Dor

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BENJAMIM KOCH

— Então... Onde a senhora estava? — pergunto.

Natalie está na cozinha, preparando um lanche para nós, enquanto mamãe está deitada no sofá e eu faço massagem em seus pés. Ela está de olhos fechados, sorrindo.

— você sempre foi um ótimo massagista — ela ri — eu estava em Los Angeles.

— fazendo o quê?

— ora, me tratando.

"Me tratando". Meu coração perde uma batida. Eu suspeito o que seja, mas não quero acreditar. Não posso! Não consigo controlar as lágrimas.

— Benjamim — ela se senta e segura meu rosto — Eu vou te falar, mas você precisa ser forte. Você sempre foi. Será sempre meu garotinho corajoso. Eu tenho câncer. No cérebro. Eu vou morrer, mas isso não é o fim do mundo! Isso acontece — ela ri — vamos fazer com que meus últimos dias sejam os melhores.

— Não mãe, você não pode morrer!

— Eu posso e vou — ela limpa minhas lágrimas — mas isso não significa nada. Há muito tempo você já não é mais um bebê. Tenho muito orgulho de ter criado esse homem lindo, forte, independente e respeitador. Eu só não vou mais estar aqui fisicamente. Mas espiritualmente sempre vou estar.

Ela me abraça fortemente.

— Eu amo você, mãe — beijo sua testa — eu sei que há métodos pra fazer a senhora viver.

— Não há, meu amor. Eu já fiz uma cirurgia de remoção, mas o tumor surgiu novamente. Já está na segunda fase, se espalhando pelo meu corpo. Mas vai dar tudo certo. Você não precisa sentir raiva do seu pai, ele pode parecer durão, mas ele me ama. Mesmo você achando que o coração dele é de pedra — ela ri — Arthur te ama, por isso queria o melhor pra você. Mas agora você sabe discernir o que é melhor pra você e ele não sabe lidar com isso. Perdoe-o.

— É muito difícil entender e lidar com tudo isso mãe. Eu não quero te perder.

— Você não vai! Agora vamos mudar de assunto. O que pretende fazer agora? — ela cruza os braços.

— Continuar com minha vida. Comprar uma casa e pedir Natalie em casamento.

— Muito bem — ela sorri.

— Aqui está! — Natalie entra — fiz bolinhos, salgados e suco.

— É uma cozinheira de mão cheia! — minha mãe diz impressionada.

— Serei um obeso em pouco tempo — confesso.

Elas riem.

Passamos o resto do dia assim, esparramados no sofá, vendo filmes e comendo. Drake chega à noite, com um sorriso de arrasar quarteirão.

— E aí tia Erin — ele abraça minha mãe fortemente.

— Vai com calma, Drake — aviso.

— Ah — ele olha para Erin — a senhora está doente?

Minha mãe começa a explicar e Drake fica arrasado. Ele sempre foi doido pela minha mãe. Nos consolamos e no fim tudo volta ao normal. Drake finalmente arrumou um emprego!

Minha mãe quer passear por Boston, depois iremos para Nova York. Ela quer fazer um tour pelos EUA. Ela foi pra Los Angeles justo pra passear. Aproveito e mostro para eles as fotos que tirei em Detroit. Minha mãe e Talie comentam animadas sobre meu trabalho. Fico muito feliz que elas tenham gostado. Até coloco as fotos no meu site, que tem milhares de visualizações. Arrumo a cama do nosso quarto para mamãe e depois ela deita, caindo no sono rapidamente.

𝐓𝐡𝐞 𝐏𝐡𝐨𝐭𝐨𝐬𝐡𝐨𝐨𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora