JOSHUA
— Ok. Você está me dizendo que estou indo para uma boate? — pergunto à Oliver.— Não fui eu que passei a missão, só cumprindo ordens — ele diz do outro lado do ponto.
— O que aconteceria em uma boate que a própria polícia de NY não poderia resolver e eu é quem preciso ir?
Paro o carro no estacionamento da tal boate, desço e abro meu porta malas, aperto o botão na lateral do carro e a parte do fundo se abre revelando todo meu material, preparo os equipamentos, tiro meu paletó e colete trocando pelo casaco preto já preparado com minhas armas. Pego um revólver no compartimento secreto do porta malas e guardo na cintura.
— Parece que a coisa não é tão simples. Tem máfia grande envolvida e sequestros. O dono da boate recebe pra ficar calado ou até mesmo oferece as garotas... e garotos.
— Polícia... — digo revirando os olhos.
— Máfia grande, Joshua. — Ollie responde como se eu fosse um retardado.
— Máfia grande, entendi, quanto por cento da polícia tá no meio disso? — pergunto seguindo pra entrada da tal boate.
— Entre 60 a 70%.
Afirmo com a cabeça apesar do meu parceiro não poder me ver. Existia uma fila enorme de pessoas sendo controlada por dois homens gigantes vestidos de preto e com óculos escuros – detalhe, eram tipo umas 2 da madrugada–, mulheres em belos e curtos vestidos, homens bem vestidos encarando as mulheres faziam a fila ansiosos. Uma mulher loira ficava do lado oposto dos homens de preto que fazia um contraste com um vestido totalmente branco e muitos acessórios, homens e mulheres elegantes passavam por ela entregando algo em sua mão, na porta ganhavam um carimbo em vermelho neon na palma da mão. Decido ir por esse lado.
— Olá querida — digo no meu melhor tom de cafajeste e sorrio quando seus olhos chegam até mim e travam.
— Posso ajudá-lo? — pergunta enquanto passa a mão pelo cabelo já perfeitamente arrumado.
— Você pode me ajudar deixando eu passar. — Ela olha em dúvida pra mim e então para o pequeno tablet em sua mão. " Cara, você tá na entrada luxo, ela só vai te colocar pra dentro se seu nome estiver na lista, não importa qual seu jogo de sedução ou dinheiro na mão, ela ganha o suficiente pra passar por isso" Oliver diz no meu ponto e tenho vontade de revirar os olhos. — Resolva isso.
Do modo que eu falei, servia para os dois, tanto Oliver quanto a mulher na minha frente. Ele tendo todo seu suporte tecnológico, seja lá onde ele fique, consegue resolver tudo pra mim que envolva aparelhos eletrônicos.
— É sua primeira vez aqui? Não tem o passe? — a loira pergunta. Nego com a cabeça. — Certo, se seu nome estiver na lista você ganha seu primeiro passe e o carimbo de cliente luxo.
Afirmo com a cabeça e espero ela entrar em sua lista no aparelho. Enquanto isso dois homens passam por mim chegando até ela.
— Boa noite Sabrina!! — cumprimentam em uníssono. — Será que hoje você entra lá dentro e participa da festa?
— Não, senhores sou paga para ficar exatamente do lado de fora — diz em seu tom profissional. Pelo visto não é a primeira vez que isso acontece.
— Posso pagar pra você ficar lá dentro — diz o mais baixo dos homens, loiro vestido de preto da cabeça aos pés. Ele se aproxima da mulher que fica mais ereta.
— Ou você pode me dar seus passes se não quiserem ficar do lado de fora — diz muito séria o que faz o loiro se afastar. O mais alto ri e puxa o amigo pelo ombro entregando duas moedas douradas para a mulher. Ela se vira para mim. — Desculpe por isso. Qual seu nome?
— Dalton Geed — Oliver diz no meu ouvido e repito em voz alta para a mulher.
