Regina foi a mais difícil de se convencer. Ela tinha certeza que o homem de quem fugia estaria espiando, de alguma forma. Então, Zilá decidiu que somente uma parte do grupo iria averiguar a Rua Sete.
Mercie obviamente queria ir, e Ariana não se separaria da namorada em um momento como aquele. Suzana era quem tinha mais conhecimento em coisas estranhas por causa do seu gosto por leitura, então seria prudente ela estar junto para saber diferenciar uma coisa estranha da outra. Zilá iria, também. Beatriz estava tão curiosa que não ficaria para trás nem que exigissem.
Ela parecia decidida a provar que estava certa, também.
As garotas restantes ficaram, tomando o cuidado de se esconderem bem.
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Todas estavam prestando atenção nos detalhes da rua, procurando cada coisa que não pertencesse ali. Felizmente, o carcereiro de Regina não apareceu para atormentá-las, e a rua estava tão tranquila quanto de costume.
- Eu sabia. - Mercie cruzou os braços, astuta. - Aqui não é a Rua Sete.
- Hm?
Todas se viraram para trás, notando que Mercie olhava para a placa presa na parede esquerda na rua.
- Olhem a placa. - ela disse, sorrindo, indicando a placa com um aceno de cabeça.
No lugar de Rua Sete, estava o nome de alguém que nenhuma delas fazia ideia de quem era, nem mesmo Suzana. Rua Augustino Segundo. A informação pareceu perturbar ainda mais Zilá.
- Mas é aqui, tem que ser aqui. Todas nós viemos para cá. Não é possível que todas nós perderíamos sem ninguém notar. Isso nunca acontece!
As garotas deram alguns minutos para a líder do grupo, que pela primeira vez, desde que assumira o posto, não sabia o que fazer e demonstrava o quão perdida estava.
Elas permaneceram sentadas no seu antigo beco por um tempo, tentando entender o que acontecia. Sem sucesso algum. Por fim, decidiram buscar as outras garotas. Zilá não se moveu, e Suzana ficou com ela.
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Zilá gastava seus dias observando a entrada da Rua Sete, cada vez de um ângulo diferente. Os prédios ao redor eram suficientes para ela escalar e encontrar um canto agradável para o trabalho observativo. Todas queriam entender o que acontecia, mas estava claro que Zilá era quem estava mais obcecada e perturbada pelo mistério.
A única coisa boa naquilo era que elas poderiam ficar no seu beco sem problema algum, pois não haveria perigo algum daquele homem horrível as alcançar ali.
Ela simplesmente não entendia como aquilo funcionava. Quantas vezes passara ali sem parar em outra realidade? Uma realidade alternativa? E o pior é que ela não sabia o que o ativara. Quantos deles existiriam por ali? E se ela caísse em um quando estivesse sozinha? Deixando as garotas para trás e não conseguindo voltar... Ou se qualquer uma delas fizesse isso?
Não, impossível. Ela precisava parar de escutar Suzana, sempre com um livro de ficção científica em mãos.
— Ninguém na biblioteca me reconhece! - Suzana insistia, para piorar a situação.
O pior era que agora Zilá não tinha mais um emprego para alimentar o grupo. Mercie e Ariana voltaram a ser "As Gêmeas", apesar de não terem trazido suas pinturas e sas roupas, compradas com a ajuda dos outros artistas de rua e com cada centavo que conseguiam economizar. Apesar disso, o ânimo do casal não se abateu. Elas pegaram algumas coisas de Regina, que não fazia questão nenhuma do que elas tinham tirado da "sua" casa, e foram para o parque, trabalhar como estátuas. As pessoas sempre notavam que "As Gêmeas" tinham cabelos completamente opostos, apesar da cor ser parecida. Se aquela era de fato uma realidade paralela, ao menos As Gêmeas faziam tanto sucesso aqui quanto na outra.
Todas as garotas as acompanhavam para o parque, ainda perdidas em relação ao que acontecia, e ficavam observando de longe o trabalho das estátuas. Quando o movimento era ruim, elas fingiam ser espectadoras.
Ao menos assim não precisavam voltar a mendigar e bater carteiras.
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As Garotas da Rua Sete
הרפתקאותUm grupo de meninas de rua, cada uma com a sua história. Porém, todas unidas. Nem tudo é o que parece. E a única regra é que elas nunca ficam sozinhas.