Capítulo 4: O primeiro beijo

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João Miguel decide ligar para Mariana para se desculpar.
- Alô!- diz Mariana ao atender o telefone.
- Alô Mariana!? Sou eu João Miguel!
- Oi ... - Há um silêncio.
- É que eu fiquei muito sem graça pelo que aconteceu com a minha mãe. Eu juro, eu fico muito triste que as coisas continuem como eram há 10 anos.
- Eu também fico, mas o que vamos fazer...
- Eu te peço perdão pelas ofensas da minha mãe.
- Eu agradeço, até mais. E isso era tudo o que queria me dizer.
- Sim, era tudo, fica com Deus.
Mariana desliga o telefone. João Miguel fica pensativo.
Eduardo entra no escritório e vê João Miguel distante.
- Com quem estava falando?
- Era a Mariana.
- E quem é Mariana? - pergunta Eduardo sem entender.
- Ah! Eduardo, a Mariana e eu éramos grandes amigos e agora nem isso somos. - diz em tom de tristeza.
- Mas o que houve que te deixou assim pensativo? O que tá te preocupando? Seja sincero comigo nós somos amigos.
- Ah! Eduardo. Tem uma coisa que me deixa muito confuso. A Mariana me faz sentir o que não tinha sentido a muito tempo.
- Sentido o que?
- É uma coisa que a Mariana me faz sentir quando me aproximo dela... Faz com que eu esqueça o mundo inteiro e tudo o que eu sinto é vontade de abraça-la e de beija-la.
- Isso quer dizer que você...
- Que eu estou apaixonado por ela.
- Apaixonado? Isso não é coisa da sua cabeça?
- Não, Eduardo. Ela me atrai, eu sinto o sangue ferver, tenho vontade de beija-la. A Mariana sempre me encantou e despertou em mim um sentimento puro que estava adormecido e... quando eu a vi percebi que a amo, como nunca amei ninguém.
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Mariana recebe a visita de Camila.
- Preciso falar com você. - diz Camila. - Me diga a verdade. Você gosta do João Miguel? Ele te interessa? O que quer com ele?
- Que história é essa? Não estou entendendo? - se surpreende Mariana com tanta interrogações.
- É que eu ouvi alguns boatos e quero saber de você o que está acontecendo entre vocês dois.
- Olha pode ficar tranquila porque entre João Miguel e eu não há nada, nem sequer somos mais amigos.
- Mas você e o João Miguel eram tão amigos quando crianças!
- Isso foi há muito tempo, Camila. Agora não temos mais nada em comum e sobram razões pra ficarmos o mais longe possível um do outro.
- Quer dizer que não se importa se eu ficar com ele. Por um momento pensei que estava interessada nele. E na verdade eu não ia gostaria de ter você como rival.
- Você gosta dele? - pergunta Mariana um pouco enciumada.
- Não só gosto, eu adoro ele.
- E ele?
- Ele ainda não me disse nada, mas tenho a impressão que indiferente eu não sou...
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João Miguel vai ao quarto de seu pai e encontra seu pai triste.
- Posso entrar pai. Tudo bem?
- Sim, por que? Estou um pouco cansado só isso.
- Pai, você sempre disse que me conhece muito bem e mesmo que eu não diga nada sabe perfeitamente bem quando alguma coisa acontece comigo. Pois eu digo o mesmo ao senhor. Não é melhor me dizer o que aconteceu?
- Filho, acha que sou um bom exemplo pra você?
- O melhor, mas que pergunta é essa?
- O mais importante nessa vida é a gente pode fazer o que realmente quer e é fundamental lutar por isso e
defender o nosso ideal. Não falo só nas questões de trabalho mas também
com os sentimentos de um homem.
- Se refere a minha mãe.
- Sua mãe é um bom exemplo. Pra muita gente é uma mulher cheia de
defeitos, mas com ela escolhi viver minha vida e apesar de todos os problemas que tivemos fui muito feliz ao lado dela.
- Eu sei pai.
- Tomara que realmente entenda. Tomara que nunca se afaste do que realmente importa porque filho se trata da sua felicidade.
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Mariana vai a igreja, conversa com padre Inácio, relembra sua infância e fala com rancor da mãe que a abandonou.
- O senhor sempre foi tão bom comigo padre, desde criança sempre esteve ao meu lado, desde que eu soube que não tinha mãe. Que eu era uma criança esquecida.
