Hell In Nightmare: A Maldição

Maybe

POV Donna

Eu estava praticamente em estado de choque, mas sabia que ainda tinha plena consciência por ainda conseguir pensar. A cabana, a maldição... Era exatamente aquilo. Eu estava começando a entender o que acontecia em meus pesadelos, porém ainda não conseguia pensar em um motivo para que eu tivesse sido envolvida. Por que eu? E o que eu tinha a ver com aquela história?

— Eu não acreditei na história — Justin continuou, engolindo em seco. — Tinha dez anos e queria que todos acreditassem que eu era um homem, então agi como qualquer garoto da minha idade agiria, com coragem. Mas tudo começou no momento em que eu disse que aquilo era apenas uma lenda, que nada de mais aconteceria.

— Então a primeira morte aconteceu, certo? — perguntei, deduzindo o resto a história.

— Sim, exatamente um ano depois — ele suspirou. — Foi minha mãe. Ela estava na estrada, chovia e a pista estava escorregadia, então ela perdeu o controle do carro e foi para a outra pista, acabou colidindo com um caminhão. Minha mãe ficou presa nas ferragens e morreu na hora.

— Foi basicamente o que aconteceu no primeiro pesadelo — disse, lembrando-me exatamente de cada detalhe. — Eu estava saindo de um restaurante, tinha acabado de brigar com meu quase namorado, então você apareceu e me ofereceu uma carona. Acabei aceitando depois da insistência, você parecia legal no começo, mas de repente seu rosto...

Algumas rachaduras começaram a aparecer e seu sorriso era o mais diabólico possível. Ele tinha dentes de vampiro e os mostrava, como se estivesse prestes a dar o bote.

— Isso aconteceu em todos os pesadelos, você sempre ficava com essa aparência antes de me matar — suspirei, sentindo o nó em minha garganta aumentar a cada palavra que eu dizia. — Mas então você simplesmente virou o volante, jogando o carro para a outra pista e causando o acidente, sendo que antes da colisão você desapareceu.

— Eu não entendo — ele disse, balançando a cabeça com o cenho franzido. — O que você tem a ver com isso? Nem te conhecia até aquele dia na cabana. Em todas as minhas pesquisas não vi nenhum caso que isso tenha acontecido.

— Algum motivo tem que ter — disse, tentando pensar em qualquer coisa que fosse provável. O problema era que estávamos falando de algo sobrenatural, então tudo era uma possibilidade. — Mas você disse que estava com mais dois garotos, o que aconteceu com eles?

— Também não acreditaram — contou. Pude ver a dor em seu olhar ao falar sobre o assunto. — Tyler se matou quatro anos depois, não aguentou ver sua família morrendo por causa de algo que ele mesmo tinha provocado. E Josh... Ele se isolou há três anos, simplesmente surtou, desde então não tive mais notícias.

— E quanto a você? Quer dizer, pela sua idade eu imagino que...

— Sim, de acordo com a maldição eu vou morrer esse ano. Mais especificamente no dia 19 de outubro.

— Isso é daqui dois meses — engoli em seco, encarando-o com os olhos marejados. — Tantos anos de pesquisa e você nunca conseguiu descobrir uma forma de parar isso?

— Bem, uma opção seria queimar os ossos do garoto, mas não faço ideia de onde encontrá-los, então já descartei. Também poderia matar o espírito se ele se materializasse para mim, porém nunca consegui que isso acontecesse também. Há três anos que eu vou à cabana no dia das mortes, esperando que algo aconteça, mas é em vão.

— O que estava fazendo lá naquele dia, então?

— Tive que ir para Miami em uma viagem de negócios, por isso decidi passar por lá e tentar a sorte. Não sabe o quanto fiquei surpreso ao vê-la deitada, contorcendo-se com os pesadelos.