Início de ano e o medo me invade. O que será que me espera? Não tenho como saber. Já foram tantos anos sendo maltrada pelos outros e por mim mesma...
A psicóloga disse que começar um diário faria bem. Me colocaria no comando de algumas coisas do meu dia a dia e da minha vida.
Não sei dizer se concordo. Eu apenas quero que não me incomodem.Falando nisso, foi o meu pedido de ano novo, minhas aspirações para mais um ano.
* Sem tortura.
* Sem piadinhas.
* Sem choro.
Como estou começando agora, meu nome é Anne Simons Aszchier, eu tenho atualmente 14 anos e acabei de entrar para o ensino médio. Sou baixa e tenho cabelos castanhos e longos.
Meus olhos também são castanhos e eu uso óculos. Tenho alguns problemas sérios com espinhas no meu rosto. Tudo isso contribuiu muito para meus apelidos maldosos de "porco espinho" e "nerd b.v" no ensino fundamental...
Já passei por vários traumas envolvendo minha antiga escola, por isso resolvi fazer um exame para conseguir entrar em uma escola técnica. O que, não foi surpresa nenhuma, consegui. Hoje é o primeio dia de aula e, meu Deus, não consigo contar quantas orações já fiz para esse ano eu fazer amigos e ser uma garota normal como qualquer outra.Já que estou me apresentando ainda, devo contar minha história pelo início, para que fique bem claro que eu não exagero sobre minha vida.
Sou a típica garota que se destaca nas aulas. Mas não que eu ache que tenho uma inteligência acima da média, eu apenas me esforço e estudo o que os professores são pagos para me mandar estudar.
Como sempre fui meio cheinha, já ouvi muitas outras gracinhas (sem graça pra mim) sobre meu peso. E como motivos não me faltavam por ser ansiosa demais e solitária, eu realmente descontava na comida minhas aflições. Nesse tempo eu tinha apenas 9 anos...
Foi nesse período que eu descobri os livros e a literatura. Comecei lendo pequenos exemplares da minha escola e quando ganhei meu primeiro livro de verdade como presente de aniversário, não deu outra. Eu me apaixonei por aquela história completamente instigante e única, além da sensação boa e de conforto que aquelas páginas me traziam. Eu viajava nas aventuras por meio de frases e contos inventados. Era um mundo só meu onde eu sabia que poderia ser qualquer pessoa e fazer tudo que eu quisesse.
Perdida literalmente nos livros eu fui ficando cada vez mais reclusa na minha bolha particular. Minha rotina chegou a se resumir em escola e leitura. Eu lia vorazmente qualquer coisa que achasse interessante.No ensino fundamental II eu já era a esquisitona, solitária e CDF da classe, quiçá da escola toda. Eu tentei não me abalar com tudo que faziam comigo, mas era difícil. Sempre que eu vinha da escola para casa era chorando e em minhas noites também chorava pedindo para qualquer ser superior fizesse tudo aquilo acabar de uma vez por todas. Passei 3 anos evitando sair da sala de aula no intervalo por puro medo de fazerem algo comigo nos 10 metros que separavam minha sala do refeitório.
Meu pavor da escola só aumentou quando meu único amigo, Luke, foi transferido por sofrer com o mesmo problema que o meu. Chamavam ele de gay e bicha pelos corredores. Até que ele não aguentou e mudou de escola.
A partir daí o foco passou a ser somente eu. Rabiscavam minha mochila com a frase: Luke&Anne ♡
E por isso eu até fui parar na diretoria, pois eu não aguentei e falei para a minha mãe. Eu tinha muito medo de contar à ela tudo o que me acontecia, pois ela é uma mulher muito forte e independente. Não queria que me visse como a filha fracassada que não sabe se cuidar...
Pelo menos eu ganhei uns dias de folga das zoações, já que os funcionários da escola todos me davam muito apoio. A supervisora, Sr. Tunder, era um doce de pessoa e sempre conversava comigo sobre tudo. Foi ela quem me encorajou a tentar a escola técnica e me fez acreditar que eu era capaz de conseguir.
A minha mãe, que se chama Lauren, quando soube logo tratou de me "apoiar", da maneira dela, é claro. Dizendo aos familiares que eu prestaria a prova e tals. Traduzindo: colocando mais pressão sobre mim. O que é o trabalho mais bem feito por quase todas as mães do mundo.No final, eu fiz a prova, fiquei em sexto lugar no geral e começei a sonhar com a esperança de ser eu mesma e reconhecida por esse mesmo motivo, o que sempre foi minha maior vontade.
Só para frisar tudo que se passou nos 3 anos do fundamental II eu fui xingada, humilhada, excluída e digo que até violaram minha privacidade. Pensei em me matar diversas vezes e não achava outra forma de fazer tudo ser diferente. Mas no final eu passei a aspirar por um colegial melhor e cheio de aventuras.Destino, por favor, não me decepcione.
Comentários, críticas, sugestões e qualquer tipo de ajuda são bem vindas. Lerei tudo que disserem sobre a minha história
Desde já, agradeço.
*-*
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Anne E Ela Mesma
Short StoryAnne Simons é nada mais que a garota mais intimista que poderia ser. Convivendo com suas inseguranças da adolescência e o bullying na escola, decide acabar com todo o sofrimento de uma forma trágica. Todos os acontecimentos das suas escolhas são dep...