By Special Places.

154 dias para a formatura (parte 01)

Lauren, on. (Continuando)

Após ficar ali parada, olhando para o chão e imaginando se eu deveria ou não pular e acabar com tudo isso de uma vez, eu escuto uma voz atrás de mim dizer :

– Quero que você agarre o parapeito e, assim que conseguir, se apoie nele e passe o pé direito por cima.

Simples assim, sinto o momento passar, talvez já tenha passado, e agora parece uma ideia idiota, a não ser pelo fato de imaginar a cara do Shawn que passava abaixo de mim, quando eu caísse perto dela. Esse pensamento me faz rir. Rio tanto que quase perco o equilíbrio, e isso de alguma forma me assusta. – tipo, me assusta mesmo – então me apoio no parapeito e Camila me segura enquanto o babaca do Shawn Mendes olha pra cima.

– Idiota! – ouço ele gritar.

O grupinho que passava com o Austin, ri. Ele faz uma concha com a mão ao lado da boca e olha pra cima novamente.

– Você está bem, C?

Camila se inclina sobre o parapeito, ainda segurando minhas pernas.

– Estou.

A porta no topo das escadas da torre se abre e minha melhor amiga, Normani Kordei, aparece. Normani é uma negra linda. Bem linda mesmo. E faz mais sexo do que qualquer outra pessoa que eu conheço. Nota: (eu não conheço quase ninguém). Como se eu não estivesse em pé no parapeito a seis andares do chão, com os braços abertos e a Camila agarrada nos meus joelhos, ela diz:

– Eles estão servindo pizza hoje.

– Porque não acaba com isso de uma vez, idiota? Ninguém se importa. – Brad, mais conhecido como babaca, grita lá de baixo. Mais risadas.

"Porque tenho um encontro com a vadia da sua mãe mais tarde", penso mas não digo, porque sejamos honestos, é uma resposta ridícula, também porque ele poderia subir e bater na minha cara ou me jogar daqui, o que estraga a ideia de eu mesma fazer isso.

Em vez disso, agradeço.

– Obrigada por me salvar, Camila. Não sei o que faria se você não tivesse vindo. Acho que estaria morta.

O último rosto que vejo lá em baixo é o da minha orientadora pedagógico, a sra. Lovato. Quando ela olha pra mim, penso: Ótimo. Maravilha.

Camila, não diz nada após o meu agradecimento, talvez ela queira me evitar, o que é normal. Mas mesmo assim ela me ajuda a pular o parapeito e chegar no concreto. Lá em baixo, alguns aplausos, não pra mim, mas pra ela, a heroína. De perto, consigo ver que sua pele é lisa e clara, e que seus olhos ficam ainda mais bonitos, quando você os admira de perto. Ela tem um olhar direto, do tipo que enxerga você por dentro, o que percebo claramente, mesmo através dos óculos. Ela é bonita, um pouco menor que eu, mas não muito, e seus quadris são belíssimos, ela tem umas curvas que eu achei atraente, por Deus se eu pudesse, beijar ela aqui, agora, eu faria.

– Eu só estava sentada ali. – ela diz. – No parapeito. Não subi aqui para...

– Deixa eu te perguntar uma coisa: Você acha que existe um dia perfeito?

– O quê?

– Um dia perfeito. Do início ao fim. Quando nada de terrível ou triste ou comum acontece. Você acha que é possível?

– Não sei.

– Você já teve um?

– Não.