Primeiro beijo.

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Acordei depois de dormir incrivelmente bem. Eu estava estranhamente alegre, fazia tempo que não ficava assim. Estava até cantando, eu gosto muito de cantar apesar da vez horrível. Canto sempre que estou feliz e sozinha, esse é o caso.

Não se admire se um diaa um beija-flor invadir,
A porta da sua casaa, lhe der um beijo e paartir.
Fui eu que mandei o beijo, que é pra matar meu desejo,
Faz tempo que eu não te vejo.
Ai que saudade sem fim...
...

Vou cantando enquanto tomo banho e me visto. Ponho um vestido "leve" rosa com umas rendas, muito lindo ponho também um casaco preto já que está um vento frio e faço um penteado preso um pouco esquisito, mas bonito.

E se você quiser mandar uma carta pra mim.
Bote logo no correio, com frases dizendo assim:
" Faz tempo que não te vejo, quero matar meu desejo. Te mando um monte de beijo. Ai que saudade sem fim"
...

Sigo cantarolando até Thomas bater na porta chamado pra ir na cidade.

★★★★

> Thomas.

Ela mexia comigo. Nunca vi alguém tão autêntica sem ser extravagante. Ela é linda, ela é especial. Com toda certeza tenho sentimentos por ela. Fico matutando enquanto cruzo o corredor para chama-la para irmos ao jardineiro mas parei imediatamente quando ouvi uma cantoria.
Clarice canta muito mal. Embora eu não conheça aquela música, é muito perceptível que ela está fora do tom. Mas ela estava numa alegria que deixou a canção linda. Nunca a vi ou ouvi tão feliz. Estava ansioso para vê-la, mas não ousei tocar na porta, aquela música dizia tudo. Ela cantar tal música também insinuava algumas coisas. Mas não vou me ater a suposições.
" Matar meu desejo"; " saudade sem fim", esse diz muito. Eu sentia falta de estar com ela e quando estava com ela queria estar mais perto, queria mais. Essa música dizia muito.
Quando cessou um pouco a cantoria e eu me recompus, bati na porta. Ela estava linda, um vestido menos volumoso que se encaixava perfeitamente em seu tronco mesmo com o casaco, com uma saia menos ampla e um penteado com tranças para trás que me davam uma boa visão de seu rosto. Linda.

★★★★

> Clarice.

Eu abri a porta e Thomas ficou me olhando com um sorriso bobo, tem.

- Vai ficar parado aí me olhando feito estátua? - Perguntei tirando ele do transe.

- Não, não. Perdão, nossa, você está linda, Clari. - Disse me analisando de novo.

- Obrigada. - Respondi, tímida.

- Vamos à cidade? A carruagem já está a espera.

- Claro, vamos.

★★★★

A viagem de carruagem foi lenta e saculejante. Conversei com Thomas sobre muitos temas diferentes, o assunto nunca acaba! Às vezes até esqueço os séculos de diferença.

- Chegamos

-Finalmente! Minha bunda já tava doendo de tanto ficar sentada. - Thomas riu e corou com a menção a palavra "bunda".
Ele abriu a porta e me ajudou a sair, agradeci e seguimos para um residência com o jardim mais lindo que já vi.

- Uaaau. - Disse boquiaberta.

- Lindo, não é mesmo?

- É uma das coisas mais lindas que já vi. Você já viu algo mais bonito que isso? - Perguntei e ele olhou bem no fundo dos meus olhos e disse:

- Sim. Há um tempo venho visto algo realmente mais lindo. - E sorriu.

Nós entramos e ele foi falar com um cara baixinho, Ferreira era o nome dele.
Resolvido tudo, Ferreira foi pegar a encomenda e nos deixou à sós. Ficamos passeando e sentamos num banquinho, Ferreira estava demorando demais e a conversa com Thomas fluía agradável.

- Você está tão linda...

- É, já me disse isso hoje. - Disse tímida.

- Está mais. A cada segundo você está mais linda que o anterior. É inacreditável, mas é real. - Falou se aproximando.

Algo em meu corpo me fez chegar perto também e ele entendeu isso como um uma deixa. Aconteceu, Thomas me beijou tão docemente, tão inseguro me encarando como quem diz "Estou deixando você ir, se quiser." Mas ao mesmo tempo "não me deixe". Tão lindo tão hesitante que eu tive que aprofundar o beijo e ele se tornou urgente e sensual. Eu fiquei sem fôlego mas não queria deixá-lo. Eu o abracei, beijei seu rosto e me agarrei a ele até voltar a respirar normalmente e beija-lo de novo. E foi melhor ainda Thomas estava seguro e apaixonado. Não há dúvidas disso, mas tudo bem, eu também estava.

Tempo de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora