Design nem tão inteligente

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O mundo é tão perfeito quanto as engrenagens de um relógio, proclamam os crentes.
Esse é o famoso argumento do "Design Inteligente". Aquele que diz que tudo na natureza foi feito de tal e tal forma que é perfeitamente harmônico e ordenado, como só um Projetista o faria. A esse Arquiteto, chamam de Deus.

Ignorando de onde esse Engenheiro teria vindo (questão já examinada no capítulo anterior), analisemos esse argumento per si.

Toda a premissa é: o mundo é perfeito, e tudo o que acontece na natureza, acontece perfeitamente. Será mesmo?
A seleção natural, proposta por Charles Darwin, nos revela que não é bem assim.
Imaginemos mariposas coloridas em Londres. O inimigo natural de tais insetos é a coruja. Contudo, as mariposas coloridas se camuflavam com relativo sucesso em folhagens e flores de suas respectivas cores. Até a Revolução Industrial, que, além de derrubar florestas, cobriu o ambiente com fuligem e carvão pretos. Dessa forma, as mariposas pretas e acinzentadas conseguiam se camuflar, sobreviver mais, e, portanto, perpetuar mais de seus genes acinzentados e pretos. As coloridas, todavia, se tornaram brilhos vivos na imensidão cinza, sendo extintas pelos seus predadores. Eis a seleção natural.

Quando observamos esse processo, e o aplicamos a cada aspecto da vida que conhecemos, vemos que para muitas mariposas coloridas, não houve Design Inteligente. Vemos que há, na verdade, uma constante batalha de adaptação, cuja arma das espécies é o gene.

Acreditar que tudo é ordenado e harmônico, é ignorar bilhões de anos de tentativa e erro que chegaram até nós. É ignorar os processos mais elementares da vida. É, enfim, negar a realidade.

O Universo por inteiro se desenrola nessa gigante trama adaptação. E dessa perspectiva, qual o sentido de um Design Inteligente? Um Relojeiro Perfeito não faz milhões de relógios defeituosos até, enfim, fazer o certo. Por ser perfeito, ele faz o relógio perfeito sempre.

Extinção, seleção natural, doenças genéticas, órgãos inúteis - pra que serve o dolorido dente do siso? - em nossos corpos... Tudo isso constitui um corpo de evidências que aponta para: não há Inteligência superior por parte da natureza. Há uma longa escalada que chegou até nós.
Ou, é claro, esse Relojoeiro é cego.

Pode-se concluir, a hipótese de um Design Inteligente é simplesmente preguiçosa, e, no mínimo, ingênua.
Para explicar a realidade, sempre temos dois caminhos: o longo e demorado das evidências, e o fácil e falho das crenças. Qual escolher? Faça-se essas perguntas: Qual faz nossos remédios? Qual salva vidas? Qual estendeu a expectativa de vida da humanidade? Qual nos levou para as estrelas?
Julgo que a resposta se torna óbvia.

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⏰ Última atualização: Dec 01, 2015 ⏰

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