— Dalton Geed... Dalton — ela procura pelo nome e morde o lábio quando não encontra nada. — Não estou achando... Aqui está! Colocaram seu nome no "D", geralmente o sobrenome vem na frente por isso não te achei no "G". Devem ter errado na hora de atualizar a lista.
Afirmo com a cabeça e pego a moeda dourada que ela me entrega dizendo ser meu passe para a próxima vez. Recebo o carimbo de outra mulher vestida de branco e entro na boate. O som alto me faz fechar os olhos, apesar de incomodar meus ouvidos, o show de luzes dificulta minha concentração e vou para uma parte mais calma da boate onde não existem muitas pessoas se esfregando uma na outra.
— Certo, estou aqui, o que eu preciso fazer?
— Achar o dono, Michael Ross e confrontá-lo. Você precisa saber tudo que ele faz ai e com quem ele trabalha, sabemos que é uma grande máfia européia, mas não sabemos muito mais além disso.
— Ok.
Ando pela boate e noto todos os tipos de pessoas, dançando, se agarrando, apenas curtindo entre amigos. Observo uma mulher irritada discutindo com um homem na frente da entrada do banheiro feminino, algo sobre sua amiga estar lá e o homem não deixá-la passar dizendo que o limite de mulheres no banheiro já chegou. A mulher bate o pé e continua discutindo, balanço a cabeça rindo da cena.
Continuo andando pela boate e encontro mais uma das belas mulheres vestidas de branco, me aproximo dela, mas a mesma nem levanta o olhar pra mim. Quanto essas mulheres ganham por mês?
— Com licença — digo e coço a garganta chamando sua atenção.
— Não tenho permissão para falar com os clientes — seu olhar varre a pista de dança e quando fica satisfeita por não encontrar nenhum problema olha para mim.
— Preciso falar com Michael Ross — sou curto e direto. Agora ela me olha séria e concentrada.
— Senhor Ross não vem a boate aos sábados de noite. Ele organiza tudo de tarde e vai embora, sinto muito, tente na segunda.
Fecho os lábios em uma linha fina e cruzo os braços. Impossível o dono disso aqui não ficar na noite mais movimentada da semana.
— Ela está certa — Ollie fala comigo. O carro dele não está no estacionamento e pelo video ele foi embora por volta das 17:00 e não voltou mais.
— Obrigado — digo mais uma vez para ambos e sorrio. Saio dali indo em direção a saída. — Eu fico ou tento achar Michael Ross? Você tem o endereço?
— Tenho, saia daí, se ele não está não deve ter nada por hoje. Vamos até a casa dele conseguir alguma coisa.
— Certo, estou voltando para o carro. — Chego no estacionamento, encontro meu carro e abro a porta do carona jogando minha jaqueta preta no banco junto com meu revolver.
— O apartamento fica perto do Central Park, você consegue chegar lá em vinte minutos.
Olho pro meu relógio e sei que minha família a essa hora já me deserdou. Entro no carro, por algum motivo, naquele momento eu decido ligar os faróis antes de acelerar o carro, por isso eu não fiz barulho, por isso minhas luzes iluminaram o beco na lateral da boate mostrando exatamente o que eu vim procurar aqui.
Olhando pelo vidro vejo cinco homens e um mulher agarrando e arrastando meninas para dentro de uma limusine. Seria uma cena até comum se não fosse pelos choros das meninas, as armas apontadas para suas cabeças, ou uma sexta garota sendo carregada em um estado totalmente grogue. Um homem bem vestido sussurra em seu ouvido com um sorriso malicioso, mas para quando nota o que aconteceu.
Eles sabem que eu iluminei seu crime. Sabem que eu os vi. Só não sabem quem eu sou. Desligo os faróis do carro deixando tudo voltar ao verdadeiro breu.
Pego meu revólver.
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Consequências de um passado
RomanceEnganos levam a Erros Erros deixam marcas E o passado sempre volta. A emoção mais presente do que nunca. Com novos personagens. Com novas histórias. Com novas lutas. Tessa é uma estimada publicitária na cidade de Nova Iorque. Ela só não espera...