capítulo vinte e sete

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-Harry-


Definitivamente não conseguia parar de sorrir naquele momento, mesmo com as palavras afiadas e desacreditadas de Rosie. Para ela, nossa vida foi arruinada no momento em que um espermatozoide meu fecundou em seu óvulo ou, para ser mais exato, quando soube que estava grávida. Mas, diferente dela, eu não pensava daquela maneira, como se fosse o fim do mundo um filho em nossas vidas; pensava mais como se fosse um renascimento, um sinal que algo está errado conosco e que podemos mudar, agora que teremos um alguém mais importante para nos preocupar além de nós mesmos. Querendo ou não, somos bastante egoístas. 

Mesmo assim, ainda era assustador pensar que eu teria um bebê com a Rosie, afinal, ainda vivemos em uma relação de amor e ódio que de uma hora para outra precisa se transformar em algum tipo de relacionamento instável e feliz, para o bem do nosso bebê. Temos que tentar lidar com isso da melhor forma possível, deixar um pouco de lado o meu livro no qual ela está me ajudando a ter criatividade em escrever, e acho difícil que agora grávida com hormônios a mais, ela vá querer continuar apenas tendo uma relação de trabalho, o que na realidade nunca seguiu os padrões quando se trata de nós dois. 

"Então, qual nome vamos dar para o bebê? Se for menina podemos chamá-la de Sophie ou de Chole, e se for menino podemos pensar em algum nome bíblico, ou podemos dar o mesmo nome que o pai." A mãe de Rosie parecia muito mais animada que a filha, que se sentou irritada no sofá e cruzou os braços, revirando os olhos no momento em que a mãe começou a falar sobre possíveis nomes para o nosso filho ou nossa filha. "Qual é seu segundo nome, rapaz?" Perguntou para a minha pessoa.

"Oh, é Edward." Respondei abrindo um sorriso leve para ela.

"Edward! É perfeito, não acha querida?" Voltou-se para Rosie, que não disse palavra alguma ou fez algum gesto em concordância ou discordância, e por sorte sua mãe nem percebeu graças a sua animação. "Já tem até um apelido, o chamaremos de Ed! Como aquele cantor que você gosta Rosie, Ed..."

"Ed Sheeran." Finalmente a ruiva falou algo, mesmo que ainda sem muita animação.

"Não acho uma boa ideia, Ed já me acha um grande puxa saco dele, se colocar o nome do meu filho igual ao dele vou ser motivo de piada." Comentei despercebido, notando os olhares curiosos da parte das duas mulheres que estavam presentes ali. "Algum problema? Eu disse alguma coisa errada?"

"Você o conhece? Conhece o Ed Sheeran?"

"Sim, um mal entendido com uma biografia não autorizada que sem querer foi publicada pela minha editora e logo viramos bons amigos." Expliquei brevemente, deixando Rosie boquiaberta, mas não tanto quanto sua mãe, que parecia deslumbrada.

"Você tem uma editora e amigos famosos? Deve ter boas condições financeiras para manter um filho mesmo sendo tão jovem, suponho?" Questionou ela, com um ar um pouco interessado demais, o que certamente Rosie percebeu.

"Mãe, é um pouco indelicado da sua parte perguntar isso, não acha?"

"Claro que não, filha! Eu preciso saber quem é o garoto com quem minha filha tem tido relações, o pai do meu neto!" Revogou, voltando a sorrir para mim. "Desculpe, nem perguntei, como vocês se conheceram? Estão em um relacionamento há muito tempo? Por que nunca me contou nada sobre ele antes, Rosie?" Nos encheu de perguntas que aparentemente Rosie não queria responder, o que irritou ainda mais a garota. "Desculpe, acho que estou muito ansiosa e-"

"Sim, a senhora está. Inclusive, vocês dois estão." Rosie divagou de repente, e dito aquilo ela apenas se levantou para voltar ao quarto, aparentemente. "Vou para o meu quarto, essa conversa tão precipitada sobre um bebê que eu não sei se quero ter está me deixando enjoada." 

