Um relato - Parte 1

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Draco nunca se conformou que Artes Manuais fosse uma matéria obrigatória na escola. Ele não gostava de desenhar, achava desperdício de talento escrever e jamais concebera a ideia de bordar. Mas, dentre todas as ditas artes manuais, aquela que ele mais detestava era cozinhar.

Não era falta de talento, longe disso. O loiro de cabelos sedosos e brilhantes possuía mais talentos do que sua própria mãe poderia descrever, na verdade. O grande problema de perder tempo com aquela inutilidade eram os trabalhos coletivos.

Draco Malfoy não era uma pessoa coletiva. Muito pelo contrário.

Das poucas pessoas que aguentava em seu dia a dia, grande parte eram apenas contatos para o futuro, bases para os negócios de seu pai, ou as filhas das amigas de sua mãe. E, definitivamente, de todo o grande pequeno grupo de Draco, ninguém se destacava por ser sociável.

Tudo quase mudou quando o pobre bebê loiro caiu de amores por um garoto meio bizarro,e estranhamente famoso por ser órfão e precisar de atenção: Harry Potter. Ninguém precisa dizer que tal sentimento era recíproco, até porque seria bastante improvável que alguém não correspondesse o menino Malfoy e continuasse vivo.

As coisas para Draco só não mudaram, de fato, porque o relacionamento com Potter era sempre intenso demais. Chupões demais, sexo demais,brigas demais...

Eis que, pouco mais de dois meses após o início, os encontros dos dois chegaram ao fim. O que era uma pena, Draco devia admitir. Não que nosso fascinante e encantador loiro estivesse apaixonado, nem cogitem essa possibilidade, mas, oh, como o mundo dá voltas!

As coisas começaram a ficar um pouco ruins para o lado de nosso protagonista, e o convívio forçado com seu ex-parceiro de cama nas maravilhosas aulas de culinária não foi a melhor experiência da vida do herdeiro dos Malfoy.

Porém,não se enganem, porque tudo poderia piorar:

Draco Malfoy e seu maravilhoso senso coletivo seriam escalados, em breve,para uma dupla com Potter. Uma dupla onde ele e Harry Potter deveriam cozinhar qualquer coisa para a Feira de Culinária.

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Hogwarts era, certamente, a melhor escola de toda a região. Nem mesmo Draco Malfoy e sua implicância com o mundo poderiam negar isso. Mas Draco poderia, sim, reclamar de muitas coisas relacionadas a Hogwarts.

Primeiro que as salas eram muito escuras e úmidas, além de possuírem um constante cheiro de mofo. Segundo que o lugar já fora, no passado,um colégio interno, e toda sua estrutura de estamos lhe recebendo para tê-lo um ano inteiro aqui deixava o jovem Malfoy com um sentimento que nem mesmo Azkaban lhe causaria - oh, o medo do cárcere...

Mas nada, nada, era pior que a sala em que o menino tinha aulas de culinária. Nas mais profundas masmorras do castelo, no canto mais escuro, mais abafado e mais empoeirado, ele era obrigado a ir todas as manhãs. E, embora tivesse toda a simpatia do estranho professor e mestre-cuca, Draco não conseguia gostar daquele ser de avental e renda no cabelo.

"Culinária",dizia Snape, sempre ajustando a renda dos cabelos, "requer precisão".

E Draco assistia aos discursos do amado mestre com a empolgação de quem vê uma corrida de tartarugas de patas quebradas. Era adorável o modo como o menino Malfoy inclinava a cabeça sobre os braços, escondendo os olhos que se fechavam lentamente e deixando a boca levemente aberta para respirar. O nariz encostando-se ao braço, fazendo da cena um belo momento de contemplação. Realmente, maravilhoso.

E,naquela manhã monótona onde Snape resolvera explicar - enquanto mexia nervosamente no laço do avental - sobre o novo projeto da classe para o mês, Draco Malfoy voltava a ressonar.

A Crônica da Geléia de Amora [Drarry] (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora