EXTRA 1: Ice Cream

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Já fazia algum tempo que Harry havia se mudado para o apartamento de Louis. O processo havia sido calmo, tudo em perfeitas condições, a faculdade prestes a ser encerrada, eles brigavam como sempre. Tudo nos conformes.

O único problema era o dia das compras, na verdade.

Problema pois, Louis era um comprador compulsivo na base da fome. Quando digo isso, quero dizer que, ele sempre está com fome e qualquer coisa para ele parece bom. A primeira compra que fizeram ultrapassou os trezentos dólares.

Bom, e Harry... Harry era um mão de vaca de primeira.

Agora, ambos no corredor de gelados estavam se confrontando. Por um sorvete.

— Ah, porra! É só três dólares, Harry. Pare de ser velho, meu deus do céu!

Louis se encontrava com o pote de sorvete napolitano grudado ao seu corpo, quase como se estivesse o abraçando. Harry com uma das mãos apoiadas na porta da geladeira, esperando Louis colocar de volta o sorvete em seu devido lugar. O que obviamente Louis não iria fazer.

— Louis, tudo é sempre "só" isso, "só" aquilo e quando vemos no final da conta, estamos falidos! — Harry resmungou, tentando puxar o pote de suas mãos.

Todos passavam e os observavam. Alguns achando engraçado, algumas garotas achando fofo assim como pessoas mais velhas julgando como um absurdo.

— Eu vou levar o sorvete, talvez ele me peça em namoro mais rápido que você! — Louis rugiu em meio ao corredor, causando um alto eco e chamando mais atenção para ambos.

— Louis, Jesus Cristo... — Ele puxou de uma vez o sorvete do menor, colocando dentro da geladeira novamente. Ele virou as costas. — Vamos logo.

Harry agora com sua pior expressão irritada, puxava o carrinho para longe, enquanto Louis abria novamente o refrigerador e pegava o mesmo pote antes segurado, correndo atrás do maior.

— Eu juro por Deus, se você tiver pegado essa merda de sorvete de novo, eu...

Foi interrompido pelo barulho do pote se chocando contra o carrinho. Louis havia colocado o sorvete dentro do mesmo.

— Relaxe. — Pediu o menor, ficando em sua ponta de pé e selando de forma rápida o lábio do maior.

Entretanto, Harry não deixou sua carranca de lado continuando com suas sobrancelhas franzidas e lábios formados em um bico teimoso. O cacheado havia realmente ficado irritado, por primeiro pela insinuação a demora do pedido de namoro, e por ter o desobedecido como sempre fazia. Tentou ignorar a sua garganta que implorava por uma resposta mal educada.

Eles estavam indo pagar. Aquela era a hora.

— Só isso? — A caixa pergunta. Faíscas saem dos olhos de Harry.

— Só.

Fala, depois de uma década. A mulher olha desconfiada para eles, devido ao valor da compra. Ela releva, e os diz o valor.

— No total mil dólares, senhor. Crédito ou débito?

Ele preferia a morte, na verdade.

— Crédito. — Resmungou, contragosto colocando seu cartão na máquina.

Louis depois de ouvir o valor, se encolheu e começou a empacotar as coisas, como raramente fazia. Dessa vez ele percebeu que realmente havia exagerado. Ele agora parecia um gatinho arrependido, em todos os sentidos. Mas, Harry não se deixaria levar pela expressão do menor. Isso tinha ido longe demais.

Depois de empacotarem as compras e colocarem no carrinho, se dirigiram ao estacionamento. Harry não falou uma só palavra.

— Harry? — Ele sibilou, não obtendo resposta — Harry, fale comigo!

— Eu realmente não estou com vontade de conversar agora, Louis.

Harry o cortou, abrindo o porta malas de seu carro e colocando as compras lá dentro, com a ajuda de Louis que suspirava ao seu lado. Após terminarem, entraram dentro do carro onde foram até o apartamento sem dizer nenhuma sequer sílaba. No elevador, a tensão continuava pairando no ar, lembrava até dos tempos antigos de ambos. Louis não gostava disso.

Entraram no apartamento e organizaram as compras na mesma tensão, assim que terminaram, Harry sentou-se no sofá e ligou a televisão. Sua mandíbula estava travada e seus ombros tensos.

Louis observando a situação, resolveu agir. Com uma certa pressa, adentrou seu próprio quarto e tirou suas roupas, vestindo apenas um roupão de banho preto para que Harry não desconfiasse de nada. Torcendo para que desse certo, ele saiu de seu quarto indo até a cozinha, ainda não conseguindo nenhum olhar de Harry. Bufando frustrado, ele teve uma nova ideia.

Se esticou o máximo que conseguiu e abriu o refrigerador de sua geladeira, tirando de lá seu tão querido e esforçado sorvete. O colocou em cima da bancada, pegando dois pequenos copos de sobremesa dentro de seu armário. Abriu a gaveta tirando de lá duas colheres. Com uma delas, retirou o sorvete do pote colocando dentro dos recipientes.

Quando terminou, ele respirou fundo.

Retirou o nó de seu roupão, deixando-o aberto com a visão perfeita de seu corpo. Ele realmente estava apelando. Com as mãos geladas, ele segurou ambas as tigelas cheias de sorvete, uma em cada mão. Andou em passos lentos até a sala, encontrando um Harry ainda concentrado na televisão.

Ele bufou.

— Styles.

Chamou o sobrenome, e o mesmo instintivamente se virou. E, bom. Ele engasgou com a visão.

Seus olhos desceram por todo o corpo do menor, quase não reparando nas tigelas que o mesmo segurava. O cacheado deixou um sorriso malicioso tomar boa parte de seu rosto. Quando finalmente olhou nos olhos do mais velho, o mesmo se inclinou contra o sofá, deixando o sorvete no encosto do mesmo.

Mais perto de seu rosto do que nunca, ele sigilou:

— Quer namorar comigo? 


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