Capítulo 2

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[Jamie]

Após inúmeras tentativas de retirar a insólita rapariga da minha cabeça durante o dia, acabei por mergulhar na água morna da banheira branca e pensar no próximo concerto. É hoje o próximo concerto. À noite, no bar conhecido do excêntrico Ron, estarão várias pessoas empolgadas para me ouvir e disfrutar de mais uma noite quente ao som de boas músicas.

Lavei o meu cabelo com o champô de camomila que a minha mãe insiste em enviar - e até fico agradecido porque me poupa tempo e é maravilhoso em todos os sentidos - e pensei no que iria jantar. Alimentava-me a massa com qualquer coisa quase todos os dias e isso começava a dar-me náuseas. Talvez vá ao minimercado dos indianos e compre algo pré feito, pouco saudável e fácil. Retirei toda a espuma e coloquei a toalha á volta da cintura depois de secar ligeiramente os fios loiros que tendem a crescer. Faltavam cerca de duas horas para ter de me apresentar no bar, o tempo preciso para me preparar confortavelmente.

Depois de vestir umas calças pretas, uma t-shirt branca e calçar as botas pretas, sequei o cabelo e caminhei até ao fundo da rua onde entrei no minimercado. O habitual cheiro a comida indiana, que por acaso é saborosa e do melhor, invadiu as minhas narinas levando os meus lábios a sorrir em contentamento. Acenei ao senhor moreno, dono deste local, e o meu corpo encaminhou-se para a arca frigorífica das embalagens de subji. Retirei uma analisando-a em seguida e aprovando a escolha do meu subconsciente.

As minhas botas bateram novamente no cimento do passeio e uma brisa quente bateu-me na cara. Uma brisa quente tal como quando a miúda se espetou contra mim. Subi as escadas do prédio e abanei a cabeça na tentativa de retirar as imagens da universitária da minha mente. Seria mesmo universitária? Coloquei um CD de rock alternativo e fui para a cozinha a questionar-me sobre as minhas suposições. Aquela hora, a correr de papéis na mão em direção ao centro universitário seria, certamente, uma aluna sujeita aos malévolos professores.

(...)

Cumprimentei Ron e um amigo qualquer que me ajudaria com os imensos fios do pequeno palco. Stan, ou como eu gostava de lhe chamar, o meu companheiro de cela, estava a dedilhar a guitarra numa tentativa falhada de a afinar.

- Então puto como estás? – Falei para Stan quando os dois mais velhos saíram da sala que se deveria chamar de bastidores se tivesse comida, roupa, espelhos e todos esses acessórios de um verdadeiro artista.

- Ansioso. – Pousou a guitarra e passou as mãos suadas nas calças de ganga escura. – Sentes-te sempre assim?

- Muito menos do que tu! – Dei-lhe uma palmada carinhosa nas costas e sorri-lhe confiante. – Vais acabar por te habituar.

O moreno assentiu com a cabeça e ajeitou o cabelo embora este estivesse impecavelmente penteado.

- Depois da atuação vamos ficar por aqui ou preferes ir até outro lado?

Reparei em como ele se começou a acalmar à medida que a conversa se distanciava da atuação. Stan é um velho amigo com jeito para a música e embora não acredite no seu talento, eu, o músico sem carreira, creio que está cheio dele. Confirmei que a minha guitarra estava afinada e encorajei o novato a fazer o mesmo não descorando de algumas dicas. Dicas para afinar, dicas para o palco, dicas sem interesse e sem serem dicas, conversa fiada e sem interesse para uma maior descontração e conexão.

Subimos o estrado de madeira escura e deixamos que o amigo de Ron colocasse os fios da melhor maneira. Sorrimos para o público várias vezes e assim que o meu microfone foi ligado comecei com a interação.

- Boa noite! – Saudei e observei o nervoso Stan. – Sou o Jamie para quem não sabe. – Um grito foi ouvido e o meu olhar dirigiu-se para a fonte. Ron, o louco dono desta fonte de dinheiro. Sorri-lhe e aproximei-me do microfone. – Hoje trago um novato, o meu amigo Stan!

Ainda tímido acenou ao público com um sorriso fraco.

- Meninas, ele é um pouco tímido, vão com calma. – Sugeri ao começar os primeiros acordes.

Stan riu, o público gargalhou e eu anunciei a primeira música da longa noite.

A minha voz soou e uns suspiros foram ouvidos. Não podia negar o efeito que tinha em grande parte das mulheres, todavia, isso dava-me um ar convencido e gabarolas que nunca me importei. Sorri docemente e deixei que a música tomasse conta do meu corpo, da minha alma, de mim.

(...)

Já estávamos na última música, a música pedida pelo público, e já tinha avistado a miúda que não se rendeu aos meus encantos. De outra maneira, a rapariga que não se interessou em conhecer-me e perguntar-se se o músico loiro não poderia ser muito mais agradável do que ela. Revirou os olhos e desviou a cara assim que os nossos olhos se encontraram e isso não devia de lhe ter dado um ar tão atrativo.

Separei a palheta das cordas e deixei que Stan tocasse solitariamente. A minha voz continuou, mais suave, os meus olhos fecharam-se e o momento tornou-se incrivelmente belo. Quem acha que a música não passa de barulhos e vozes comerciais não sabe o que é arte. Voltei ao mundo real e ao bar barulhento assim que abri os olhos e me deparei com um público fabuloso a aplaudir. Coloquei o cabelo caído para trás e agradeci a todos pelos incríveis momentos criados numa noite tão calorenta como singular. O meu companheiro de cela também agradeceu ao público, a Ron e a mim pelo convite e por acreditar nele.

Com muito custo – abandonar o palco é sempre complicado para um artista apaixonado - e algum cansaço desci até à zona do bar e pedi bebidas para os dois.

- Foi espetacular! Adorava repetir. – Stan falou antes de pegar no copo. – Obrigado a sério!

- Se surgirem mais oportunidades acredita que voltas. – Declarei a olhar para a mesa da loira pouco simpática. – Preciso de ir a um sítio. Vem.

Ele seguiu-me de copo na mão e expressão curiosa. 

- Mais uma conquista?

- É a miúda que foi contra mim. – Informei antes de chegar à mesa.

- E que fez com quem mais um fusível se queimasse!

Gargalhei com o comentário de Stan e disse boa noite para o grupo sentado à volta da mesa. Responderam em uníssono. Todos pareciam alegres, devido à bebida ou não, menos a antipática que continuou a ignorar-me.

- Como estás? – Inquiri-a.

- Sentada. – Retorquiu secamente e o meu cérebro despertou ainda mais.

- Uau, sempre simpática!

- Não tenho culpa dos teus problemas visuais. – Um sorriso falso e um tanto bonito surgiu na sua face.

Oh querida...


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Olá olá

1º- desculpem pela demora!

2º -espero que estejam a gostar tanto quanto eu!

3º- votem, comentem, partilhem :)

4º- não se esqueçam de dar a vossa opinião e que nós vos adorámos!!

Beijinhos

Maria



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⏰ Última atualização: Dec 13, 2015 ⏰

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