Capítulo único - Fraternizing

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Hogwarts. Natal. Rose. Quinto ano.

A ruiva pulava levemente pelo terreno, observando as marcas que suas botas deixavam na neve.

Ela deveria estar no salão junto com seus outros amigos que ficaram para o Natal, se deliciando com um banquete preparado especialmente para essa data e rindo como nunca das piadas que Albus fazia. Ela deveria, mas não estava lá. E provavelmente levaria uma bronca das grandes de diretora McGonagall quando entrasse, mas neste momento não estava ligando para isso.

Rose, pela primeira vez em cinco anos, estava passando o Natal em Hogwarts. Ela não gostava disso, mas era uma decisão de família – que fora tomada sem a ruiva, vale dizer. Rose na verdade não sabia exatamente o motivo de não ir comemorar na Toca como sempre fazia, mas deveria ser algo grave.

E a inquietação não lhe permitia ficar dentro do castelo.

Uma brisa gélida e suave acariciou suas bochechas, e Rose soube que ia nevar. Algo lhe dizia para entrar e se aquecer, mas ela simplesmente não queria. O frio já não incomodava tanto, e ela sentia que não estava preparada para a bronca. Era melhor esperar algum tempo antes de dar o ar da graça.

— Você por aqui, Weasley? — falou uma voz irônica que a ruiva conhecia muito bem.

— Está me seguindo, Malfoy? — ela perguntou. Rose e Scorpius não eram exatamente inimigos, mas também não conseguiam passar muito tempo juntos. Eles estavam estacionados num sentimento entre amor e ódio.

— Não preciso disso. — ele respondeu.

Rose revirou os olhos e continuou a andar, plenamente consciente de que o louro a seguia.

— Por que você não está lá dentro? — Scorpius perguntou, agora sem o tom irônico. Mesmo que soubesse que era impossível, ela pensou que ele estava preocupado.

— Eu queria caminhar um pouco.

— Tem bastante espaço dentro do castelo pra você andar, Rose. Não precisava vir caminhar aqui nesse frio.

Rose deu de ombros.

— Eu gosto desse frio. Mas e você?

— Eu o quê?

— O que você está fazendo aqui? Por que não está lá dentro com os seus amiguinhos?

Scorpius não respondeu. A ruiva precisou conter seu impulso de socá-lo e gritar oi, querido, eu estou falando com você!.

Os dois caminharam em silêncio durante alguns minutos, até Malfoy decidir quebrá-lo:

— Pelo mesmo motivo que você. Para fugir daquela muvuca de pessoas excessivamente felizes. Isso me enjoa.

— A felicidade alheia te enjoa? — Rose ergueu uma sobrancelha.

— Não é isso. É que... Ah, esquece.

— Agora você pode falar a verdade, Scorpius. Por que está aqui?

— Eu... Meio que... Ah, você sabe. — ele deu de ombros. — Eu meio que te vi caminhando aqui e resolvi fazer companhia.

— Fazer companhia? — a ruiva riu. — Você estava me seguindo, Malfoy, admita.

Ele revirou os olhos e não disse nada. Rose encarou isso como uma resposta.

— Por quê?

— Por que o quê?

— Por que você estava me seguindo, Scorpius?

Mais uma vez, ele nada respondeu. Talvez tivesse pensado que se ficasse quieto, ela desistiria. Estava errado, é claro.

— Não me obrigue a usar Veritaserum com você, Malfoy. — ela falou em tom ameaçador. Quem disse que a Weasley desistia tão fácil?

Scorpius parou subitamente de andar, e Rose fez o mesmo. Durante alguns poucos segundos, os dois ficaram apenas se encarando, como se ele estivesse escolhendo as palavras certas para usar e ela estivesse esperando ele usá-las.

Mas era apenas como se.

Malfoy acariciou a bochecha de Rose, que sorriu e corou simultaneamente. De um modo que ele jamais conseguiria explicar, aquilo fez com que se sentisse ainda mais atraído pela ruiva. E então, aconteceu. Ele a beijou, bem quando um pequeno floco de neve caía sobre eles.

Mas nenhum dos dois pareceu se importar.

Scorpius abraçou-a e cochichou em seu ouvido:

— Feliz Natal, Rose.

— Feliz Natal, Scorpius.

— Finja que esse foi o seu presente, ok?

Os dois riram. Ela não sabia porquê, mas não estava irritada com a provocação do amigo. Na verdade, aquilo deixou-a ainda mais feliz.

Rose agradeceu mentalmente por ter ficado em Hogwarts naquele Natal. Fora, provavelmente, a melhor escolha que sua família já fizera sem seu consentimento.

Ela observou o louro se afastar em direção ao castelo e mal pode esconder sua vontade de rir. O que seus amigos diriam quando soubessem que ele, Scorpius Malfoy, o maior pegador de Hogwarts andara confraternizando com a pequena Weasley?


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