capítulo oito

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"Capítulo um..."

Eu li as tão famosas palavras que costumo ler todas as semanas, mas desta vez, não havia a naturalidade e o carisma que sempre fazia questão de usar com as crianças que escutavam-me a contar histórias quaisquer. Agora eu estava hesitante e nervosa, com medo de ler as palavras seguintes dessa história que foi escrita pela mesma pessoa que quer escutá-la a ser lida, como se houvesse uma novidade em cada palavra que poderia sair da minha boca, e ler para um rapaz que é mais velho que eu é definitivamente muito perturbador.

Encarei o rapaz deitado ao meu lado antes de começar a ler, percebendo que o mesmo me olhava fixamente e com toda a sua atenção, como se estivesse hipnotizado pelas palavras que nem sequer haviam sido lidas ainda. Abaixei o meu olhar e não pude deixar de admirar as tatuagens no peitoral de Harry, todas perfeitamente traçadas e desenhadas, todas parecem combinar entre si e combinar com Harry em geral.

Soltei um ar pesado ao perceber que o livro, ou o rascunho dele, ainda estava em minhas mãos, pronto para ser lido e com uma pessoa que realmente se interessava pronta para me escutar, mesmo que essa pessoa seja a mesma que escreveu a história. Eu voltei a abrir na introdução, visto que havia fechado as folhas por impulso próprio, e logo passei para a página seguinte, onde o primeiro capítulo esperava para que minha voz lhe presenteasse com vida.

Não pensei em agir com Harry da mesma forma que costumava agir com as crianças, por isso mantive o livro em meu colo de forma que facilitasse a minha leitura, e também para evitar qualquer tipo de contato visual com o rapaz de cabelos encaracolados, pois sabia que poderia me desconcentrar se meus olhos encontrassem com os dele. Concentrei-me nas palavras ali escritas, e depois de um longo suspiro, finalmente pude começar a ler.

"Todas as pessoas têm segredos, que não passam de simples coisas que querem esconder dos outros e que poucos sabem a respeito. Segredos podem ser sobre um acontecimento infeliz ou até mesmo um feliz; podem sobre uma pessoa, sobre um objeto particular ou sobre um desejo, um fetiche." Comecei, mordendo os meus lábios e ficando nervosa à medida que as palavras saiam da minha boca, como se estivesse cometendo um erro por dinheiro. Depois de uma pequena pausa, parti para o próximo parágrafo. "As cidades grandes escondem os segredos mais profundos e mais sombrios, tal como suas ruas e seus becos. Londres, Nova York, Paris ou qualquer outra que tenha reconhecimento mundial; as cidades em segredos que nem mesmo os mais inteligentes podem imaginar." Continuei, mas minha leitura foi interrompida pela voz de Harry, antes que eu pudesse passar para o próximo parágrafo.

"Rosie, escute. Você está muito nervosa, isso não dá para esconder. Se é por minha causa, pode relaxar, eu só quero uma boa história para dormir tranquilamente. Mas se eu nervosismo é por conta da história, tente entrar nela e se concentrar apenas nela. Finja que eu não estou aqui, ignore a minha presença e ignore qualquer coisa que venha a acontecer comigo durante a sua leitura. Apenas leia para si mesma, só que em voz alta." Eu assenti com a sua afirmação, que mais pareceu um estranho conselho, e voltei a me concentrar nas folhas de papel à minha frente.

"Um rapaz qualquer andava pelas ruas frias de uma cidade qualquer, tomado pelos seus segredos não tão comuns na sua idade. Estava um dia qualquer de um mês frio, mas todo o seu corpo estava quente. Os pensamentos em sua cabeça amenizavam o frio e despertavam outras sensações em seu corpo, sensações que poderia ser facilmente aumentadas ao entrar em um bar escuro e vazio. O rapaz pediu uma bebida leve, já que seus em objetivos da noite não estavam incluindo ficar bêbado. Ele olhou em volta enquanto degustava o seu uísque, e logo achou a sua cura de suas sensações sentada em um canto do bar com sua solidão a fazer companhia, e sabia que o lugar vago ao seu lado poderia facilmente ser ocupado por ele com algumas palavras graciosas, que logo se transformariam em palavras sujas quando os dois partissem para o banheiro daquele mesmo bar, que tinha a mesma característica de suas palavras."

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