Então, o dia de resgatarem Regina chegou.
Quatro garotas ficaram responsáveis por vigiar a casa, duas entraram para fazer uma mala - nada mais justo do que pegar as roupas e as outras coisas de Regina.
Zilá esperou por Regina na sala, comendo uma das frutas do enfeite que ficava na mesa no meio da sala.
Um barulho de chave pegou a sua atenção.
Regina apareceu no hall da casa, carregando sacolas de compra. Para quem via de fora, a sua aparência era ótima. Os cabelos penteados como nunca ficavam quando ela morava na Rua Sete. Até mesmo batom em seus lábios, que era algo do qual Zilá sabia que o homem lá não gostava. Regina insistir em usar o batom era o único sinal de que Zilá precisava.
Ela esperou Regina fazer sua rotina, assistindo enquanto ela acendia as luzes antes de se virar para a sala.
Quando a viu, Regina sufocou um grito com as mãos.
- Olá, Gina.
Zilá sorria do seu jeito mais felino; sutil e esperto.
- Zê! O que você... Como... Há quanto tempo... Ele vai saber! Ele já sabe! Ele vai vir!
Regina tinha um surto bem à sua frente, mas Zilá manteve a calma.
- E o que te faz pensar que ele sabe que eu estou aqui?
- Ele... Ele... Ele... A casa tem câmeras, Zilá! De onde você tirou essa ideia!
- Regina, você está falando comigo. - Zila abriu a jaqueta, revelando uma máquina fotográfica instantânea. - Entrei sem ser vista, tenho certeza. Tirei fotos e colei-as em frente as câmeras. Pode ficar tranquila.
- Então existem câmeras, mesmo? - a expressão no rosto de Regina foi de puro terror.
Ela sequer parecia a lider do grupo que outrora fora.
- Você não sabe quando ele vem... Ele vai estranhar algo, vai perceber que eu não cheguei...
- Eu observo há semanas, Regina. E as outras meninas também. Giulia fez até um cronograma do dia dele, acredita?
Regina cobria a boca com as mãos. Ela precisou se sentar.
- Por que você tem tanto medo? Por que não pediu ajuda?
- Você não o conhece.
- E nem quero. Está na hora de irmos, Regina.
Zilá ficou em pé, olhando a amiga firmemente. Regina levou alguns segundos, mas, enfim, ficou em pé.
- Vamos.
- Você confia em mim, certo? Confia em nós?
- Sim.
- Então faça o que eu disser.
Elas saíram pela porta dos fundos, onde Zilá assoviou como um passarinho, e então elas seguiram para a rua, passando pelas casas vizinhas.
Não pararam para esperar ninguém, Zilá observava atentamente cada movimento na rua, mas elas quase não pararam até chegarem perto de casa; a Rua Sete.
As outras meninas já as esperavam, com sorrisos no rosto e DUAS malas em mãos.
Zilá se esforçou para não revirar os olhos.
Enquanto todas abraçavam Regina, seus olhos esquadrilhavam o quarteirão. Nessas horas, gostaria de ter olhos de falcão.
Um carro dobrou a esquina em uma velocidade suspeita. Zilá não esperou, gritando para as garotas e puxando o grupo em uma corrida desenfreada.
Regina ficou por último.
- Ele sabe! Não podemos ir para a Rua Sete! Não tem pra onde ir!
Zilá diminuiu o passo para gritar:
- Regina! Você disse que confiava em mim! Certo?
- Sim!
- Então corre!
Ela voltou para a frente do grupo para guiá-las, o peso da responsabilidade escondido em algum canto que não fosse atrapalhar o seu desempenho.
Zilá entrou na Rua Sete por alguns motivos; entre eles, o conforto do lugar conhecido. O carro estava as alcançando, mas ele não conseguiria entrar ali. O homem teria que correr atrás dela, e Zilá apostava que ele não corria mais que nenhuma deles, e mesmo que corresse, ele não tinha o conhecimento delas sobre as ruas do centro.
Era conhecido e seguro.
No entanto, no momento em que Zilá dobrou a esquina, o barulho de carro sumiu. Ela tropeçou em algo e acabou no chão.
Por poucos segundos, logo ela voltava a correr, com todas as garotas atrás. A passagem para a próxima rua era estreita, e ela parou para esperar todas passarem primeiro.
Foi então que ela viu duas coisas: primeiro, a Rua Sete estava diferente. Segundo, ninguém as seguia.
- Esperem. - ela pediu, e todas se voltaram para ela. - Ele não está vindo.
Regina riu.
- Vocês redecoraram o nosso beco?
Todas olharam de Zilá para Regina.
- Não. - a resposta foi dada em coro.
Apesar de não se parecer em nada com o beco delas, todas concordaram em sair dali o mais rápido possível.
Suzana sugeriu a sua Biblioteca como refúgio, e guiou o grupo até ela.
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As Garotas da Rua Sete
PrzygodoweUm grupo de meninas de rua, cada uma com a sua história. Porém, todas unidas. Nem tudo é o que parece. E a única regra é que elas nunca ficam sozinhas.