Tóquio

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Inverno de 2000

De Volta ao escritório, do outro lado do mundo e quase meio século mais tarde, Fumiko Ishioka lembrou-se de como a mala foi parar em suas mãos.
  Em 1998, ela havia começado seu trabalho como coordenadora de um pequeno museu chamado Centro do Holocausto de Tóquio. Era dedicado a ensinar as crianças japonesas sobre o Holocausto. Numa conferencia em Israel, Fumiko conheceu alguns sobreviventes do Holocausto, pessoas que viveram os horrores dos campos de concentração. Ela ficou espantada com o otimismo e a alegria de viver daquelas pessoas, mesmo depois de Tudo o que tinham passado. Quando Fumiko se sentía triste sobre algumas coisas em sua vida, sempre pensava nesses sobreviventes. Eles eram tão determinados e sábios...Tinham tanto a ensina-la...
  Fumiko quería que os jovens no Japão também aprendessem sobre o Holocausto, e esse era o seu trabalho. Não era uma tarefa fácil. Como, perguntava-se, faria com que as crianças japonesas entendessem a história terrível do que acontecera com milhões de judeus num continente distante mais de cinquenta anos atrás?
  Fumiko decidiu que o melhor jeito de começar era por meio de objetos que as crianças pudessem ver e tocar. Ela escreveu para museus do Holocausto e museus judeus em todo o mundo -na Polônia, na Alemanha, nos Estados Unidos e em Israel -pedindo que emprestassem artefatos que teriam pertencido a crianças. Ela colocou um anúncio na Internet. Escreveu para algumas pessoas que poderiam ajuda-la. Fumiko procurava um par de sapatos e uma mala.
  Todos lhe deram as costas, dizendo que os objetos que haviam sido tão cuidadosamente preservados não poderiam ser emprestados a um museu tão pequeno, tão longe. Fumiko ficou sem saber o que fazer. Mas ela não é do tipo de pessoa que desiste fácilmente, pelo contrário. Quanto mais rejeições recibida, mais determinada ficava.
  Naquele outono, Fumiko viajou até a Polônia, onde muitos campos de concentração nazistas haviam sido construidos. Ali, onde havia sido o campo mais conhecido, visitou o museu de Auschwitz. Fumiko implorou para conversar com o diretor-assistente do museu. Ela teve cinco minutos para explicar o que queria. Quando deixou o escritório do assistente, tinha a promessa de que seu pedido ia ser considerado.
  Alguns meses depois, um pacote do Museu de Auschwitz chegou:uma meia e um sapato de criança, uma blusa, uma lata de gás venenoso Zyklon B e uma mala: a mala de Hana.
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⏰ Última atualização: Nov 28, 2015 ⏰

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A mala de HanaOnde histórias criam vida. Descubra agora