas entrarem em contado com a água fria. Logo eu estava totalmente submersa.

"Sua idiota! O que você fez?!" escutei Dan gritar do alto.

Usei os braços para me guiar para cima, ao chegar a superfície, soltei uma risada nervosa. Pelo menos Dan estava fora da minha visa. Mas o alívio durou pouco. Vi seu corpo se movendo do lugar de onde estava, vindo em minha direção.

Green | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora