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"Uma escuridão sem fim se tornou a minha visão e um último baque surdo dominou minha mente, junto com um pedido de agonia desesperado vindo por parte de uma voz fina e infantil, logo tornando-se tudo silêncio."

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London, Canadá
24 de dezembro de 2013

JUSTIN

Acordar sob uma cama tão macia, em um quarto aconchegante, rodeado por olhos com os quais só tentam passar atenção para mim, nunca foi uma tarefa tão difícil.
O meu despertar foi algo terrível, uma imensidão de paredes brancas em minha volta, me trancando, eu podia ver janelas com cortinas azuis, um conjunto de seringas, soro e dezenas de médicos.

Minha visão estava girando, eu estava tonto. Não conseguia focar em nada, apenas três flashes de pessoas uniformizadas correndo em minha frente levando remédios para todos os lugares. Por fim, ao rodar meu rosto em muito esforço eu pude definir uma pessoa conhecida e desacordada, eu podia ver Amy. Não, ela não dormia. Ela estava desmaiada. Totalmente coberta por curativos no rosto, nos braços. Estava completamente machucada.

- O quê aconteceu?! - Gritei sentando na cama e logo assistindo o vulto de dois médicos empurrando meus ombros novamente ao travesseiro.

- Não faça esforço! - Um me advertiu.

Elas tinham previsto o que o esforço de me sentar e gritar causaria.
Uma pontada tomou minha cabeça quase como em um tiro, uma dor que deu passagem à todas as outras. Nos braços, na cabeça, em cada corte da pele de meu rosto, e a mais forte dor física que eu podia sentir era nas pernas, ambas as duas.

- Quem me trouxe aqui?! - Repeti com esforço, sentindo minhas cordas vocais arranharem. - Onde estamos?! - Completei me referindo à mim e a Amy, virando meu rosto para ela e assim fechando meus olhos com força, ao sentir a dor em minha nuca.

- Aqui é o St. Joseph's Hospital. - Uma voz feminina, provavelmente de uma senhora disse, fazendo eu vibrar sozinho. - Você e a moça sofreram um acidente e estavam desacordados quando testemunhas do ocorrido nos ligaram.

Inspirei ar com a boca pedindo pelo ar que faltava em meus pulmões, eu tinha batido o carro.

Eram pontadas angustiantes, uma dor física com a qual eu nunca havia sentido, uma tortura prolongada. Minhas pernas tinham seus músculos contraídos, eu tinha que sentar, respirar, ver minha mãe, me acalmar. Eu precisava de alguém comigo, eu queria um abraço, um gesto de paz que fosse.

Eu precisava até mesmo de meus irmãos.

Jaxon e Jazmyn. Sim, eles estavam presentes no carro, no impacto. Onde eles estavam agora? - Pensei baixo.

Senti uma dor profunda que fez meu corpo se contorcer ao sentir, minhas costas fizeram um arco sob minhas pernas apenas por pensar neles feridos, eu precisava vê-los, eu precisava agora.

Se eu estava completamente dolorido, machucado e naquele sofrimento, o que seria de duas crianças indefesas e inocentes?

- Jaxon... - Murmurei baixo, sentindo novamente a dor em minhas amígdalas. - Jazzy...

- O quê disse?! - A mesma voz da senhora de antes se tornou mais alta enquanto ela vinha para perto de mim, para me escutar.

- Meus irmãos... Duas crianças. - Toci pela dor que falar trazia. - Onde estão? - Completei um tanto mais alto, não me importando para a angústia que eu sentia em meus músculos internos que pareciam se inflamar sempre que eu me esforçava.

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⏰ Última atualização: Jan 24, 2016 ⏰

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