Once in a Lifetime | L.P fanfiction |

Capítulo 64

As luzes da casa são muito fracas e tem teias de aranha por tudo quer lado, quero saber porquê ele me trouxe aqui, odeio inseto e o escuro, aqui tem tudo que eu odeio, menos o Liam é claro. Ele segura minha mão fortemente e pede para que eu siga ele subindo as escadas, cada passo que dou é mais um barulho horripilante que dá. Liam olha pra trás e sorri pra mim, passo por ele subindo as escadas na sua frente, ainda segurando sua mão quente.

"Não precisa ter medo Thery, é só uma casa." diz e mordo meus lábios. Vejo um grande corredor com várias portas.

"Não tenho medo." digo sem olhar para ele andando em direção a uma porta, por dentro estou gritando pra sair daqui. Ouço-o rir e solta minha mão, entro em desespero e olho para trás, ele simplesmente evaporou. "Liam?" sussurro obtendo nenhuma resposta. Meu peito sobe e desce, o ritmo do meu coração acelerou e ouço passos no corredor.

"Liam, isso não tem graça." digo olhando para o mesmo lugar que ele desapareceu. É impossível ele ter sumido assim. Dou alguns passos para trás e encontro a parede de carpete sujo, os passos ficam cada vez mais perto e olho para o local, mas não vejo nada, apenas o corredor, iluminado pela luz da Lua. Até que vejo o que menos esperava, seu cabelo está mais bonito desde a última vez que a vi, está maior e com mais cor, mais loiro, usa o mesmo vestido, mas agora seco. Anna caminha até mim e põe uma mecha de cabelo atrás da orelha.

"Ele não está aqui agora Thery." diz suavemente. Mesmo escuro posso ver o azul claro dos seus olhos.

"Anna..."

"Shhh... está tudo bem agora." ela toca minha mão e sinto o calor do seu corpo. Ela parece estar... ela parece estar viva. Nos meus sonhos, ele só aparece fria e molhada, como na última vez que a vi, seu corpo estava roxo e gélido.

"Não." encaro-a e ela sorri. "Eu..."

"Eu estou aqui não estou? Estou com você, olha para mim." ela sorri com os dentes e me faz encará-la. "Eu estou viva, sempre vou estar com você..."

Sorrio.

Uma luz forte entra pela janela no corredor sombrio, Anna ainda me olha sorrindo e posso ver nos seus olhos o significado da frase 'Tudo vai ficar bem' ou um 'Eu estou aqui', talvez um 'Eu te perdôo'. Agora eu sei, mesmo que isso seja um sonho, sei que ela está comigo, dizendo a verdade, e é isso que importa.

***

As mãos de Liam fazem festinhas no meu cabelo enquanto acordo, dormimos no carro depois dele me mostrar a mansão abandonada da sua avó. A casa é aterrorizante e não quis dormir lá.

"Bom dia." sorri.

"Bom dia."

"Vamos tomar café da manhã? Conheço um lugar perfeito aqui perto, tem waffles, panque..." colo nossos lábios antes que ele termine. A única coisa que quero agora é sentir seus lábios nos meus, ele demora um pouco, mas logo corresponde e aperta a minha cintura. Dormimos no banco de trás do carro, Liam tinha um cobertor no porta malas e dormimos juntos.

Estou feliz com o sonho que tive, pareceu tão real, e tenho certeza que foi real, acho que Anna queria mesmo dizer aquilo para mim. Mas porquê só agora? Pode ter sido apenas coisa da minha cabeça, a conversa com o Harry me fez esclarecer muita coisa.

Nos afastamos e passamos para os bancos da frente, vejo ele sorrir toda hora pra mim e me sinto lisonjeada. Paramos em frente a uma lanchonete, vinha aqui quando era criança com minha família, realmente a comida daqui é ótima.

Entramos e sentamos numa mesa, Liam faz o pedido e esperamos.

"Acho que vou falar com a Judith..." diz e sorrio.

"Isso é bom..."

Liam não sabe o que aconteceu, e não devia correr disso, ele não vai em casa a dias, não pode fugir disso para sempre. Não sei o que faria no lugar dele, mas quero ajudar.

"Eu... eu tenho que te contar uma coisa." a voz dele falha. Encaro-o e levanto as sobrancelhas para continuar. "Eu fui aceito da WSU. Vou me mudar no início do ano."

Sabia que isso um dia chegaria, mas não estava pronta ainda, tivemos muito pouco tempo juntos, com tudo isso do Harry, ainda bem que passamos o Natal juntos, porque seria bem pior, estamos juntos a apenas quatro dias. Liam ainda me olha e não consigo distinguir a sua expressão no rosto, não sei o que dizer, minha garganta falha e perdi minha voz.

"Eu sei que estamos pouco tempo juntos mas, é a minha vida..."

"Eu sei." interrompo. Não acredito que ele pensou que não iria aceitar, estou apenas chateada, mas quero o melhor para ele, claro que não deixaria ele ir para faculdade para ficar comigo, por mais que eu queira, ele tem que ir. "Quero que você vá, mas promete que não vai me deixar?"

"Não vou te deixar, eu prometo." diz e me abraça, não aqueles abraços rápidos e secos, mas aqueles acolhedores e algo me diz que ele não vai me deixar, não importa o que acontecer, sei que ele ficará comigo, mesmo estando do outro lado do país, ele vai me amar, eu sei que sim.

***

"Me liga quando você chegar no campus." Judith diz ao Liam. Hoje está sendo um dos dias mais tristes da minha vida, depois do dia da morte da Anna, Liam vai embora, ele vai me deixar e não sei a próxima vez que vou vê-lo, só de pensar que vai demorar para o ver, minhas mãos soam. Ainda não disse nada desde que chegamos no aeroporto, não quero dizer nada, nem olhar nos seus olhos, porquê se não vou fazer um escândalo para ele ficar, e não posso fazer isso.

Cruzo meus braços contra o peito e abaixo a cabeça, mordendo meu lábio inferior para não chorar.

"Thery..." ele sussurra no meu ouvido apertando minha cintura por trás. Me viro para trás para encará-lo e abraço-o.

Queria ele aqui, para me emprestar o casaco quando estiver frio, para andarmos de mãos dadas enquanto voltamos da escola, para cantar pra mim nas noites que não conseguir dormir, para toda vez que estiver triste, ele me abraçar desse jeito, e eu achar que sou a garota mais feliz do mundo, por ter ele comigo. Eu o amo, mais que tudo, e não vou desistir, isso não é um amor adolescente, é um amor para toda a vida.

"Olha pra mim." pede e faço, seus olhos brilham e algumas lágrimas já caíram. "Vou estar longe de você por algum tempo, mas isso não significa nada, eu te amo, vou sempre estar com você."

Nossos lábios se tocam, as suas palmas quentes cobrem as minhas bochechas coradas. Sei que ele sempre vai estar aqui, mesmo estando longe. Podemos estar milhões de quilômetros separados, mas estamos ligados de uma forma que ninguém pode entender, e nunca ninguém vai entender.

Quando o vi entrar no portão de embarque meu coração palpitou, e ele deu uma última olhada para Judith e depois para mim, deixando que um sorriso e mais uma lágrima se formasse no meu rosto.

"Eu te amo." foi as últimas palavras que gritei para ele, antes dele entrar naquele avião.