Prólogo

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JOSHUA    

12 Anos atrás

Todo estão de preto.
Todos estão chorando.
Todos estão alheios ao que aconteceu.

Vejo minha mãe chorar em desespero. A agonia de uma mulher que perdeu duas pessoas importantes em sua vida é chocante, ela se debruça sobre o caixão e chora, soluça, chega até a questionar o Deus que tanto venera, suas pernas tremem pelo sofrimento, ela cai no chão e chora, as pessoas a ajudam e dizem que é compreensível o que ela está sentindo, entretanto na minha opinião é insano.

As pessoas a minha volta choram, tem em seus rostos tristeza e pena. Eu fico apenas observando, nada, o sentimento não vem.

Vejo minhas irmãs um pouco mais afastadas. Elayna tem o rosto vermelho e o rosto encharcado enquanto Victória a conforta com um rosto desolado, ela percebe que a estou olhando e me encara, lágrimas começam a sair por seus olhos - encenação claro, afinal ela é uma atriz.- Uma pergunta óbvia em seus olhos: Você não vai chorar?

Eu vou?

O padre fala uma de suas últimas palavras e os caixões começam a descer, por incrível que pareça todos estão chorando. Os rostos desolados com essa expressão de tristeza.

Eu queria sentir isso. Essa dor no peito, a mente pensando em mil coisas que podiam ter feito por essas duas pessoas a nossa frente. A sensação de perda...

Mas não vem nada. Vejo as pessoas uma última vez e elas ainda choram.
Pego meu sobretudo e saio desse lugar.

Pois se verem meu rosto vão perceber, ele está seco, assim como meu coração.

Os sentimentos, tristeza, agonia e sofrimento? Nada. Esqueci a muito tempo o que significam.

Alguns homens vêem eu indo embora e me encaram. Devem me achar um ingrato por estar indo embora.

São apenas duas pessoas mortas ali atrás.

Aprendi que não adianta ficar preso ao passado, quando nem sabemos viver o presente.

E a pergunta da minha irmã? Eu vou chorar?

Não, eu não vou chorar. Perdi essa capacidade anos atrás.

Consequências de um passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora