The curse

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POV Donna

Minha respiração parou enquanto eu engolia em seco. Quando Justin disse que havia feito algo que não deveria, aquilo me assustou. Já era óbvio que o que estava acontecendo não era algo normal, e se o que ele quis dizer fosse o que eu estava pensando... Se tinha uma coisa que eu havia aprendido com filmes de terror era a não mexer com espíritos.

— Eu tinha só dez anos — Justin continuou, não se importando com as outras lágrimas que começaram a descer. — Não sabia o que estava fazendo, meus amigos tentaram me alertar, mas eu não escutei, achei que fosse só uma brincadeira de mau gosto.

— Do que você está falando? — respirei fundo, prendendo o ar por alguns segundos antes de soltar. Eu tinha medo do que iria ouvir.

— Desculpa, eu não consigo contar assim, não aqui, não desse jeito. São muitas lembranças horríveis, mas eu sei que preciso me lembrar delas. Eu te devo uma explicação, Donna. Sei que combinamos de ficar aqui por ser público, mas você não vai querer ouvir tudo aqui.

— Não sei se quero ficar sozinha com você depois de todos os pesadelos — abracei meu próprio corpo, apertando os olhos ao me lembrar das cenas.

— Eu juro, Donna... Juro que não sou a pessoa que você viu lá.

Era aquilo que seus olhos me diziam também. Os globos cor de mel estavam mergulhados na água, implorando para que eu acreditasse. Não tinha como duvidar, eu conseguia ver sua alma. Justin era uma vítima, assim como eu.

— Tudo bem — suspirei, secando uma lágrima que escorria por minha bochecha. — Eu vou com você.

— Não se preocupe, não estaremos sozinhos na minha casa. Vários empregados ainda devem estar acordados, talvez meu pai também esteja lá.

— Por falar no seu pai... — comecei, lembrando-me da diferença de sobrenomes. — Por que vocês não têm o mesmo sobrenome?

— Isso faz parte do que eu preciso contar, também — ele fungou, então se levantando e estendendo a mão para que eu pegasse.

Hesitei por um instante, mas por fim acabei pegando sua mão e deixei que ele me conduzisse até seu carro. Pelo menos o modelo era diferente dos pesadelos. Entrei com certo receio, porém disse a mim mesma para esquecer o que havia vivenciado naquela cabana. O Justin Bieber que estava comigo era diferente, eu sabia que sim.

Não trocamos palavras durante todo o caminho. Eu percebia que Justin ainda chorava, mesmo que minimamente, no entanto hora ou outra ele sempre limpava o rosto. Se eu tinha entendido certo, ele havia perdido muita gente, provavelmente era bastante doloroso ter que se lembrar de tudo. Eu ainda me lembrava da dor exata de cada morte, mas não era só aquilo. Mortes carregavam consigo não apenas dor física, mas também emocional, tanto para os que morreram quanto para os que perderam.

Quando me dei conta, Justin já entrava com o carro em uma mansão. O lugar era realmente enorme, contudo senti os calafrios subirem pelas minhas pernas quando o reconheci.

— Apreciando a vista? — Ouvi uma voz rouca atrás de mim, fazendo-me virar para encarar um belo par de olhos cor de mel, pertencente a um jovem loiro.

— É um jardim realmente bonito — comentei, direcionando meu olhar para através da janela novamente.

— É, eu também gosto de olhar em meu tempo livre.

— Mora aqui? — perguntei, arqueando a sobrancelha.

— Sim, sou filho de Daniel, muito prazer — o garoto disse, estendendo a mão para que eu apertasse, e assim fiz. Justin Bieber.

Hell In Nightmare: A MaldiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora