Das experiências Culinárias - Parte 2

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A cozinha dos Black era proporcional ao tamanho do mordomo, Draco precisava admitir. Se pegou imaginando como Kreacher e sua estatura de anão de jardim conseguiram se virar por tanto tempo em balcões tão altos, mas achou melhor parar de divagar e prestar atenção no homem a sua frente.

Kingsley- ou King, como Harry constantemente o chamava (o que era,certamente, broxante) - era alto, com porte firme e uma simpatia estranhamente autoritária que causava alguns calafrios em Malfoy.

"Você precisa amassar de verdade as amoras, Senhor Malfoy. Como se você estivesse quebrando nozes bastante duras, entende?",ele dizia.

"Explique isso para Harry, Kingsley. O amassador oficial de amoras dessa dupla é ele". Oh, tão lindo o menino Malfoy, dando seu melhor sorriso para o grande homem a sua frente. Grande homem, este, que parecia cada vez mais encantado com a educação de Draco.

"Ótima ideia dividir tarefas, Senhor Malfoy". Kingsley deu um tapinha -um pouco mais forte que os tapinhas das pessoas de força normal -nos ombros de Potter. "Venha cá, Harry, me ajude a amassar essas amoras".

Foi com felicidade triplicada que Draquinho viu Potter e seu mordomo meterem as mãos em um tacho cheio de amoras fresquinhas. 'Foram colhidas agora', dissera Kingsley assim que chegaram.

As mãos de Kingsley já apresentavam prática na tarefa, pegando as amoras com a ponta dos dedos e empurrando-as contra a palma, fazendo da fruta uma pasta estranhamente simpática. Repetia os gestos em um ritmo frenético, parecendo cada vez mais divertido em acabar com a aparência natural das pobres frutinhas.

Harry, por sua vez, parecia tão inseguro como quando levara Draco e seus lindos e sedosos cabelos para cama pela primeira vez. Ao menos suas mãos tremiam de modo bem semelhante.

Draco Malfoy era o extremo oposto de Potter, naquele momento. Transpirava segurança, enquanto um sorriso de lado pendia nos lábios. Ah, a doce visão de Harry Potter com a mão na massa por sua causa era fascinante, nosso menino precisaria admitir.

"Harry, você precisa usar mais força. Nozes, lembra? Nozes!"

Oh, Draquinho suspeitava que Harry estivesse pensando em qualquer coisa,menos nas nozes. Ele pôde jurar que ouviu Potter murmurar "você me paga" assim que Kingsley arrumou outros afazeres e precisou cancelar a aula daquele dia. E Potter poderia jurar que leu nos lábios de Draco "pago, é, trouxa?" antes que este descesse as escadas de Grimmauld Place com a promessa de voltar no dia seguinte.

x

"Eu não acredito que você aceitou fazer dupla com o Malfoy, Harry!"

Pobre bebê sendo difamado pelo boca-suja do Weasley. Draco era partidário de que a culpa pelo fim de seu desastroso relacionamento com Potter era toda de Weasley. Porque, obviamente, Draco Malfoy jamais poderia ter participado de algo que não deu certo somente por não dar certo. A culpa tinha que ser de alguém e, naquele caso, Draquinho resolvera que era do Weasley.

Não é como se ele estivesse muito errado. Harry, a certa altura, estava cada vez mais constrangido ao explicar para seu amigo de poucas condições econômicas as nada chamativas escoriações que arrumava em regiões muito pouco prováveis de acontecerem acidentes e, assim, Draco teve de reprimir seus ímpetos de deixar uma considerável parte da pele de Potter extremamente marcada.

Oque fez, obviamente, com que o ardente romance muito pouco secreto caísse em um desgaste sucessivo até o seu fim. Fim este que veio marcado por um nariz quebrado, dois olhos roxos e alguns ossos fora do lugar, distribuídos entre os dois ex-pombinhos.

Quanto ao Weasley, tudo que lhe restara foi uma lista infindável de reclamações quanto ao nosso pobre bebê e como ele era perigoso à saúde do frágil Harry Potter.

A Crônica da Geléia de Amora [Drarry] (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora