Be Brave

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- Harry... Eu o.. Ouvi se... - gritou minha irmã arrombando a porta do quarto - Menina, quem mando você abrir esse negócio antes da hora? - ela ria como se eu tivesse culpa de alguma coisa.

- Err.. E-Eu... - senti meu rosto queimar de tanta vergonha. Se eu fosse um avestruz eu não teria duvidas e enfiaria minha cabeça no buraco mais profundo da terra - M-Me Desculpa Gem.

Ela foi entrando e me tirando de cima da caixa que continha um objeto curioso, eu queria muito ver o que era, mas ela me impediu e continuou a me puxar pela escada me tirando do quarto, do meu próprio quarto e me arrastando pela escada como se eu fosse um urso de pelúcia...

- Hazz - ela sussurrou enquanto me arrastava - você parece um ursinho de pelúcia.

Ah nossa até nisso ela lê minha mente.

- Gemma pra onde ta me levando criatura - indaguei - vai de vagar ai eu não fui feito pra descer as escadas igual ao flash.

- Ué resolveu ler livros de heróis agora? - riu debochada. - antes era livro de princesa e agora quer virar herói?

- Cala a boca - a olhei com desdém, ah nossa às vezes minha irmã me irrita. - Pra onde esta me levando? Que horas são? Minha mãe está aonde? Gemma está me ouvindo?

- GAROTO CALA A BOCA E ME SEGUE!

Às vezes eu gosto de ser irritante, então a segui e fomos parar no melhor lugar da casa, a cozinha, onde tudo acontece, onde quando não estou com meus lindos fones eu estou na cozinha comendo, os especialistas dizem quê era pra eu ser gorda de tanto que eu como, porem a doença me deixa magra. E eu gosto dessa parte.

O cheiro que exalava da cozinha era maravilhoso, minha mãe estava fazendo um dos meus pratos preferidos, macarrão com queijo.

- Mãe isso ta cheirando muito bem - eu disse me sentando no banco da bancada que havia na cozinha - fico feliz por ter uma mãe tão prendada.

- Menino não senta ai - disse ela me fazendo arregalar os olhos - vai tomar um banho agora, você esta todo sujo de hospital. Ande e chame a Gemma para te ajudar.

- Eu não vou ajudar não! - ouvi uma voz atrás de mim com a boca cheia de bolacha, advinha era minha irmã - mãe eu não nasci pra cuidar de criança, ainda mais ver as "coisas" dele. Ele que se lave sozinho, porque não sou obrigada a ver aquilo. Faça-me o favor.

- Gemma você é tão desnecessária que vou te chamar de brocolis, eu nem sei o porquê eu estava com saudades de você - eu disse me levantando do banco e dando pequenos passos até chegar ao banheiro do andar em que estávamos.

Eu estava ouvindo minha mãe brigar com minha irmã por minha causa, às vezes eu gostava, às vezes não.

O banheiro não era enorme, mas tinha uma preciosidade, uma caixinha de som que plugava no celular e tocava musica de qualidade. Então tirei meu celular do bolso e pluguei o mesmo no aparelho, tirei minhas roupas com muita dificuldade, essas quimioterapias são de destruir cada parte do ser humano, eu odeio ter essa doença, eu odeio tudo isso, eu odeio o meu corpo, odeio eu ter leucemia, EU ME ODEIO.

Eu olhei diretamente para meu reflexo no espelho e comecei a sentir arrepios em meu corpo, parecia que eu não era eu, não parecia ser. Cada detalhe que eu reparava no espelho eu sentia meus olhos aderem, lutando contra eles mesmos para que não deixasse cair lágrimas, mas eu fraco e fui vencido, em poucos segundos eu sentira pequenas gotículas de água sair pelos meus olhos e foi onde eu olhei para o espelho e "Você não é um ser humano digno da vida" era só o que eu pensava, de repente eu fui deixando me vencer pela minha mente, suja e traiçoeira, comecei mais um conflito interno comigo mesmo dizendo "você não merece a vida que tem" "Harry você é tão inútil" olhava meus dentes e estavam pretos, olhava pra meus olhos verdes que dilatados pareciam uma espécie de olhar de quem acabou de fumar maconha.