"Rosie, espere!" A mãe dela ameaçou levantar, mas eu impedi antes que a mesma pudesse continuar com o ato e aborrecer ainda mais sua filha.

"Eu vou conversar com ela, é melhor a senhora ficar aqui. Ou melhor, pode ir até a farmácia comprar algum remédio de enjoo adequado para grávidas e inclusive já marcar uma consulta com um obstetra, é importante acompanhar a gravidez desde o início. Com licença." Me retirei rapidamente da sala e corri pelo curto corredor atrás de Rosie, que aquela altura já tinha batido a porta do quarto e trancado a mesma.

Bati levemente na porta esperando alguma resposta da parte dela, mas tudo o que ouvi foi o silêncio, como se não houvesse ninguém no cômodo. Depois de insistir mais um pouco, ainda sem respostas, me esforcei para tentar escutar algum tipo de barulho vindo de dentro do quarto, já que estava começando a me preocupar com ela, e pelo visto, meus instintos estavam certos, porque consegui ouvi-la a chorar, mesmo que em um tom muito baixo. 

"Rosie, me deixe entrar, por favor." Voltei a insistir, dessa vez com um tom de voz mais calmo e cuidadoso, o que apareceu funcionar já que logo escutei o som da porta sendo destrancada e um face com lágrimas rolando em seu rosto parada em frente a mesma. "Será que eu posso..."

Antes que pudesse concluir minha frase, ela me puxou para dentro do quarto e fez com que nossos corpos se chocassem, e demorei alguns segundos para notar que ela estava com os braços enrolados no meu tronco e o rosto enterrado no meu peito, como se estivesse envergonhada em chorar ou simplesmente procurasse por um consolo naquele momento. Não disse mais nada e apenas correspondi ao possível abraço, acariciando os cabelos ruivos dela e procurando palavras para confortá-la, porém ela tirou todas da minha boca ao divagar outras que me deixaram sem reação.

"Não venha me dizer que tudo vai ficar bem, que vamos passar por tudo isso juntos ou qualquer outra merda do tipo. Não é isso que eu quero ouvir porque sei que não é verdade. Harry, nós dois somos dois irresponsáveis, egoístas e brigamos muito, não estamos preparados para um filho. Não temos uma relação boa, tudo o que temos não passa de sexo, você sabe que nós nunca funcionaríamos bem juntos, muito menos com uma criança. Sei que deve estar achando que um filho é tudo o que mais quer no momento, mas posso dizer que você está errado. Você não quer um filho, assim como eu não quero e provavelmente nunca vou querer, ter um filho nunca esteve nos meus planos nem nos seus atuais, e isso jamais vai dar certo."

"Não fale coisas desse tipo, você está com muitos hormônios, acabou de descobrir essa gravidez mas logo vai aceitar. E está errada em achar que eu não quero esse bebê, é realmente o que eu mais quero no momento." Afastei o corpo dela do meu, olhando fixamente em seus olhos enquanto falava. "Eu quero isso e quem vai me dar é você, mesmo que seja uma grande surpresa agora, sei que vai mudar de ideia quando fizermos o primeiro ultrassom e escutarmos os batimentos de um coraçãozinho que bate dentro de você, além do seu. Não está ansiosa para esse momento tanto quanto eu estou?"

"Não mais. Me desculpe, Harry, mas isso não vai acontecer." A voz de Rosie falhou de repente, ela fechou os olhos e deixou uma lágrima cair, em seguida praticamente desabou nos meus braços, como se houvesse sentindo alguma dor enorme. Notei que havia algumas gotas de sangue no chão alguns segundos depois, e que ela estava perdendo a consciência aos poucos. "Eu sempre estive sozinha aqui, mas parece que nem as histórias dos livros tem sido suficientes." Foram as últimas palavras dela antes do meu olhar focar em uma cartela de remédios vazia jogada em cima da cama e antes dela desabar, totalmente inconsciente.

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calmem as ppks que vou explicar direitinho o que aconteceu com ela, já que esse final de capítulo ficou meio confuso, ok???

obrigadaaaa por tudo, amo muito vocês meus bolinhos sz

ily all - mari xx

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