- A sua mãe te confiou a mim porque não tinha forças pra continuar vivendo. Estava doente e pensou que não ia se salvar.
- Por um acaso você sabe quem foi minha mãe e como ela se chamava? O senhor a conheceu?
- Sim, cheguei a vê- la, mas não me lembro do nome, talvez ela nunca tenha me dito.
- Mas ela me abandonou, padre.
- Não a julgue... Ela se viu só, muito doente e teve medo, por isso me pediu que tomasse conta de você. Depois te levei para o orfanato, lá poderiam cuidar muito melhor do que eu.
- Então a minha mãe não morreu?
- Não, não morreu, pouco tempo depois eu a procurei no hospital e lá me disseram que ela tinha ido embora.
- Pois é, sozinha e sem mim... Cresci no orfanato, num abrigo de caridade, sentindo muita falta do carinho materno. Aí um dia dei um jeito de ir embora do orfanato, procurando alguém... Alguém que fosse meu, alguém que me quisesse, padre.
- E aí encontrou... e esse alguém foi a Lupe.
- Foi assim até o dia que ela me mandou pra aquele colégio, deixando muitas coisas para trás. Mas tem muita coisa que não se pode esquecer.
- Ao menos no colégio você teve proteção, segurança.
- E eu agradeço, mas eu sempre senti muita falta de um lar, com minha mãe. O senhor sabe onde eu posso encontrar a minha mãe.
- Eu não sei, eu não tenho a menor ideia. Entenda, sua mãe só quis te salvar.
Mariana deixa a igreja triste e decide caminhar e encontra Diego.
- Mariana!
- Me perdoe Diego, mas nesse momento eu não tô com vontade de falar nadinha de nada.
- Pra onde você vai?
- Eu vou caminhar um pouco.
- Eu te acompanho.
- Não, eu preciso ficar sozinha um tempo, obrigada.
Mariana vai até a cachoeira. João Miguel a encontra chorando.
- Mariana!
- João Miguel! O que está fazendo aqui?
- Sempre que eu quero pensar e esclarecer as coisas na minha cabeça eu venho aqui.
- E por que justamente aqui? - interroga.
- Porque esse é o lugar que de alguma maneira mudou a minha vida.
- A minha também.
- Você tá chorando, por que?
- Porque simplesmente eu não sou nada. Não há nada pior que saber que fui abandonada pela minha mãe.
- Ei.. não vale a pena você ficar assim, pensa que tem gente que te ama e que tá feliz que você tenha voltado.
- Me diz quem?
- O padre, a Lupe e também...
- Eu sei que eles me amam muito e eu amo eles também, mas parece que você não gostou muito que eu...
- Não, é que você me pegou de surpresa.
- Você nem me reconheceu, João Miguel.
- Eu já disse que você me surpreendeu.
- Isso não justifica. Embora que de qualquer maneira isso é normal, depois de tantos anos sem ter me visto, é normal que você tenha se esquecido de mim, porque se não fosse assim você estaria com o caracol que eu te dei.
- Eu nunca esqueci daquele dia. - Os dois de olham - Do dia que fizemos um pacto, nós juramos que guardariamos nossos caracóis para sempre e eu usei por muito tempo.
- Até que você perdeu?
- O que vai me dar, se eu provar que eu ainda tenho... O que vai me dar?
- O que você quiser. - diz Mariana.
João Miguel tira a corrente do bolso e o mostra pra Mariana. Ela sorri e olha emocionada para ele.
- Disse que me daria tudo o que eu quisesse.
Mariana confirma balançando a cabeça.
- O que eu quero é isso. - diz João Miguel aproximando delicadamente sua boca aos lábios de Mariana e eles se beijam.

Preocupado, Diego vai procurar Mariana e a encontra com João Miguel no rio.
- Mariana!? - eles ouvem Diego chamando e disfarçam.
- Fiquei preocupado com você - diz percebendo o clima entre os dois.
- Vamos... Até logo. - diz Mariana se despedindo de João Miguel.
Mariana se afasta e João Miguel resolve colocar a corrente no pescoço.
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Em seu quarto, João Miguel olhando para a corrente se lembra do beijo que deu em Mariana.
- Posso entrar. - diz seu pai. - O que foi parece nervoso?
- Não, pelo contrário, pai, tô muito feliz e me sinto melhor do que nunca.
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