Nove mesto

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Checoslováquia, Década de 1930

Nas Montanhas ondulantes no meio do território da antiga Checoslováquia, numa provincia chamada Morávia, ficava a cidade de Nove mesto. Não era grande, mas era famosa. Especialmente no inverno,quando ficava muito agitada. Pessoas de todos os cantos do país vinham esquiar. Havia corridas; havia trilhas a serem exploradas e lagos congelados. No verão, as pessoas nadavam, pescavam, passeavam de barco e acampavam.
Nove Mesto era o lar de quatro mil pessoas. No passado, a cidade também era conhecida pela fabricação de vidro. No entanto, nos anos de 1930 as pessoas trabalhavam nas florestas e em pequenas oficinas que fabricavam esquís. Na rua principal havia um prédio imponente, de dois andares. Até o sótão tinha dois andares. No porão,uma passagem secreta levava a uma igreja na praça principal. Antigamente, quando a cidade era cercada, essa passagem era usada pelos saldados para estocar comida e suprimentos para a população de Nove mesto.
No andar térreo desse grande prédio ficava a maior loja da cidade. Ali, podia-se comprar quase tudo:botões, geleia, lamparinas a óleo, apetrechos para jardinagem, sinos de Natal, pedras para afiar facas, canetas e guloseimas. No segundo andar, vivia a família Brady: o pai Karel, a mãe Marketa, Hana e seu irmão mais velho, George.
Papai trabalhava seis días por semana na loja. Ele era um atleta, conhecido por todos em Nove Mesto por sua paixão por futebol, esqui e ginástica. Também era ator amador, com uma voz tão potente que podia ser ouvida do outro lado do campo de futebol. Por causa de sua voz, era ele quem comandava as corridas de esqui com o megafone, para que todos ouvissem quem estava ganhando. Também era bombeiro voluntário que, juntamente com outros homens e mulheres da cidade, dirigia o carro de bombeiros para atender às emergências.
A família Brandy costumava abrir a casa para artistas de todos os tipos:músicos, pintores, poetas, escultores e atores. Quando estes ficavam com fome, sempre havia um prato quentinho, preparado por Boshka, a empregada e cozinheira da família. E os talentos artísticos sempre encontravam uma plateia ansiosa, que incluía duas crianças "arteiras":Hana e George. Às vezes, George tocava violino. Hana sempre tocava sua canção favorita-"eu tenho nove cenários"-vez após vez.
Mamãe era uma anfitriã calorosa e generosa, com um ótimo senso de humor e uma risada que mais parecia um grito, de tão alta. Ela também trabalhava seis dias por semana na loja, e as pessoas com frequência entravam no estabelecimento apenas para ouvir as suas piadas e rir de suas brincadeiras. Mamãe tinha um cuidado especial com os pobres de Nove Mesto, que viviam na periferia da cidade. Uma vez por semana, preparava uma trouxa com roupas e comidas e Hana distribuía aos carentes. Hana ficava muito orgulhosa de sua missão é reclamava quando sua missão é reclamava quando sua mãe não tinha nada para distribuir.
Hana também ajudava na loja. Desde muito pequenos, Hana e George eram encarregados de manter as prateleiras limpas, arrumadas e abastecidas. Também aprenderam a fatiar fermento fresco, a decorar o pão doce com calda de açúcar, a pesar temperos e condimentos e a enrolar cones de papel para servir de saquinhos para doces. De vez em quando, mamãe notava que alguns desses cones cheios de doce tinham desaparecido. Hana nunca dedurou George. E ele também nunca dedurou Hana.
Sempre havia alguns gatos pela loja, que trabalhavam em período integral como caçadores de ratos. Mas, uma vez,numa ocasião especial, Mamãe e papai compraram fofos gatos angoras brancos de presente para as crianças. Eles chegaram pelo correio, numa caixa com buracos para respirar. No começo, Sylvia, a cadela borzoi da família, farejou o ar, suspeitando de algo. Mas logo logo, os gatinhos, a que Hana chamou de Micki e Mourek, foram efetivamente aceitos na família.
Hana e George frequentavam uma escola pública. Eram crianças normais, que costumavam aprontar algumas. Causavam problemas, mas também orgulham seus pais como qualquer criança. Havia apenas uma diferença.
Os Brady eran judeus. Não eram uma família religiosa, mas Mamãe e papai queriam que as crianças soubessem de sua fé. Uma vez por semana, enquanto seus colegas iam para a igreja, Hana e George tinham aulas com uma professora especial, que os ensinava sobre os feriados judeus e a história de seu povo.
Havia algumas outras famílias judías em Nove mesto, mas Hana e George eram as únicas crianças judías na cidade. Nos primeiros anos, ninguém prestou atenção ou se importou com a diferença. Todavía, pouco tempo depois, o fato de serem judeus seria considerado o fator mais importante para aquela familia.

A mala de HanaOnde histórias criam vida. Descubra agora