Capítulo 36

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Hiorran Backar apertou protetoramente o pequeno Henry em seus braços enquanto batia algumas vezes na porta de madeira desgastada e envelhecida a sua frente. Henry vestia um short de pano azul escuro e uma camiseta branca com alguns detalhes azul, estava descalço pois para estarem ali, o loiro havia mentido, dizendo que ia na boate buscar alguns documentos.

Estava demasiadamente apreensivo e nervoso, contudo mantinha-se certo que aquela era a decisão correta. Pretendia ser rápido, o Land Rover branco e suas roupas caras estavam chamando atenção ali e não queria problemas. Vestido em uma blusa de manga preta justa sobre uma calça de lavagem escura, ele esperava ansioso que a porta abrisse a sua frente.

– Já vai, bando de gente fofoqueira! – ouviu o resmungo feminino e deu um passo para trás fitando o bebê, Henry o fitou com o dedinho na boca e o mais velho tomou uma profunda respiração.

A porta foi aberta revelando uma mulher ainda jovem, na casa dos trinta e três anos, com os cabelos tingidos de loiro e os olhos verdes secos e frios. A pele estava muito maltratada, mas tinha uma beleza conservada e um belo corpo.

– O que quer aqui, bonitinho?

– Eva Azevedo?

– Não tenho grana, perdeu tempo. – ela esclareceu antes de tentar fechar a porta.

Apressou-se em colocar o ombro na frente para impedi-la.

– Meu marido conhece os traficantes mais grossos dessas bandas, se for engraçadinho vai morrer.

– Eu não quero seu dinheiro e nem machucá-la, não é nada disso. – comunicou ainda nervoso e trocou Henry de braço, o pequeno virou-se para seu peito e deitou o rostinho em seu ombro. – Vim falar da sua filha, Lívia.

– Eu sabia! – aquela senhora gargalhou amargamente e Hiorran a fitou apreensivo. – Então aquela vagabunda lhe deu um golpe de barriga? Ao menos não é tão inútil quanto eu pensei. Eu não vou limpar bunda de pestinha, nem tente me empurrar isso.

– Deixe-me entrar, prometo apenas dizer poucas coisas e sair, não posso me demorar muito.

Eva o estudou por um tempo e deu de ombros abrindo a porta.

Passou pela entrada vendo garrafas de cachaça por todos os lados, móveis quebrados, baralho abandonado numa mesinha improvisada e uma pequena televisão de antena. Ela fechou a porta e sentou em um sofá duro e desconfortável, ele sentou-se de frente e colocou Henry em seu colo.

– E então? – ela o questionou tirando um maço de cigarros do bolso.

– Por favor, não fume perto do meu filho.

– Essa é a minha casa.

– São apenas alguns minutos. – insistiu e ela bufou atirando o cigarro no sofá.

Ele respirou fundo e a fitou em busca de compreensão.

– Eu sou o homem que atendia pelo título de Lorde, seu marido negociou com meus irmãos, mas fui eu quem comprei sua filha há quase dois anos. – iniciou desconfortável e a mulher o interrompeu debochada.

– O dono daquele prostíbulo de ricos, não é? E então, a vadiazinha fez um bom trabalho? – ela riu cínica.

Hiorran apertou os olhos e tentou se conter, apesar de tudo, ela era sua sogra. Com uma profunda respiração, voltou a falar.

– Lívia foi escolhida junto à dezenove outras garotas, dez seriam para um cliente exigente e as outras trabalhariam como dançarinas e garotas de programa na boate. Ela me chamou a atenção desde o primeiro instante e eu arranjei uma forma de treiná-la, então...

Amor por prazer (Série Os Irmãos Backar Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora