continuação

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Juvenal era impatível numa pelejs. Quando ele pegava na viola, os outros cantadores tremiam de medo. Soltando sua voz de travão, ele começava sempre assim:
O meu nome é juvenal,
É assim que eu me apresento.
Eu sou bravo como um touro,
Sou ligeiro feito o vento.
Na poesia sou mais forte
Do que um coice de um jumento

Os advesários ainda tentavam responder, mais em poucos minutos estavam de língua de fora, tontos diante da rapidez com que o mestre ia criando seus versos. Ao final da peleja, juvenal sempre voltava para casa aplaudido e carregado pelo povo, enquanto o perdedor, de cabeça baixa e orelha quente, tratav logo de deixar a cidade, completamente desmoralizado

Os anos foram passando e o mestre envelheceu. Seus cabelos ficaram brancos e ele passou a caminhar com dificuldade. Já não ia á feira como antigamente, embora ainda fosse muito querido e respeitado npor todos. Sua grande distração agora era poder ensinar os segredos de sua arte a Marcolino e Balbino, seus dois afilhados. Eles eram gêmeos e haviam sido deixados em sua porta, dentro de um cesto, em uma noite de Natal. Juvenal recolhera os dois bebês e criara-os em sua casa com todo o carinho. Os meninos tinham agora doze anos e eram a alegria do velho cantador.

Para grande satisfação do mestre, desde cedo os garotos demonstraram habilidade para fazer versos e tocar viola. Balbino era um bom poeta, mais marcolino era três vezes melhor. Ao vê-lo,
O velho se enchia de admiração e sorria, orgulhoso. Todos diziam
que esse menino, quando crescesse, iria se tornar um violeiro ainda mais famoso do que juvenal.

Não que Balbino cantasse mal, mas todos logo perceberam que era seu Irmão quem possuia aquele talento excepcional par encontrar as rimas certas e as palavras mais bonitas, arrancando aplausos da audiência e suspiros das mocinhas. Nas pelejas, Marcolino já era respeitado até mesmo por cantadores bem mais velhos e experientes.

Acontece que o sucesso do sabido é sempre a desgraça do invejoso.
E quanto mais crescia a fama de Marcolino, mais aumentava o ciúme no coração de seu Irmão. Sabendo que, por mais que se esforçasse, jamais se igualaria a ele, Balbino tratou de imaiginar
Uma maneira diferente de se fazer reconhecido.

Cert vez, ele ouvira a história de um cantador famoso chamado pinga-fogo. O povo dizia que otal havia endido sua alma ao lada de baixo em um noite de sexta-feira. Desde então, pinga-fogo se tornara invencivel na arte de versos e pontear a viola. Ganhou rios de dinheiro, comprou fazendas, namorou as moças mais lindas e nunca mais perdeu uma só peleja. Viveu no luxo e no conforto até a idade de noventa e nove anos, nove meses e nove dias

A Lenda Do Violeiro InvejosoOnde histórias criam vida. Descubra agora