Pós...

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Chuva de inverno caindo dos céus. Silêncio na Floresta Negra. Apenas a fraca luz da lua entre os muitos galhos. Talvez esse não fosse o cenário ideal para tal ocorrido, mas as vezes parece que estamos em um livro onde tudo dará certo ao final. E foi assim que começou para Hans-Thomas aquele dia 28. Lá estava ele, como de costume, andando pela madrugada enquanto pensava na vida. Era uma mania estranha que, pelo pouco que sabia, acreditava ser hereditário. Hereditário pois havia começado com seu pai. Sim, seu desconhecido pai, pelo que haviam lhe dito, não dormira por muito tempo antes de falecer. Isso porque ele perambulava pelas ruas durante a madrugada enquanto pensava em sua vida, isso até sua mãe surgir na vida dele e acompanha-lo. Fora apenas isso que contaram a Hans sobre seus pais. Era uma pena não ter crescido ao lado deles, porém Hans sabia que fora culpa de dois Hitmans, assasinos orfãos treinado desde os 8 anos de idade para servir o Rei e obedece-lo quando chamados. Ele sentia raiva dos Hitmans, porém agora ele pertencia ao tal grupo. Eles podiam fazer o que quisessem, já que tinham contas ilimitadas no banco e poderiam gastar o que quisessem. Porém Hans não gastava seu dinheiro abusava desse poder como os outros. Além disso, não gostava de pessoas. Eram todas de alma suja. Por isso costumava andar sozinho. Evitava a companhia de humanos. E se pudesse, evitava a si mesmo.
Mas naquele dia 28, Hans andava sozinho na Floresta Negra pensando em como era sentir amor por alguém. Ele nunca havia sido amado e nem havia amado alguém. Era um sentimento totalmente desconhecido que ele só via nos outros. Mas ele não acreditava que esse sentimento fosse real. Como seres que tem a capacidade de matar seus semelhantes, e que muitas vezes vez isso na história, poderia manter em seu coração um sentimento tão puro e lindo? Ou até mesmo como pode um ser com tal sentimento, conseguir matar seus semelhantes? Hans não acreditava que o ser humano poderia realmente sentir amor. Aliás, o que era realmente amor? Cada pessoa lhe descrevia de um jeito, lhe dando diferentes definições. A unica coisa que era comúm a todas definições era o fato de que o amor era entre duas pessoas. Porém não seria também entre duas pessoas a raiva? Um sentimento tão ruim pode compartilhar algo com um sentimento tão lindo? E Hans tinha acabado de ter uma resposta. Porém seu celular tocou: era uma missão, matar uma andarilha que estava na mesma floresta que ele, bem no centro de uma clareira. Então Hans pôs suas luvas vermelhas e sua máscara, para proteger sua identidade de Hitman. Se localizou e logo chegou ao acampamento da andarilha. Mas ela não estava lá. Foi quando ouviu uma voz do alto:
- Você sabe que não precisa ser isto que você é, não é mesmo? Você sabe que pode simplesmentedeixar tudo de lado e viver livre. Livre e sem certeza do que fazer, porém fazendo de cada dia da sua vida, aquilo que você quiser. Você pode até se odiar, como odeia seus líderes, mas não pode fugir de si. Faça que sua convivência consigo mesmo seja mais pacífica e agradavel. A vida, quando é feita de escolhas que seguem o coração, acaba por trazer o sentimento de dever cumprido e amor. Você passaria a amar sua vida.
Mas mesmo assim ela desceu da árvore afirmando que a decisão era dele. E então ela se ajoelhou de frente para ele, virada com as costas para ele. Então na Floresta Negra só havia o leve som do silêcio, uma chama acesa e o Hans com as mãos segurando a cabeça daquela jovem andarilha, prestes a quebrar-lhe o pescoço. A andarilha fechou os olhos e num movimento rapido Hans não encostava mais naquela cabeça.

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