Capítulo 1

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"São tudo histórias, menino. A história que está sendo contada, cada um a transforma em outra, na história que quiser. Escolha, entre todas elas, aquela que seu coração mais gostar, e persiga-a até o fim do mundo. Mesmo que ninguém compreenda, como se fosse um combate. Um bom combate, o melhor de todos, o único que vale a pena. O resto é engano, meu filho, é perdição"- Caio Fernando de Abreu

Todos tem uma história. Por trás de cada riso, de cada coração ferido, de cada cabelo branco, de cada olhar e de cada ruga. Existe uma história.

Sua vida pode ser uma comédia, uma aventura ou uma história de superação, sucesso e amor. Mas pode ser também um drama, uma tragédia ou a monotonia da não-mudança.

Porque todos nós temos tudo isso em nossas vidas. O que muda é como editamos, em quais experiências mantemos o foco e sobre o que falamos.

A verdade é que as histórias existiam antes de sabermos o significado disso. E cada pessoa carrega o peso da sua história. A moça que conta as moedas para comprar pão todas as manhãs tem uma história. O homem que está de trás das grades com uma carta de amor na mão, tem uma história. A criança que num dia quente de domingo, está em um hospital em vez de estar na rua brincando, tem uma história.

A minha história, sei que não é a pior. Mas é para você pensar e refletir, que se você está achando ruim, imagine eu. Ou seja, sempre existe alguém pior, então sorria e agradeça aos céus por sua história, pois ela fez e completou cada centímetro do seu ser, da sua personalidade, e sem ela, você não seria nada.

Semana passada, meus pais morreram. Acidente de carro. Acontece muito. Matou os dois na hora, enquanto isso, eu estava em uma festa dançando e me divertindo com meus amigos. Não é atoa que me senti culpada.

Foi o pior dia da minha vida.

Eu estava me divertindo. Havia saído escondida, nem meu namorado sabia. Era uma festa calma na casa de uma conhecida, apenas músicas eletrônicas e sertanejo universitário. Estava tudo indo bem, então resolvi ligar pro meu namorado, Yan. Ele não atendeu, então resolvi ligar de novo.

Ele atendeu no segundo toque.

Perguntei o que ele estava fazendo e o mesmo disse que tinha dor de cabeça e que estava indo dormir. Achei melhor não pertuba-lo, então só desejei melhoras e uma boa noite.

Eu e Yan éramos o casal modelo do Colégio. Todos achavam que nós éramos os mais propensos a nós casar e ter filhos. Sempre que chamavam algum de nós para algum lugar, já contavam com a presença do outro, pois nós dois juntos, animavamos a festa.

Desliguei o telefone sorrindo. Eu não estava certa se amava Yan, mas estava satisfeita. Sentia um carinho enorme por ele.

Então me virei e vi meu namorado vindo do lado de trás da casa abraçado com minha melhor amiga. Eles pararam e se beijaram. Por um momento fiquei imóvel, mas assim que fui na direção deles, ele pegou na mão dela e subiu as escadas, onde ficavam os quartos.

Posso ter mil e um defeitos...e ira é um deles. Subi as escadas me debatendo em pessoas bêbadas e pessoas que fingiam estar bêbadas, cheguei ao andar de cima e fui em direção ao quarto que acabará de ser fechada a porta. Por um momento fiquei ali. Pensando se era mesmo o Yan. Bom, se era ou não, só havia um jeito de descobrir, não é mesmo?

Abri a porta com toda minha força. Giovanna, minha ex melhor amiga estava apenas de lingerie e meu ex namorado, de cueca. Os dois estavam se agarrando e quando me viram, se largaram. Naquele momento, eu pensei em tudo. A janela estava aberta, não precisaria de muito para joga-los ali. Ou eu poderia apenas fechar a porta. Mas não fiz nem um, nem outro. Apenas fiquei lá, paralisada vendo aquela cena. Eles repetiram juntos aquelas palavras clichês que dizem em uma situação dessa.

O Garoto da Máscara Azul - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora